Após sofrer sucessivos ataques com drones ucranianos, a Rússia iniciou a construção de abrigos reforçados para proteger suas aeronaves em bases aéreas próximas à fronteira. A medida reflete uma mudança estratégica e indica que o Kremlin se prepara para um conflito prolongado.
O Ministério da Defesa do Reino Unido divulgou, em 29 de julho de 2025, uma atualização não confidencial revelando que a Rússia iniciou a construção de abrigos reforçados para aeronaves em suas bases aéreas.
A medida surge como resposta direta ao aumento da eficácia dos ataques com drones unidirecionais lançados pela Ucrânia contra infraestrutura militar russa.
O mais importante é que essa iniciativa representa uma mudança estratégica por parte da Rússia.
-
Existe um tesouro de US$ 20 milhões por quilo escondido na Lua — e estamos prontos para extraí-lo
-
O “Ozempic brasileiro” chega às farmácias com um preço mais acessível. Veja mais sobre
-
Novo relógio atômico é tão exato que pode mudar a forma como o mundo conta o tempo
-
Carregar o celular na cama pode custar caro: risco de incêndio aumenta com lençóis, cobertores e colchões inflamáveis
Até então, as bases aéreas seguiam com estruturas convencionais, mas os recentes ataques forçaram o Kremlin a adotar medidas defensivas mais robustas.
Bases próximas à Ucrânia recebem prioridade
Os trabalhos de construção concentram-se principalmente em aeródromos localizados perto da fronteira ucraniana. Entre eles estão Millerovo, Kursk Vostochny e Hvardiiske. Imagens de satélite e fontes de inteligência aberta confirmam o avanço das obras nesses locais.
Na Base Aérea de Millerovo, situada a apenas 17 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, oito abrigos drive-through foram erguidos e estão quase prontos. Essa base já havia sido alvo de ataque em 22 de julho, o que pode ter acelerado os esforços de reforço.
Além disso, os abrigos construídos contam com domos em forma de arco, portas espessas e resistência a explosões. Eles também possuem cobertura de terra, o que aumenta a proteção contra drones e mísseis.
Proteção para caças e munições de longo alcance
Os novos abrigos servem principalmente para proteger ativos valiosos das Forças Aeroespaciais Russas. Entre os equipamentos citados estão caças-bombardeiros Su-30SM e Su-34, que operaram na região.
Portanto, os abrigos podem funcionar tanto como áreas de armazenamento desses aviões quanto como locais para preparar munições de longo alcance. Isso indicaria uma tentativa russa de manter suas operações ofensivas, mesmo diante das novas ameaças.
Resposta direta à campanha ucraniana “Pavutyna”
A construção dos abrigos está diretamente relacionada ao impacto crescente dos drones ucranianos. Esses ataques, realizados dentro da campanha conhecida como “Pavutyna” (ou “Teia de Aranha”), conseguiram atingir alvos militares sensíveis com precisão e baixo custo.
Diante disso, a Rússia parece ter optado por uma postura mais defensiva. Embora isso reduza sua flexibilidade operacional, também permite preservar recursos valiosos e garantir continuidade mínima das operações aéreas.
Limites da proteção física
Apesar do reforço, esses abrigos não garantem invulnerabilidade. Armas ocidentais avançadas, como a GLSDB (Bomba de Pequeno Diâmetro Lançada do Solo), os mísseis de cruzeiro Storm Shadow e os ucranianos Neptune e Hrim-2, ainda podem representar ameaça real.
Para que a destruição desses abrigos aconteça, seria necessário ataque direto com munições pesadas guiadas ou uma ação de saturação coordenada. Portanto, a eficácia do reforço dependerá da qualidade da defesa aérea local e da precisão da inteligência ucraniana.
Alerta dentro do Kremlin
Mais do que uma resposta tática, a construção dos abrigos revela preocupação crescente entre os líderes russos. Recentemente, bombardeiros estratégicos foram transferidos para locais mais distantes, como Anadyr, perto da fronteira com os EUA. A decisão de cancelar o desfile do Dia da Marinha Russa também aponta para um clima de insegurança.
Essas ações mostram que o comando militar russo reconhece a vulnerabilidade de suas instalações e busca formas de se adaptar a uma nova realidade no campo de batalha.
Nova fase da guerra aérea
A guerra entrou em um estágio marcado por ameaças assimétricas. Os drones, com seu baixo custo e alta mobilidade, transformaram-se em peças-chave no conflito. A Rússia, mesmo sendo uma potência nuclear, foi forçada a rever sua estratégia e investir em defesa fixa.
Essa mudança indica que Moscou não espera uma solução rápida para a guerra. Ao contrário, está se preparando para um cenário prolongado, em que ataques a longa distância continuarão sendo parte do cotidiano militar.
Infraestrutura como elemento de sobrevivência
A decisão de reforçar bases aéreas sugere que o comando russo enxerga esses locais como pontos críticos de sobrevivência. As zonas de retaguarda, antes consideradas seguras, agora estão sob risco constante.
Por isso, o esforço de construção não se trata de uma medida temporária. Ele mostra que a Rússia está adaptando sua doutrina de guerra para enfrentar uma realidade onde a segurança depende da resistência física e da integração com sistemas de defesa aérea mais amplos.
Conclusão: nova doutrina em construção
Em vez de confiar apenas em mobilidade e poder de fogo, Moscou passa a depender da resiliência de sua infraestrutura. O programa de abrigos não representa invencibilidade, mas uma resposta concreta a uma ameaça que veio para ficar.
O avanço dos drones ucranianos forçou uma superpotência a voltar sua atenção para proteção básica. Isso marca um novo capítulo na guerra e reescreve, na prática, as estratégias de sobrevivência aérea em tempos de conflito moderno.