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7 motivos pela qual maioria de plataformas FPSO operadas no Brasil vem sendo construídas em países asiáticos — E o que sobra para nossa indústria naval?

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 06/07/2025 às 21:54
Imagem comparativa mostrando de um lado um estaleiro asiático moderno com FPSO em construção, bandeiras da Coreia do Sul, China e Singapura, e do outro lado um estaleiro brasileiro degradado com vários FPSO enferrujados e a bandeira do Brasil rasgada.
Arte mostra a diferença entre o avanço dos estaleiros asiáticos na construção de FPSO e o cenário de decadência dos estaleiros no Brasil.
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Entenda os fatores econômicos, estruturais e políticos que fazem o Brasil perder espaço na construção de plataformas FPSO para países asiáticos.

A indústria naval brasileira é considerada estratégica por gerar milhares de empregos e impulsionar o crescimento econômico nacional. Porém, quando falamos especificamente das grandes plataformas offshore conhecidas como FPSO (Floating Production Storage and Offloading), que são fundamentais para a exploração do pré-sal, praticamente todas as unidades são construídas em estaleiros asiáticos. Mas afinal, por que isso acontece?

1- Custo significativamente menor na Ásia

Um dos principais motivos é o custo envolvido na construção dessas plataformas. Construir um FPSO na Ásia pode custar até 30% menos do que no Brasil. Em números concretos, enquanto na Ásia o custo médio de uma plataforma fica em torno de US$ 1,2 bilhão, no Brasil o valor pode ultrapassar os US$ 1,5 bilhão, segundo estimativas da consultoria Wood Mackenzie.

A razão para essa diferença está principalmente na mão de obra mais barata, menos encargos trabalhistas e maior eficiência produtiva nos estaleiros asiáticos.

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2- Prazo e especialização dos estaleiros asiáticos

Outro fator decisivo é o prazo. Estaleiros em países como a Coreia do Sul, China e Singapura são altamente especializados, entregando plataformas FPSO em prazos de 24 a 30 meses, enquanto no Brasil, projetos semelhantes frequentemente atrasam, podendo ultrapassar 36 meses.

Estaleiros como Samsung Heavy Industries, Hyundai Heavy Industries e Sembcorp Marine já entregaram dezenas de FPSOs para o mercado mundial, consolidando uma experiência difícil de competir.

3- Infraestrutura e capacidade produtiva

No Brasil, muitos estaleiros não têm infraestrutura adequada para a construção simultânea de várias FPSOs, enquanto na Ásia, grandes estaleiros conseguem tocar simultaneamente a construção de até três unidades.

Estima-se que apenas a Samsung Heavy Industries já tenha entregue mais de 30 FPSOs para o mercado global. Essa escala de produção permite maior eficiência e redução significativa de custos.

4- Ambiente de negócios e burocracia brasileira

Outro ponto crítico é o ambiente de negócios brasileiro. A burocracia, a insegurança jurídica e as constantes mudanças regulatórias tornam mais difícil e caro investir na construção naval no Brasil. Isso desestimula grandes operadoras, como a Petrobras, a investirem pesadamente em projetos locais.

5- Políticas de Conteúdo Local

Durante anos, o Brasil exigiu um alto índice de conteúdo local, chegando a até 70%. No entanto, atrasos frequentes, custos elevados e casos de corrupção fizeram com que o governo revisasse essa política. Em 2018, o índice caiu para cerca de 25%, facilitando o retorno das encomendas para os estaleiros asiáticos.

6- Impactos econômicos para o Brasil

A consequência direta dessa realidade é a redução expressiva de empregos no setor naval brasileiro. Em 2014, mais de 80 mil trabalhadores eram empregados diretamente no setor. Em 2023, esse número caiu para menos de 25 mil, segundo dados do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore).

7- Alternativas para fortalecer a indústria naval brasileira

Para reverter essa tendência, o Brasil precisaria de investimentos maciços em infraestrutura portuária, capacitação técnica e redução da burocracia. Incentivos fiscais e segurança jurídica poderiam atrair novos projetos e parcerias internacionais, fortalecendo o setor naval.

Além disso, o Brasil poderia focar em nichos específicos, como integração de módulos, manutenção, reparo e serviços altamente especializados, aproveitando áreas em que já possui vantagens competitivas.

Competir ou especializar-se?

Fica evidente que, embora a indústria naval brasileira seja estratégica, a construção integral das plataformas FPSO hoje é economicamente inviável no país, pelo menos nas atuais condições. O grande desafio é definir se o Brasil deve tentar competir diretamente com a Ásia ou especializar-se em etapas específicas da cadeia produtiva, garantindo emprego, tecnologia e receitas importantes para o país.

E você, acredita que o Brasil deveria tentar novamente fortalecer toda a cadeia produtiva ou especializar-se apenas em nichos específicos da construção naval?

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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