Tradicional empresa de sorvetes encerra operações, marcando uma transição no mercado de sorvetes e a ascensão dos gelatos.
A falência da rede Rite Aid em outubro de 2024, que resultou no fechamento de cerca de 500 farmácias, desencadeou uma crise para a Thrifty Ice Cream, justamente porque aproximadamente 70% dos seus pontos de venda eram instalados dentro dessas unidades.
Essa interdependência histórica com as farmácias comprometeu drasticamente sua presença física e impacto no varejo de sorvetes nos EUA.
Fundada na Califórnia em 1940, a Thrifty se consolidou como referência por dois elementos: o icônico cone quadrado e os sabores exclusivos, como Pistachio Nut e Rainbow Sherbet, combinações que vão além do trivial baunilha‑chocolate.
-
Nova lista de profissões insalubres garantem aposentadoria a partir de 55 anos e beneficia trabalhadores com apenas 15 anos de contribuição
-
Homem esperou 17 anos para abrir garrafa de uísque antiga — o que aconteceu trouxe um aprendizado inesperado
-
Paia no litoral acorda com ‘mar seco’ e fenômeno inusitado preocupa moradores: entenda o que pode causar o recuo intenso da maré
-
Em meio ao “tarifaço”, China mira o Brasil com investimento bilionário visando carros elétricos, mineração e logística
Mais do que produtos, os balcões dentro das farmácias representavam um ritual familiar, criando laços afetivos entre gerações de consumidores.
Com o encerramento de centenas de unidades da Rite Aid, muitos desses balcões desapareceram, fragilizando a presença da marca.
A Thrifty passou então a depender de supermercados e outros varejistas de autoatendimento, canais que oferecem alcance, mas não reproduzem o vínculo emocional do atendimento no balcão.
No leilão de ativos realizado durante o processo de falência, a Rite Aid incluiu a marca, a fábrica e a linha de produção da Thrifty Ice Cream.
O futuro pode seguir três trajetórias distintas:
- Aquisição por grupos dispostos a manter a tradicional linha de produtos.
- Conversão da fábrica para produção de outros itens alimentícios.
- Descontinuação completa da marca, se não houver interessados.
Cada cenário impactará fornecedores, colaboradores diretos e indiretos e, em especial, consumidores que perderam o costume afetivo de comprar no balcão.
Para o setor, a eventual saída da Thrifty dos pontos de venda marca o fim de uma era, mas também abre espaço para inovação.
A ascensão do gelato no Brasil
Enquanto uma marca clássica enfrenta desafios nos EUA, no Brasil o mercado de gelato, sobremesa inspirada no modelo italiano, segue em ascensão.
Dados da Abrasorvete apontam um consumo nacional de 438 milhões de litros em 2023, equivalente a um crescimento de 22,4% em relação a 2022, movimentando mais de R$ 13 bilhões e com projeção de ultrapassar R$ 18 bilhões em 2025.
Esses índices refletem uma mudança de comportamento do consumidor, que busca cada vez mais qualidade, novidades e experiências diferenciadas.
No Brasil, o gelato tem se destacado por sua textura cremosa, menor teor de ar, variedade de sabores sofisticados e uso de ingredientes regionais.
Produtos saudáveis, com menos açúcar e versões com proteínas, atendem à demanda por indulgência equilibrada com bem-estar.
Casos locais como o da Sorvetes Frosty, líder de mercado no Nordeste, reforçam a tendência.
Com mais de 200 itens no portfólio, expansão de fábricas e foco em saudabilidade, a marca se reinventou e está entre as cinco mais vendidas no autosserviço nacional.
O mercado global de sorvetes ainda cresce cerca de 4,1% ao ano até o fim de 2025, mas é no segmento premium e artesanal, onde o gelato se insere, que reside a maior disputa.
Transformação global dos sorvetes tradicionais
A disparidade dos cenários evidencia duas tendências interligadas.
Nos EUA, a queda da Thrifty pode ensinar que tradição, por si só, não garante sustentabilidade no varejo moderno.
No Brasil, a valorização do gelato artesanal demonstra que inovação, identidade local e saudabilidade são vetores de crescimento.
A ascensão do gelato no Brasil se dá em um contexto favorável.
Clima tropical, feiras especializadas como SIGEP e Fispal Sorvetes, além de um consumidor mais exigente e conectado, impulsionam o segmento.
Essa transição aponta para um mercado global de sobremesas geladas em reconfiguração.
Formas tradicionais convivem com modelos premium e artesanais, exigindo que marcas históricas se adaptem sem perder essência.