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Roubos de armas por soldados russos disparam e expõem crise no exército de Putin

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 11/09/2025 às 20:07
Soldados russos são acusados de roubo de armas da guerra na Ucrânia e levando para a Rússia, fortalecendo o crime
Soldados russos são acusados de roubo de armas da guerra na Ucrânia e levando para a Rússia, fortalecendo o crime
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Desde o início da invasão da Ucrânia, o roubo de armas por soldados russos tornou-se um problema crescente para Moscou. Armas desviadas das frentes de combate são levadas à Rússia e abastecem o crime organizado, ao mesmo tempo em que reduzem a eficácia das unidades militares ainda em operação.

Desde fevereiro de 2022, o roubo de armas por soldados russos tem sido registrado em unidades que atuam na Ucrânia, com parte do material sendo levada de volta à Federação Russa quando os militares são liberados do serviço.

O fenômeno afeta a coesão das tropas e amplia a criminalidade no país.

Origem e agravantes do problema

A dificuldade histórica de recuperar armamento de soldados desmobilizados foi identificada em diversos conflitos.

No caso russo, a gravidade cresce porque homens com antecedentes criminais foram libertados da prisão por decisão de Vladimir Putin mediante o compromisso de servir na Ucrânia. A reincorporação desses perfis eleva riscos internos.

Incentivos financeiros elevados atraíram voluntários ao esforço de guerra, porém a falta de empregos bem remunerados na volta empurra parte dos veteranos para atividades ilícitas.

A conversão do bônus de alistamento em padrão de vida difícil de sustentar cria ambiente propício à busca de renda por meios ilegais.

Respostas oficiais e limites de transparência

A elevação dos índices criminais alarmou cidadãos e autoridades, estimulando medidas adicionais por parte do Estado para conter o comportamento ilícito de veteranos. A eficácia dessas ações foi classificada como limitada pelos registros disponíveis.

Desde o outono de 2023, o Ministério de Assuntos Internos interrompeu a divulgação de estatísticas sobre o tema.

O vácuo informacional restringe diagnósticos, e a comunicação oficial tem reduzido o problema à atuação de indivíduos, sem tratar do alcance estrutural apontado por reportagens independentes.

Como o comando influencia o roubo de armas por soldados russos

A apuração do grupo Verstka indica que o roubo de armas por soldados russos é facilitado, em parte, por práticas de comando que subnotificam ou distorcem a quantidade de armamento para cobrir perdas futuras.

Essa conduta reduz o risco percebido pelos perpetradores, abrindo espaço para desvios em larga escala.

Tal dinâmica sugere conhecimento, tolerância ou até cumplicidade de ao menos alguns oficiais. A flexibilização de controles internos favorece a saída de pistolas, armas automáticas, munições e lançadores de granadas, segundo o levantamento jornalístico.

A cadeia de custódia do material bélico sofre enfraquecimento contínuo.

Destinações e mercado ilícito de armamento

Militares flagrados frequentemente declaram transportar armas como troféus de guerra. Há casos de revenda para familiares ou terceiros interessados, com crescimento do fluxo para organizações criminosas.

A reconfiguração do crime organizado russo amplia sua capacidade material, frente a um arsenal antes indisponível.

Os tribunais têm aplicado, de modo recorrente, penas suspensas ou multas, segundo o Verstka. A amostra disponível não permite certeza estatística, mas o padrão observado está alinhado ao esforço do Kremlin de promover veteranos como nova elite do país.

A imposição de longas prisões poderia produzir atritos políticos adicionais.

Efeitos militares imediatos na frente de batalha

No teatro ucraniano, o roubo de armas por soldados russos diminui a disponibilidade real de equipamento em algumas unidades.

A assimetria entre inventário declarado e material efetivo reduz a prontidão e alimenta desgaste entre soldados, comando e sistema que os abriga. O efeito corrosivo sobre a disciplina tem sido registrado em diferentes relatos.

A fricção interna tende a crescer em cenários de reversão de sorte no campo de batalha. O estresse operacional, somado à percepção de impunidade, intensifica a distância entre hierarquias e base, deteriorando a eficácia coletiva.

O problema excede o âmbito logístico e alcança a moral e a governança das unidades.

Riscos internos: criminalidade, paramilitarismo e segurança pública

Internamente, a proliferação contínua de armas cria dificuldades imediatas ao Kremlin. Outras fontes abastecem o mercado ilícito, porém o fluxo de material vindo da frente não é irrelevante.

Em certas situações, criminosos passaram a ostentar capacidade de fogo superior à da polícia, segundo a documentação jornalística disponível.

O ambiente favorece a expansão de grupos paramilitares, como a Comunidade Russa, que coopera com autoridades em alguns contextos e, em outros, confronta representantes do regime. A ambivalência dessas formações adiciona incerteza operacional ao aparato estatal.

Escala potencial e retorno de veteranos

A tendência de crescimento foi destacada apesar das medidas adotadas. A perspectiva de retorno de até 700.000 veteranos em potencial amplia a chance de intensificação da circulação ilícita de armamento pela Rússia.

O roubo de armas por soldados russos tende a se somar a outras dinâmicas de risco, elevando o patamar de violência.

A preocupação no Kremlin foi relatada em meio à avaliação de que, a curto prazo, os instrumentos atuais de poder estatal seriam suficientes para administrar o quadro. A avaliação de longo prazo, contudo, aponta para cenários mais instáveis.

Curto prazo administrável, longo prazo incerto

No curto prazo, a capacidade repressiva e judicial mantém equilíbrio relativo. No longo prazo, a disseminação de armas, a leniência penal observada e a reinserção social incompleta de veteranos podem combinar efeitos adversos.

A resultante esperada inclui maior demanda social por políticas mais duras.

A adoção de medidas mais severas pode gerar controle imediato, mas também descontentamento acumulado entre veteranos.

A tensão entre legitimidade política e segurança pública se intensifica quando o tema envolve ex-combatentes promovidos pelo regime. O roubo de armas por soldados russos converte-se, assim, em risco sistêmico.

A soma de práticas de comando permissivas, mercado ilícito em expansão, respostas estatais limitadas e retorno de contingentes expressivos de veteranos compõe um quadro de ameaça crescente.

A continuidade da proliferação de armas tende a pressionar a estabilidade interna e a efetividade militar.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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