Governo prepara projeto ferroviário com seis ligações regionais entre cidades brasileiras, reaproveitando trilhos ociosos, priorizando integração com outros modais e prometendo transformar a mobilidade de passageiros a partir do Novo PAC.
O governo federal colocou em marcha a retomada do transporte ferroviário regional de passageiros com um pacote de seis ligações entre cidades em diferentes regiões do país.
Inseridos no Novo PAC e em fase de estudo pelo Ministério dos Transportes, os corredores previstos são Brasília–Luziânia, Londrina–Maringá, Pelotas–Rio Grande, Salvador–Feira de Santana, Fortaleza–Sobral e São Luís–Itapecuru Mirim.
A diretriz é aproveitar trechos existentes, integrar com sistemas urbanos e oferecer alternativa ao modal rodoviário nas áreas metropolitanas.
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Novos corredores ferroviários em estudo
De acordo com a pasta, os estudos consideram demanda diária de deslocamentos, disponibilidade de trilhos subutilizados e viabilidade de inserção nos arranjos de mobilidade regional.
A estatal Infra S.A. conduz as análises e a validação técnica.
Ainda não há definição de traçados finais, tempos de viagem, paradas e tarifas, itens que serão fechados ao término dos estudos.
Em três macrorregiões, os traçados conectarão polos econômicos a cidades vizinhas com fluxo intenso de passageiros.
No Centro-Oeste, Brasília se liga a Luziânia.
No Nordeste, Salvador a Feira de Santana, Fortaleza a Sobral e São Luís a Itapecuru Mirim.
No Sul/Sudeste, as conexões planejadas são Londrina–Maringá e Pelotas–Rio Grande.
Parcerias público-privadas como modelo
O modelo de negócio mira parcerias público-privadas (PPPs) com participação pública relevante para reduzir riscos e atrair investimento privado.
Reportagens de junho indicam apresentação da carteira em outubro de 2025, quando devem vir a público as diretrizes de financiamento e contratação.
O cronograma oficial de operação, porém, ainda não está definido pelo governo.
Workshop em Brasília destacou inspiração do Trem Intercidades
Em 28 de maio de 2025, o Ministério dos Transportes realizou, em Brasília, o Workshop de Transporte Ferroviário de Passageiros, em parceria com a ANPTrilhos.
Na ocasião, o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, afirmou que o Trem Intercidades SP–Campinas é referência de modelagem para os novos projetos.
Ele citou a necessidade de desenho com participação pública para garantir viabilidade e atratividade.
Segundo Ribeiro, “a ideia é aplicar modelos com participação pública significativa, garantindo viabilidade e atratividade para os investidores”.
Reaproveitamento de trilhos e investimento inicial
A estratégia central é reutilizar a malha existente, hoje dedicada majoritariamente à carga, reduzindo custos e prazos de implantação.
Nesse contexto, atos recentes ligados à Malha Paulista — concessão operada pela Rumo — preveem R$ 600 milhões na própria malha e R$ 670 milhões destinados ao Plano Nacional de Ferrovias.
A política busca realocar recursos de concessões de carga para projetos de interesse público.
Publicações do setor mencionam ainda uma realocação inicial de cerca de R$ 600 milhões para a fase inaugural das iniciativas de passageiros.
Investimentos do Novo PAC no setor ferroviário
No plano agregado, o Novo PAC reserva R$ 94,2 bilhões até 2026 para projetos ferroviários.
O foco é expandir, modernizar e retomar empreendimentos estratégicos, posicionando os trilhos como eixo de mobilidade e logística.
Transporte ferroviário atual no Brasil
Hoje, o Brasil mantém duas linhas regulares de passageiros de longa distância, ambas operadas pela Vale.
São a Vitória–Minas (Cariacica–Belo Horizonte) e a Carajás (São Luís–Parauapebas).
Os serviços seguem ativos, com operação diária e tarifas acessíveis.
No entanto, atendem recortes específicos do território e ficam distantes de parte dos grandes centros urbanos.
Integração com ônibus, metrôs e VLTs
A política para passageiros mira integração intermodal.
A proposta é articular as novas ligações regionais com redes de ônibus municipais e metropolitanos, metrôs e VLTs.
A ideia é criar corredores de acesso eficiente a trabalho, educação, saúde e serviços públicos.
Os debates oficiais enfatizam o alinhamento entre União, estados e prefeituras como condição para que a oferta ferroviária ganhe escala.
Próximos passos para implantação
A etapa atual envolve estudos de demanda, engenharia e modelagem econômico-financeira.
Também estão previstas consultas públicas para colher contribuições de usuários e operadores.
Definições sobre material rodante, obras de reabilitação de trilhos e padrões de operação serão consolidadas na documentação das PPPs.
Até lá, permanecem em aberto os prazos de início dos serviços e a política tarifária, que precisam equilibrar acessibilidade e sustentabilidade financeira.
Com trilhos sendo reativados em eixos regionais e foco na integração urbana, a volta do trem de passageiros pode alterar rotinas e encurtar distâncias no dia a dia. Na prática, qual dessas ligações teria maior impacto na sua região?