Dependência externa expõe vulnerabilidade do Brasil; especialistas alertam para alta nos custos, queda na produção agrícola e necessidade urgente de alternativas sustentáveis
O agronegócio brasileiro pode enfrentar um baque de grandes proporções caso avancem as chamadas sanções secundárias contra a Rússia. Essa é a avaliação de dois especialistas, que enxergam no horizonte um risco direto para a produção no campo e para o bolso de quem planta.
Especialistas indicam que, se os Estados Unidos aplicarem tarifas extras a países que mantêm comércio com a Rússia, o Brasil será um dos mais prejudicados. Isso porque a agricultura nacional é altamente dependente dos fertilizantes importados vindos de lá, o que pode atingir o coração do agronegócio.
O peso da dependência do Brasil
Hoje, boa parte dos fertilizantes usados nas lavouras brasileiras vem de fora, especialmente da Rússia e da Bielorrússia.
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É desse insumo que dependem culturas essenciais como soja, milho e trigo, que sustentam não só o consumo interno, mas também as exportações que mantêm o país entre os maiores produtores do mundo.
Os fertilizantes chegam a representar uma fatia considerável do custo de produção. Se houver barreiras comerciais, os preços podem disparar, reduzindo o uso no campo e comprometendo a produtividade agrícola.
Em outras palavras, sem adubo, não há colheita farta e a competitividade brasileira fica ameaçada.
Um futuro de incertezas ou de mudanças?
A preocupação não se resume ao curto prazo. A crise dos fertilizantes expõe a falta de planejamento estratégico do Brasil em temas de segurança alimentar, energética e até de soberania militar.
Três caminhos são possíveis: buscar fornecedores em outros países, incentivar a produção nacional de fertilizantes e apostar em práticas agrícolas mais sustentáveis, como o uso de bioinsumos.
Essas saídas, no entanto, exigem tempo, investimento e decisão política. Até lá, o produtor brasileiro segue refém de um cenário internacional cada vez mais tenso, em que decisões tomadas fora do país podem definir o preço e a quantidade do que chega à mesa da população. E, diante dessa realidade, a palavra que mais se repete entre especialistas é urgência: ou o Brasil diversifica suas fontes de abastecimento e fortalece sua própria indústria, ou corre o risco de ver sua produção encolher.