Com 124 torres, 22 mil apartamentos, 450 mil m² de área e um modelo de bairro de 15 minutos, o maior condomínio do Brasil prevê abrigar até 100 mil moradores na zona oeste de São Paulo, integrando moradia, serviços públicos, comércio e terminal de ônibus em um único tecido urbano.
São Paulo ergue o maior condomínio do Brasil em um ponto estratégico da Raposo Tavares, em área marcada por déficit de moradia bem localizada e carência de equipamentos públicos.
O empreendimento, chamado Reserva Raposo, foi desenhado para ser ocupado por etapas até 2030, com capacidade inicial estimada em 80 mil moradores e potencial para chegar a 100 mil, o que ultrapassa o porte populacional de mais de 6 mil cidades brasileiras. O plano rompe com a lógica do condomínio dormitório e passa a operar como bairro completo.
Escala inédita na zona oeste

O maior condomínio do Brasil nasce a partir de um perímetro contínuo de cerca de 450 mil m², fracionado em quadras conectadas por calçadas largas, ciclovias e frentes comerciais. A contagem urbana é objetiva: 124 torres, mais de 22 mil apartamentos e 35 mil m² destinados a comércio e serviços. Esse pacote inclui UBS, creches, escola, centro para idosos, biblioteca, quadras e áreas de lazer, o que viabiliza o funcionamento cotidiano com deslocamentos muito curtos.
-
Banco Central quer proibir juros rotativos no PIX parcelado e promete regras em novembro para frear o empilhamento de dívidas
-
1º trem-bala de 320 km/h do Brasil chegará para revolucionar — mas o preço da passagem Rio-SP já assusta
-
O método pouco conhecido que engenheiros estão usando para cortar até 40% dos custos em obras
-
TikTok desembarca no Brasil em plano audacioso R$ 10 bilhões para transformar estado brasileiro em novo ‘vale do silício’
A escolha do ponto não é aleatória. A Raposo Tavares concentra fluxo diário de quem entra e sai da capital e já possui infraestrutura instalada.
Inserir um conjunto habitacional desse porte em um eixo com transporte consolidado reduz custo de expansão de redes e encurta o trajeto entre moradia e emprego. É uma resposta urbana ao adensamento periférico que alongou viagens e elevou o custo da mobilidade diária em São Paulo.
Bairro de 15 minutos em escala de cidade
O desenho do empreendimento segue a lógica do bairro de 15 minutos, conceito que organiza a vida cotidiana a partir de serviços essenciais acessíveis a pé.
No caso do maior condomínio do Brasil, essa lógica foi ampliada para uma escala de cidade, já que o volume de moradores cria massa crítica para manter comércio local, equipamentos públicos e lazer funcionando o dia todo.
A mobilidade interna prioriza pedestre e bicicleta, com travessias niveladas e calçadas ampliadas.
A espinha dorsal do deslocamento é o transporte coletivo. O plano reserva área para um terminal de ônibus integrado à rede municipal e metropolitana, com linhas alimentadoras que conectam o conjunto ao metrô e a polos de emprego da zona oeste e do centro expandido.
Com isso, o automóvel deixa de ser padrão e passa a ser apoio. A matriz de deslocamento parte da caminhada e do ônibus, o que tende a reduzir picos de tráfego e a estabilizar tempos de viagem.
Mix habitacional e equipamentos públicos

O público atendido é diverso. Parte das unidades se articula com programas habitacionais do estado e do município, direcionados a famílias enquadradas em faixas de renda específicas. Outra parcela mira o mercado privado de apartamentos compactos, com custos de condomínio previsíveis e manutenção mais simples.
A combinação de perfis garante ocupação contínua e evita que o conjunto dependa de um único grupo socioeconômico.
Dentro do perímetro, os equipamentos públicos são distribuídos de forma a encurtar rotas. UBS, creche, escola, centro para idosos e biblioteca surgem como extensão da casa e aliviam a pressão sobre os próprios condomínios.
Praças, parques lineares e quadras abrem frente ativa para a rua e mantêm o térreo vivo ao longo do dia. O espaço público passa a dividir protagonismo com o lazer privado, mantendo as ruas ocupadas e seguras.
Engenharia com cadência industrial
Para erguer 124 torres em uma única operação urbana, o canteiro foi organizado em frentes simultâneas, com uso de formas trepantes, gruas de grande porte e centrais de concreto que alimentam ciclos repetíveis de pavimentação.
A obra funciona como linha de produção, o que permite lançar várias estruturas ao mesmo tempo sem perder padrão de qualidade.
A adoção de ferramentas de modelagem da construção, como o BIM, antecipa interferências entre estrutura e instalações e reduz retrabalho.
A logística interna opera com vias temporárias sinalizadas, janelas de recebimento de insumos pesados e baias de armazenamento próximas da área de içamento. O resultado é um fluxo mais previsível, algo essencial quando se pretende entregar milhares de unidades e, ao mesmo tempo, ativar comércio e serviços para quem já recebeu as chaves.
Referência internacional e comparação com conjuntos chineses
Em escala global, os casos de Hong Kong e da China continental costumam ser usados como referência para conjuntos residenciais de alta densidade. Lorras Park e Meifu Sun Chuen, por exemplo, alcançam faixas de 58 mil a quase 80 mil moradores em perímetros contínuos.
O maior condomínio do Brasil se aproxima desses parâmetros em número de unidades e população projetada, mesmo operando em outro regime urbano e sem metrô cravado no núcleo.
A diferença estrutural está na espinha dorsal da mobilidade. Enquanto boa parte dos conjuntos asiáticos se apoia em trem pesado e plataformas comerciais suspensas, o projeto paulista se ancora em um terminal de ônibus integrado e em 35 mil m² de comércio distribuído em frentes ativas.
Em termos de estoque residencial, porém, os 22 mil apartamentos colocam o empreendimento brasileiro no mesmo patamar de grandes conjuntos internacionais.
Impacto na mobilidade e no bolso das famílias
Ao encurtar deslocamentos diários para 5 a 12 minutos a pé para serviços básicos, o modelo reduz dependência de aplicativos e de integrações pagas no transporte público.
Em famílias que costumam gastar de 500 a 800 reais por mês com deslocamento, uma redução de 15 a 30% já representa alívio imediato e libera recursos para consumo no próprio bairro.
Em escala de 22 mil lares, essa economia volta para o comércio local e reforça o ciclo de vitalidade urbana.
A priorização da caminhada e da bicicleta, que podem responder por até 60% das viagens internas, combinada ao ônibus como modo estruturador, também retira milhares de viagens de automóvel das vias de entorno.
Isso melhora o desempenho do transporte coletivo para quem vem de fora e reduz conflitos no acesso à Raposo Tavares. O condomínio ganha, a cidade ganha e a operação de mobilidade fica mais previsível.
Gestão urbana e próximos passos

Em empreendimentos desse tamanho, o desafio sai da fase de obra e entra na fase de gestão. Manutenção de calçadas, drenagem, poda de vegetação, controle de carga e descarga e monitoramento de desempenho urbano passam a ser rotina.
O adensamento chegará ao patamar de uma cidade média e, nesse ponto, a governança do espaço público passa a ser tão importante quanto a entrega das torres.
A consolidação do eixo comercial de 35 mil m² e a entrada plena do terminal de ônibus são peças decisivas para fechar o ciclo do bairro de 15 minutos. Sem essas duas âncoras, o risco é forçar os moradores a voltar a se deslocar longas distâncias e esvaziar o conceito original.
Com elas, o maior condomínio do Brasil passa a operar como bairro completo e não apenas como conjunto de prédios.
O maior condomínio do Brasil sintetiza várias discussões urbanas de São Paulo em um único perímetro: adensar perto de infraestrutura existente, aproximar moradia de serviço público, reduzir custo de mobilidade e criar ruas ativas que funcionem o dia todo.
É um experimento em escala de cidade dentro da própria cidade e vai exigir acompanhamento constante de operação, segurança e manutenção para que o modelo não se desgaste com o tempo.
Agora quero saber de você: esse tipo de mega empreendimento é uma solução sustentável para o déficit de moradia ou concentra demais a cidade em um único ponto estratégico? Comente.



Seja o primeiro a reagir!