Pesquisadores australianos testaram quatro materiais de roupas de mergulho e constataram que todos reduziram significativamente os danos de mordidas de tubarões-brancos e tigres, oferecendo proteção inédita para surfistas e mergulhadores.
Um estudo australiano trouxe novas evidências sobre a eficácia de materiais de roupas de mergulho capazes de reduzir a gravidade dos ferimentos causados por mordidas de tubarão.
A pesquisa, conduzida pela Universidade Flinders, testou quatro tipos de tecidos desenvolvidos para oferecer proteção contra ataques de espécies como o tubarão-branco e o tubarão-tigre, responsáveis por parte das ocorrências fatais registradas em águas costeiras.
A ameaça crescente dos tubarões
O crescimento das populações humanas próximas ao litoral e a popularização das atividades recreativas marinhas aumentaram a frequência de encontros entre pessoas e tubarões. Embora incidentes continuem raros, eles geram enorme impacto nas comunidades locais, principalmente quando envolvem surfistas e mergulhadores.
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De acordo com o Banco de Dados Australiano de Incidentes com Tubarões, o país registra, em média, 20 feridos e quase três mortes por ano. A recente morte do surfista Mercury Psillakis, atacado perto da praia Dee Why, em Sydney, evidencia o risco permanente.
Os dentes serrilhados e afiados dos tubarões são projetados para dilacerar rapidamente carne e ossos. Isso explica porque, em humanos, os ataques resultam frequentemente em hemorragias graves, perda de tecidos ou até amputações.
Até hoje, a proteção individual mais conhecida era a cota de malha, mas seu peso e rigidez limitavam a prática de esportes aquáticos como o surfe.
Testes com materiais de nova geração
Para mudar esse cenário, os pesquisadores analisaram quatro materiais: Aqua Armour, Shark Stop, ActionTX-S e o tecido Brewster. Todos foram confeccionados em polietileno de ultra-alto peso molecular, uma fibra extremamente resistente e, ao mesmo tempo, leve — já usada em cordas de vela.
Segundo o Dr. Tom Clarke, da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade Flinders, todos os materiais testados mostraram redução significativa nos danos que seriam normalmente associados a perda de membros ou hemorragias fatais.
O especialista destacou que, embora houvesse pequenas variações nos resultados, o desempenho foi positivo em todos os casos.
Os testes ocorreram em condições reais, utilizando tubarões-brancos no Golfo Spencer, no sul da Austrália, e tubarões-tigre na Ilha Norfolk, em Queensland. Para simular a carne humana, os cientistas criaram um “pacote de mordida” com espuma revestida. No total, foram analisadas 84 mordidas de tubarão-branco e 68 de tubarão-tigre.
Resultados animadores, mas com ressalvas
Os danos foram classificados em quatro níveis: superficial, leve, substancial e crítico. Os materiais resistentes conseguiram reduzir significativamente a penetração dos dentes, em comparação às roupas de neoprene padrão.
“Nosso estudo mostrou que roupas com materiais resistentes a mordidas podem diminuir os ferimentos mesmo em ataques de tubarões grandes, de mais de três metros”, afirmou Clarke.
O professor Charlie Huveneers, também da Universidade Flinders, lembrou, porém, que os trajes não eliminam todos os riscos. Ferimentos internos ainda podem ocorrer. A grande diferença está na possibilidade de evitar a perda crítica de sangue, aumentando as chances de sobrevivência em situações de emergência.
Inovações para a segurança dos surfistas
Esse não é o único avanço na área. Em 2024, a Universidade Macquarie apresentou uma tecnologia baseada em LED para afastar tubarões, explorando a forma como esses animais percebem visualmente suas presas. A novidade representa mais uma ferramenta no esforço global para reduzir ataques sem comprometer o equilíbrio ecológico.
Com as descobertas publicadas na revista Wildlife Research, os pesquisadores acreditam que a integração dessas roupas de mergulho com novas tecnologias pode transformar a relação entre humanos e tubarões nas próximas décadas.
O surfe, o mergulho e outros esportes aquáticos continuarão a expor praticantes a riscos. Mas, com a chegada de roupas flexíveis, leves e reforçadas, a perspectiva é de que muitas vidas possam ser salvas, reduzindo os traumas que ainda hoje marcam incidentes desse tipo.