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Rússia e China desafiam ameaça de tarifa de Trump e anunciam construção de gasoduto com capacidade 50 bilhões de metros cúbicos por ano

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 02/09/2025 às 10:53
Rússia e China desafiam ameaça de tarifa de Trump e anunciam construção de gasoduto com capacidade 50 bilhões de metros cúbicos por ano
Foto: Reproduçao
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Rússia e China firmam memorando para o gasoduto Power of Siberia 2, que prevê fornecimento de 50 bilhões de metros cúbicos anuais por três décadas.

Rússia e China assinaram um acordo para a construção do gasoduto Power of Siberia 2. O anúncio foi feito após encontro entre Vladimir Putin e Xi Jinping em Pequim. O memorando de entendimento foi confirmado por Alexei Miller, presidente da estatal russa Gazprom.

Segundo Miller, o novo gasoduto transportará gás da Sibéria Ocidental para o norte da China, passando pela Mongólia Oriental.

A capacidade prevista é de 50 bilhões de metros cúbicos por ano. O fornecimento será garantido por 30 anos, em um movimento que reforça a aproximação entre os dois países.

Detalhes do fornecimento

O preço do gás ainda não foi definido, mas será acordado em negociações posteriores. Além do Power of Siberia 2, Rússia e China assinaram um acordo separado para ampliar os volumes de gás transportados pelo gasoduto Power of Siberia já em operação.

Miller destacou que o projeto tem importância estratégica para a Gazprom. Porém, Pequim ainda não confirmou oficialmente o anúncio.

A agência estatal Xinhua apenas informou que foram assinados mais de 20 acordos, incluindo os de energia.

Impacto do isolamento ocidental

O Ocidente reduziu de forma drástica sua dependência da energia russa desde a invasão da Ucrânia em 2022.

A União Europeia estabeleceu metas para encerrar a importação de gás e petróleo russos até 2027. Os Estados Unidos proibiram combustíveis fósseis russos já em março de 2022.

Esse cenário acelerou a busca de Moscou por alternativas de mercado. Portanto, a parceria com a China surge como resposta às sanções que cortaram uma importante fonte de receita para o Kremlin. O gasoduto Power of Siberia 2 faz parte desse esforço.

Nova ordem multipolar

Especialistas interpretam o acordo como um passo político relevante. A assinatura não deve ser vista como irrelevante, mesmo que ainda existam obstáculos.

A Gazprom aguardava havia mais de uma década uma resposta chinesa definitiva.

Agora, o memorando representa avanço. Para Granville, o gesto também simboliza o apoio estratégico da China à Rússia em meio à guerra na Ucrânia.

Ele lembrou, contudo, que existe uma distância entre o memorando e a decisão final de investimento.

O caso do primeiro Power of Siberia serve de exemplo: o entendimento inicial ocorreu nos anos 2000, mas só em 2014 houve acordo sobre preços.

Contexto da cúpula da OCX

A assinatura do memorando ocorreu paralelamente à cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX). Rússia e China utilizaram o encontro para defender uma nova ordem econômica e de segurança global.

Xi Jinping afirmou que o mundo vive uma “nova fase de turbulência” e que a governança global chegou a uma “nova encruzilhada”. O discurso foi interpretado como uma crítica ao governo dos Estados Unidos.

A postura chinesa

Pequim buscou conduzir as negociações de forma cuidadosa. Antes, a China evitava compromissos que pudessem gerar atritos com Washington.

No entanto, a perda de mais de 120 bilhões de metros cúbicos em exportações para a Europa aumentou a urgência russa. Isso teria dado à China maior margem para negociar preços e condições favoráveis.

Xi Jinping adotou uma posição mais firme frente aos EUA. Segundo ele, a percepção é de que somente com essa postura os americanos recuam.

Ele mencionou ainda o termo “TACO”, abreviação de “Trump Always Chickens Out”, para ilustrar a visão de que o ex-presidente americano vacilava em decisões tarifárias.

Frente unida contra os EUA

A Organização de Cooperação de Xangai busca se apresentar como um bloco unido diante da pressão americana. Para ele, a mensagem central é que o Sul Global não pretende ceder facilmente.

Nesse sentido, o gasoduto Power of Siberia 2 se insere em uma estratégia mais ampla.

Não se trata apenas de energia, mas de fortalecer alianças políticas e econômicas contra as sanções e restrições ocidentais.

Um caminho ainda longo

Apesar do anúncio, os desafios permanecem. Um memorando de entendimento não garante a execução imediata do projeto.

Negociações sobre preços, prazos e financiamento ainda precisam avançar.

Mesmo assim, o sinal político é claro. Rússia e China decidiram aprofundar a cooperação energética em um momento de tensões globais.

O projeto, se concretizado, poderá remodelar o fluxo de gás no continente e marcar uma nova fase da parceria entre os dois países.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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