Elevação dos custos e desafios logísticos na rota marítima
A recente escalada de tensões no Mar Vermelho, provocada pelos avanços dos militantes Houthis, está desencadeando uma série de repercussões na logística marítima global, com consequências diretas para o Brasil. A necessidade de desviar as rotas marítimas tradicionais, especialmente aquelas que circulam pelo vital Canal de Suez, está resultando em um aumento nos tempos de viagem e, consequentemente, nos custos de frete. Esta situação, decorrente das ações do grupo baseado no Iêmen que apoia o Hamas, está impondo mudanças significativas nas operações de transporte marítimo.
O Canal de Suez, uma artéria crucial que conecta o Norte da África ao Oriente Médio e à Ásia, responde por cerca de 12% do comércio global. A rota alternativa, que contorna a África, pode prolongar as viagens em até 15 dias, causando uma elevação nos custos operacionais. Jorge Freitas, Diretor Corporativo de FLC da Craft, destaca que este acréscimo no tempo de trânsito gera um aumento no custo dos estoques em trânsito, impactando profundamente toda a cadeia de suprimentos global.
Impacto direto no comércio brasileiro e global
Diariamente, cerca de 50 navios atravessam o Canal de Suez. Com as recentes mudanças, estima-se que entre 1 e 1,7 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) estejam agora desviando suas rotas pela África. A fim de minimizar os impactos dessa alteração logística, armadores podem ser forçados a aumentar o número de embarcações operando na rota, refletindo diretamente nos custos de frete, que já registraram um aumento expressivo.
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O Brasil, cuja economia é fortemente atrelada ao comércio internacional, com 20% de seus consumos provenientes do exterior e metade dessas importações originárias da Ásia, enfrenta desafios significativos. Com cinco serviços diretos conectando a Ásia à Costa Leste da América do Sul, o custo do frete para o Brasil pode dobrar, exacerbando ainda mais a situação à medida que a demanda pressiona os serviços diretos, em um contexto onde a passagem pelo Canal de Suez está sendo evitada.
Perspectivas e impactos futuros na cadeia de suprimentos
O cenário atual, embora ainda limitado, sinaliza impactos crescentes nas cadeias de suprimentos, que podem se intensificar nas próximas semanas, caso a situação não se estabilize. Com a proximidade do Ano Novo Chinês, tradicionalmente um período de menor capacidade operacional nos portos chineses, os atrasos nos envios podem se agravar. Isso resultaria em um aumento adicional nos custos de transporte, repercutindo na demanda e nos preços dos produtos oferecidos ao consumidor final.
A situação no Mar Vermelho, portanto, não apenas desafia a logística marítima global, mas também coloca o comércio internacional, incluindo o brasileiro, em uma posição de alerta. A necessidade de monitorar e adaptar-se a essas mudanças reflete a complexidade e a interconexão da economia mundial, onde conflitos regionais podem ter efeitos ondulatórios, afetando mercados e consumidores em todo o mundo.
Fonte: Letícia Herenyi.