Com um investimento projetado de R$ 12 bilhões, as novas ferrovias têm o objetivo de melhorar a logística estadual, conectando áreas de produção aos portos e facilitando a exportação.
Quando se pensa em grandes obras de infraestrutura no Brasil, imediatamente vem à mente o custo exorbitante e os impactos socioeconômicos envolvidos.
Mas em Santa Catarina, um projeto de R$ 9 bilhões para uma nova rodovia já começa a dividir a atenção com uma proposta ainda mais ousada: a construção de duas novas ferrovias, estimadas em um valor bem superior ao da Via Mar.
Essas ferrovias prometem transformar o estado, mas a viabilidade de seus custos e prazos permanece uma grande incógnita, especialmente em um cenário onde falta clareza sobre o investimento privado.
- Nova lei promete mudar tudo: Você sabe realmente por que foi multado?
- Bahia vai receber investimento de quase R$ 350 milhões para construção de nova Unidade de Processamento de Gás Natural; impulso na economia e geração de empregos
- Piauí recebe investimento histórico de R$ 100 milhões em corredor de escoamento agrícola para impulsionar produção e fortalecer economia
- Salário mínimo universal! Magnatas seguem Elon Musk na defesa por renda universal para minimizar impactos da tecnologia
Estimativa de bilhões para melhorar a logística
De acordo com o portal NSC Total, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) afirma que o projeto da Via Mar, uma rodovia paralela à BR-101, poderá custar até R$ 9,2 bilhões, atraindo atenção pela magnitude.
No entanto, os planos para as ferrovias superam essa cifra, com investimentos previstos de cerca de R$ 12 bilhões.
Segundo a Fiesc, essa projeção inclui custos elevados com projetos executivos que já estão em andamento para definir o traçado e a viabilidade técnica.
Essas ferrovias devem atender regiões estratégicas: o primeiro trajeto ligaria Chapecó a Correia Pinto, e o segundo conectaria Araquari e Navegantes, otimizando o transporte de cargas e promovendo o desenvolvimento regional.
Ambos os projetos estão na fase final de elaboração, com previsão de conclusão em março de 2025.
Os projetos em detalhes: conexões com a Malha Sul e os portos
A ligação ferroviária entre Chapecó e Correia Pinto tem um custo estimado em cerca de US$ 2 bilhões e uma extensão de 319 quilômetros.
Esta rota é fundamental para o escoamento da produção do Oeste catarinense e de regiões próximas, melhorando o acesso aos portos do estado.
Segundo informações do governo estadual, o objetivo é reduzir os custos logísticos e promover um transporte mais eficiente e sustentável.
Já o segundo projeto, que ligará Araquari a Navegantes, exigirá um investimento de aproximadamente US$ 300 milhões.
Este ramal ferroviário será importante para conectar complexos portuários: Araquari já possui uma linha com São Francisco do Sul, o que facilita o transporte de cargas entre os portos e outras regiões, tanto para importação quanto para exportação.
Desafios para viabilizar os projetos: de onde virão os recursos?
Apesar do planejamento e dos investimentos iniciais nos projetos executivos, ainda não há uma modelagem financeira definida para a realização dessas obras.
O papel da iniciativa privada é considerado essencial, mas permanece incerto.
Como destacou a Fiesc, garantir a participação do setor privado em projetos de infraestrutura dessa magnitude é uma tarefa complexa e exige propostas financeiras atrativas e robustas, especialmente em tempos de instabilidade econômica.
Os projetos executivos, que somam um investimento estadual de R$ 33 milhões, começaram em 2022 e estão em andamento para definir as especificações técnicas e financeiras.
Esses estudos são cruciais para atrair parceiros do setor privado e definir o modelo de financiamento adequado.
Segundo fontes estaduais, até o momento, não há garantias de como esses recursos serão obtidos, o que gera dúvidas sobre o futuro dos projetos.
Impactos no setor logístico e econômico de Santa Catarina
Esse desenvolvimento logístico é considerado essencial para fortalecer a competitividade da produção catarinense, ampliando as rotas para exportação e facilitando o acesso aos portos.
Para o setor agroindustrial do Oeste de Santa Catarina, por exemplo, o novo traçado ferroviário poderá representar uma revolução logística, garantindo um transporte mais rápido e eficiente.
A expectativa é que as ferrovias possam contribuir para diminuir a dependência de rodovias sobrecarregadas, como a BR-101.
Para especialistas, esses projetos oferecem a chance de reestruturar o sistema de transporte no estado e reduzir os impactos ambientais e econômicos causados pelo transporte rodoviário.
Investimento estratégico ou risco financeiro?
Diante dos altos custos e incertezas quanto à obtenção dos recursos, as novas ferrovias são vistas como um investimento arriscado por muitos.
Apesar do otimismo de empresários e do governo estadual, há quem questione a viabilidade desses projetos, especialmente considerando o cenário de indefinição financeira.
A complexidade logística e os custos envolvidos são os principais desafios para que esses planos saiam do papel.
Será que Santa Catarina conseguirá viabilizar esses projetos ferroviários de bilhões, garantindo a participação privada e os benefícios econômicos prometidos?