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Rodovia (BR) tem prejuízo milionário e concessionária encontra uma maneira de amenizar a crise: aumentar o pedágio em MAIS de 100% no pedágio

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 14/11/2024 às 21:59
Rodovia BR-163 terá aumento recorde de pedágio para cobrir prejuízos bilionários da CCR MSVia, mesmo sem melhorias efetivas aos usuários.
Rodovia BR-163 terá aumento recorde de pedágio para cobrir prejuízos bilionários da CCR MSVia, mesmo sem melhorias efetivas aos usuários.

Empresa anuncia que terá um aumento de pedágio superior a 100%. Mesmo com faturamento elevado, os prejuízos da concessionária continuam a crescer, acumulando um déficit milionário.

A concessão da BR-163, principal rodovia que atravessa Mato Grosso do Sul, está prestes a passar por um dos mais altos reajustes tarifários já aplicados em rodovias brasileiras.

Os motoristas que dependem desta via terão de arcar com um aumento superior a 100% no pedágio ao longo dos próximos quatro anos.

A decisão ocorre em meio a uma situação financeira delicada, marcada por sucessivos prejuízos que, segundo a CCR MSVia, acumularam um déficit bilionário desde que a empresa assumiu a administração do trecho, em 2014.

De acordo com balanço divulgado pela concessionária, o faturamento obtido com pedágios ao longo dos primeiros nove meses de 2024 chegou a R$ 169 milhões, representando uma alta de 28% em comparação com o mesmo período de 2023.

Ainda assim, o cenário financeiro da concessionária piorou, com um prejuízo que avançou 33,4% e superou os R$ 100 milhões só no último trimestre.

Crescimento nas tarifas e aumentos programados

A concessionária justifica o aumento no valor das tarifas com base na necessidade de sustentar a operação, que, de acordo com dados oficiais da empresa, apresentou perdas de aproximadamente R$ 1,317 bilhão desde o início da concessão.

Em agosto do ano passado e em junho deste ano, duas elevações tarifárias foram aplicadas, mas, apesar disso, o prejuízo acumulado continuou a crescer.

Esses reajustes, somados ao aumento programado de 101% nas tarifas de pedágio até 2028, colocam a BR-163 como uma das rodovias mais caras para os motoristas que transitam por ela.

Segundo informações divulgadas pela CCR MSVia, o valor cobrado por cada 100 quilômetros de pista simples saltará dos atuais R$ 7,52 para R$ 15,13 nos próximos anos. No primeiro ano de implementação da nova tarifa, a elevação já será significativa, passando a R$ 10,06 a cada 100 quilômetros. O reajuste, estimado em 33% já no primeiro ano, ocorre sem que melhorias substanciais sejam entregues aos motoristas que utilizam a via.

Compromisso de investimento bilionário

Apesar dos aumentos tarifários, a CCR anunciou uma previsão de investimentos para os próximos 30 anos, totalizando cerca de R$ 16,9 bilhões, conforme informações atualizadas pela concessionária.

Desse montante, R$ 9,29 bilhões serão destinados a obras estruturais na rodovia, enquanto R$ 7,7 bilhões serão aplicados na operação da via.

Entre as melhorias prometidas, destacam-se a duplicação de 203 quilômetros, a instalação de terceiras faixas em trechos estratégicos, melhorias nos acostamentos, e a construção de passarelas e contornos para facilitar o fluxo de veículos.

O projeto de duplicação, no entanto, vem sendo uma promessa antiga.

Desde a privatização da BR-163, em 2014, a CCR se comprometeu a realizar a duplicação completa da rodovia, mas entregou apenas trechos isolados, principalmente em áreas onde a execução das obras demandava menor investimento.

Essa abordagem seletiva levou a críticas por parte dos usuários e autoridades locais, que apontam falhas no cumprimento das obrigações contratuais por parte da concessionária.

Acordos e aditivos contratuais

Frente às dificuldades financeiras, a CCR chegou a devolver a concessão ao governo federal, que, no entanto, decidiu permitir a continuidade da concessionária na operação da BR-163 por meio de uma série de aditivos contratuais.

Esses acordos têm sido fundamentais para garantir que a concessionária mantenha suas operações na rodovia, embora sem atender às expectativas de duplicação total da via.

O último desses aditivos prevê a prorrogação do contrato, que agora se estenderá até 2054, contemplando uma década a mais em relação à previsão inicial de término.

Impacto financeiro e reação da concessionária

Assim que o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a continuidade do contrato, a CCR MSVia emitiu um comunicado ao mercado, manifestando satisfação com o aval para os próximos passos da repactuação contratual.

A concessionária, no entanto, mantém a postura cautelosa diante dos prejuízos operacionais, projetando que o déficit deverá ser revertido apenas com o aumento gradual do pedágio.

Mesmo com o aumento significativo no faturamento, os custos de manutenção e as despesas operacionais continuam a pressionar o caixa da empresa, que revelou, em seu último balanço, um prejuízo médio diário de R$ 1,11 milhão.

Esse valor reforça a necessidade de repactuação contratual e reajuste tarifário, segundo argumenta a CCR, como medidas essenciais para equilibrar as contas e viabilizar o cumprimento dos investimentos programados.

Diante da elevação no custo dos pedágios e das promessas ainda não cumpridas de duplicação, fica a questão: será que os usuários da BR-163 terão, de fato, as melhorias prometidas ou apenas arcarão com custos cada vez mais altos para trafegar pela rodovia?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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