Empresa anuncia que terá um aumento de pedágio superior a 100%. Mesmo com faturamento elevado, os prejuízos da concessionária continuam a crescer, acumulando um déficit milionário.
A concessão da BR-163, principal rodovia que atravessa Mato Grosso do Sul, está prestes a passar por um dos mais altos reajustes tarifários já aplicados em rodovias brasileiras.
Os motoristas que dependem desta via terão de arcar com um aumento superior a 100% no pedágio ao longo dos próximos quatro anos.
A decisão ocorre em meio a uma situação financeira delicada, marcada por sucessivos prejuízos que, segundo a CCR MSVia, acumularam um déficit bilionário desde que a empresa assumiu a administração do trecho, em 2014.
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De acordo com balanço divulgado pela concessionária, o faturamento obtido com pedágios ao longo dos primeiros nove meses de 2024 chegou a R$ 169 milhões, representando uma alta de 28% em comparação com o mesmo período de 2023.
Ainda assim, o cenário financeiro da concessionária piorou, com um prejuízo que avançou 33,4% e superou os R$ 100 milhões só no último trimestre.
Crescimento nas tarifas e aumentos programados
A concessionária justifica o aumento no valor das tarifas com base na necessidade de sustentar a operação, que, de acordo com dados oficiais da empresa, apresentou perdas de aproximadamente R$ 1,317 bilhão desde o início da concessão.
Em agosto do ano passado e em junho deste ano, duas elevações tarifárias foram aplicadas, mas, apesar disso, o prejuízo acumulado continuou a crescer.
Esses reajustes, somados ao aumento programado de 101% nas tarifas de pedágio até 2028, colocam a BR-163 como uma das rodovias mais caras para os motoristas que transitam por ela.
Segundo informações divulgadas pela CCR MSVia, o valor cobrado por cada 100 quilômetros de pista simples saltará dos atuais R$ 7,52 para R$ 15,13 nos próximos anos. No primeiro ano de implementação da nova tarifa, a elevação já será significativa, passando a R$ 10,06 a cada 100 quilômetros. O reajuste, estimado em 33% já no primeiro ano, ocorre sem que melhorias substanciais sejam entregues aos motoristas que utilizam a via.
Compromisso de investimento bilionário
Apesar dos aumentos tarifários, a CCR anunciou uma previsão de investimentos para os próximos 30 anos, totalizando cerca de R$ 16,9 bilhões, conforme informações atualizadas pela concessionária.
Desse montante, R$ 9,29 bilhões serão destinados a obras estruturais na rodovia, enquanto R$ 7,7 bilhões serão aplicados na operação da via.
Entre as melhorias prometidas, destacam-se a duplicação de 203 quilômetros, a instalação de terceiras faixas em trechos estratégicos, melhorias nos acostamentos, e a construção de passarelas e contornos para facilitar o fluxo de veículos.
O projeto de duplicação, no entanto, vem sendo uma promessa antiga.
Desde a privatização da BR-163, em 2014, a CCR se comprometeu a realizar a duplicação completa da rodovia, mas entregou apenas trechos isolados, principalmente em áreas onde a execução das obras demandava menor investimento.
Essa abordagem seletiva levou a críticas por parte dos usuários e autoridades locais, que apontam falhas no cumprimento das obrigações contratuais por parte da concessionária.
Acordos e aditivos contratuais
Frente às dificuldades financeiras, a CCR chegou a devolver a concessão ao governo federal, que, no entanto, decidiu permitir a continuidade da concessionária na operação da BR-163 por meio de uma série de aditivos contratuais.
Esses acordos têm sido fundamentais para garantir que a concessionária mantenha suas operações na rodovia, embora sem atender às expectativas de duplicação total da via.
O último desses aditivos prevê a prorrogação do contrato, que agora se estenderá até 2054, contemplando uma década a mais em relação à previsão inicial de término.
Impacto financeiro e reação da concessionária
Assim que o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a continuidade do contrato, a CCR MSVia emitiu um comunicado ao mercado, manifestando satisfação com o aval para os próximos passos da repactuação contratual.
A concessionária, no entanto, mantém a postura cautelosa diante dos prejuízos operacionais, projetando que o déficit deverá ser revertido apenas com o aumento gradual do pedágio.
Mesmo com o aumento significativo no faturamento, os custos de manutenção e as despesas operacionais continuam a pressionar o caixa da empresa, que revelou, em seu último balanço, um prejuízo médio diário de R$ 1,11 milhão.
Esse valor reforça a necessidade de repactuação contratual e reajuste tarifário, segundo argumenta a CCR, como medidas essenciais para equilibrar as contas e viabilizar o cumprimento dos investimentos programados.
Diante da elevação no custo dos pedágios e das promessas ainda não cumpridas de duplicação, fica a questão: será que os usuários da BR-163 terão, de fato, as melhorias prometidas ou apenas arcarão com custos cada vez mais altos para trafegar pela rodovia?