Estudo do governo pode viabilizar seis novas linhas de trem de passageiros, conectando regiões metropolitanas a cidades do interior em diferentes estados brasileiros. Projeto aposta em malha ferroviária já existente e busca transformar o transporte nacional.
O Brasil pode experimentar uma transformação no transporte de passageiros com a possível criação de seis novas linhas de trem que prometem conectar capitais e cidades do interior em três grandes regiões do país.
O Ministério dos Transportes anunciou que os projetos estão atualmente em fase de estudo, conduzidos pela estatal Infra S.A., responsável por planejar e avaliar iniciativas de infraestrutura ferroviária.
Segundo informações reveladas neste domingo (29) pelo portal UOL, os estudos de viabilidade técnica e econômica vão determinar se, de fato, as novas rotas sairão do papel.
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Trens intercidades podem ligar capitais e interior
As cidades que podem ser beneficiadas por esses projetos de trens intercidades incluem trajetos estratégicos como Brasília (Distrito Federal) a Luziânia (Goiás), Londrina a Maringá (Paraná), Pelotas a Rio Grande (Rio Grande do Sul), Feira de Santana a Salvador (Bahia), Fortaleza a Sobral (Ceará), além de São Luís a Itapecuru Mirim (Maranhão).
Caso aprovadas, essas linhas ferroviárias prometem facilitar a mobilidade de milhares de pessoas, diminuindo a dependência do transporte rodoviário tradicional e contribuindo para a integração de regiões metropolitanas ao interior.
Aproveitamento da malha ferroviária e investimentos
O objetivo do Ministério dos Transportes, segundo nota oficial, é aproveitar a malha ferroviária já existente no país, tornando o investimento mais eficiente e sustentável.
Entretanto, a definição exata dos trechos que serão utilizados depende diretamente da conclusão dos estudos de viabilidade em andamento.
“Ainda não há definição exata sobre quais trechos dessas ferrovias serão utilizados, pois essa decisão dependerá da conclusão dos estudos de viabilidade”, esclareceu a pasta em resposta a questionamento.
A estatal Infra S.A., que possui atuação voltada para o desenvolvimento e análise de projetos de infraestrutura de transportes, é a responsável por contratar, acompanhar e aprovar todos os estudos necessários para o avanço da proposta.
Entre os pontos que ainda dependem de definição estão o preço das passagens, o tempo de viagem, o número de paradas, a velocidade média, a capacidade de passageiros e os serviços que serão ofertados a bordo dos trens.
Preço das passagens e viabilidade para a população
De acordo com o Ministério dos Transportes, “um dos pontos essenciais desses estudos é a definição de um preço viável para a população atendida”.
Ou seja, o valor da passagem deverá ser competitivo frente ao transporte rodoviário, para garantir que os trens intercidades realmente se tornem uma alternativa atrativa para o deslocamento entre as regiões contempladas.
Ainda não há estimativa oficial para o início das operações, nem informações detalhadas sobre o modelo de gestão, que poderá incluir parcerias público-privadas (PPP), mas até o momento, a pasta não confirmou detalhes sobre esse aspecto.
Recursos do Novo PAC e ampliação da mobilidade com o trem
Os investimentos previstos para os projetos de trens intercidades utilizarão recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), iniciativa do governo federal voltada à modernização da infraestrutura nacional.
Segundo o Ministério dos Transportes, os projetos já estão incluídos no Novo PAC, embora os detalhes operacionais e prazos ainda não tenham sido divulgados de forma específica.
Situação atual das linhas ferroviárias de passageiros
O cenário atual do transporte ferroviário de passageiros de longa distância no Brasil é restrito.
Atualmente, existem apenas duas linhas regulares em funcionamento:
- Cariacica, no Espírito Santo, a Belo Horizonte, em Minas Gerais, com 905 quilômetros de extensão
- São Luís, no Maranhão, a Parauapebas, no Pará, com 892 quilômetros
Ambas são operadas pela empresa Vale S.A., gigante do setor de mineração e logística.
Essas duas rotas se destacam pelo custo acessível das passagens.
Na linha Espírito Santo-Minas Gerais, a passagem em classe econômica custa R$ 81 para o percurso completo.
Já na rota do Maranhão ao Pará, o preço é de R$ 90 para toda a extensão.
Os valores se mostram mais competitivos em comparação com passagens de ônibus ou viagens aéreas, especialmente em trechos de longa distância.
Desafios e potencial dos trens intercidades
A possível expansão dos trens intercidades é vista por especialistas do setor como uma alternativa para diversificar a matriz de transportes e incentivar uma mobilidade mais sustentável e eficiente.
Em países desenvolvidos, as linhas de trem de passageiros representam uma parcela significativa dos deslocamentos regionais e interestaduais, sendo consideradas opções modernas, seguras e com menor impacto ambiental em comparação com o transporte rodoviário.
Além disso, o uso da malha ferroviária já existente pode representar uma solução para desafogar o trânsito nas principais rodovias brasileiras, que frequentemente enfrentam congestionamentos e acidentes.
O transporte ferroviário, por sua vez, tem potencial para oferecer viagens mais rápidas, seguras e confortáveis, especialmente se contar com serviços de bordo e infraestrutura adequada.
No entanto, para que os trens intercidades se tornem uma realidade, será fundamental superar desafios históricos do setor ferroviário brasileiro, como a necessidade de investimentos em modernização, a compatibilização dos sistemas existentes e o incentivo à cultura do transporte sobre trilhos, pouco difundida no Brasil em comparação com países europeus e asiáticos.
O próprio Ministério dos Transportes reconhece que, apesar do potencial, as etapas seguintes do projeto dependem da aprovação dos estudos de viabilidade, que devem avaliar não apenas a viabilidade técnica, mas também a econômica e social das novas linhas.
Futuro do transporte ferroviário de passageiros no Brasil
Por fim, a implantação dos trens intercidades pode marcar o início de uma nova era na mobilidade brasileira, ligando capitais e cidades do interior de forma rápida, eficiente e sustentável.
Resta saber se os estudos em andamento conseguirão transformar as expectativas em projetos concretos e viáveis para a população.
Você acredita que a expansão das linhas de trem de passageiros pode realmente revolucionar a mobilidade urbana e regional no Brasil?