Decisão visa reduzir peso e custos para as montadoras, mas gera debate sobre segurança e praticidade para os motoristas nas estradas brasileiras.
Uma mudança silenciosa está acontecendo no porta-malas dos carros novos: o tradicional pneu sobressalente, o estepe, está desaparecendo. Em seu lugar, as montadoras estão colocando soluções como kits de reparo temporário e pneus com tecnologia run-flat. A tendência, vista em modelos 2025 como o Volvo XC40, é impulsionada pela busca por mais eficiência e otimização de espaço.
Contudo, essa estratégia, amparada pela legislação brasileira, gera uma intensa polêmica. Para muitos motoristas, trocar uma solução mecânica e confiável como o estepe por tecnologias limitadas não faz sentido na realidade das estradas do Brasil. A mudança levanta um debate sobre segurança, praticidade e os custos que são transferidos para o consumidor.
A estratégia das montadoras: A busca por menos peso, mais eficiência e redução de custos
A decisão de remover o estepe é uma estratégia global da indústria, baseada em três pilares principais. O primeiro é a redução de peso. Um conjunto de estepe completo pode pesar entre 15 e 25 kg. Para as montadoras, cada quilo economizado conta, pois um carro mais leve consome menos combustível e emite menos poluentes.
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Em carros elétricos, como o Volvo XC40, a questão do peso é ainda mais crítica. Menos peso significa mais autonomia de bateria, um dos principais fatores na decisão de compra. O segundo pilar é a economia de custos. Eliminar um pneu, uma roda e um kit de ferramentas de milhões de carros produzidos anualmente representa uma economia massiva para as montadoras.
Por fim, há a otimização de espaço. O local antes ocupado pelo estepe pode ser usado para aumentar o porta-malas, um argumento de venda importante, ou para acomodar baterias e componentes eletrônicos em veículos elétricos e híbridos.
Como funcionam o kit de reparo e os pneus run-flat, e suas limitações
Duas tecnologias principais surgiram para substituir o estepe pelas montadoras, mas ambas têm limitações severas.
Kit de reparo (selante e compressor): esta é a solução mais comum e barata. O motorista injeta um líquido selante no pneu furado com um pequeno compressor. O problema é que o kit só funciona para furos pequenos na banda de rodagem. Ele é inútil em caso de rasgos, cortes na lateral ou bolhas, danos muito comuns em buracos nas estradas brasileiras. Além disso, o selante pode danificar sensores de pressão e tem prazo de validade.
Pneus run-flat: estes pneus possuem paredes laterais reforçadas que permitem ao carro rodar por uma distância limitada (geralmente 80 km) mesmo sem ar. A principal vantagem é a segurança, pois evita a troca de pneu em locais perigosos. As desvantagens são o custo elevado, o conforto de rodagem inferior (são mais duros) e a reparabilidade limitada. A maioria dos fabricantes não recomenda o conserto, forçando a compra de um pneu novo.
O que a lei diz sobre isso: a Resolução 913/2022 do CONTRAN que permite a mudança
A remoção do estepe é permitida no Brasil. A Resolução nº 913 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), de 2022, autoriza que os veículos sejam vendidos sem o pneu sobressalente, desde que equipados com uma das soluções alternativas, como o kit de reparo ou os pneus run-flat. A legislação dá às montadoras a segurança jurídica para aplicar essa mudança, mas também exige que o consumidor seja informado sobre as limitações do sistema no ato da compra.
A polêmica no Brasil: Por que uma solução europeia gera insegurança nas estradas brasileiras
A grande controvérsia é que essa tendência global ignora o “Custo Brasil”. As soluções alternativas foram projetadas para mercados com estradas de boa qualidade e serviços de assistência rápidos. No Brasil, a realidade é outra.
O principal medo do consumidor é ter um pneu rasgado por um buraco em uma estrada remota, à noite e sem sinal de celular. Nesses casos, o kit de reparo não funciona, e o motorista fica completamente dependente de um guincho, trocando um inconveniente de 30 minutos por horas de espera em uma situação de risco. A remoção do estepe transfere a autossuficiência do motorista para uma dependência de terceiros, gerando uma forte sensação de insegurança.
O caso do Volvo XC40 e o surgimento de um comércio paralelo de estepes
A reação do consumidor a essa tendência é clara. O Volvo XC40, um SUV premium, é vendido sem estepe, oferecendo apenas o kit de reparo. A consequência foi o surgimento de um mercado paralelo: proprietários que não se sentem seguros com a solução da montadora compram estepes temporários e kits de ferramentas por conta própria, gastando mais de R$ 1.500 para ter a “paz de espírito” que o estepe proporciona.
Curiosamente, o Renault Kwid E-Tech, um dos elétricos mais acessíveis, vem com estepe de fábrica. A decisão da Renault pode ser vista como uma estratégia para atender a um consumidor que valoriza a simplicidade e a autossuficiência, mostrando que algumas montadoras ainda consideram a realidade local em seus projetos. Para o motorista brasileiro, a presença de um estepe físico, mais do que um acessório, tornou-se um item de segurança essencial.
Os fabricantes pensaram primeiro em si, pois deduziram que o usuário é um androide ! Brasil não é para amadores !
Vai gerar um custo maior para consumidor , se comprar um estrepe e colocar no carro vai gerar uma multa , porque o carro não e equipado com estrepe de fábrica.
Só vai gerar muita dor cabeça para o dono do carro .
Que e o consumidor final.
É simples É só não comprar esse tipo É veiculo, pode ter certeza que em menos de um mês o estepe volta.