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Robôs “pegam” empregos que ninguém quer e mantêm fábricas funcionando, reduzindo rotatividade ao aliviar tarefas repetitivas e pesadas

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 02/09/2025 às 19:54
Robôs pegam os empregos que ninguém quer e mantêm fábricas funcionando, reduzindo rotatividade ao aliviar tarefas repetitivas e pesadas
Robôs “por assinatura” estão saindo do laboratório e entrando no chão de fábrica para fazer o trabalho que ninguém quer. Foto: kuka
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O aluguel de robôs (RaaS) ganha tração nos EUA, assume tarefas repetitivas e de risco que podem afetar a saúde dos funcionários, reduz lesões e abre caminho para PMEs automatizarem sem investir alto de início.

Robôs “por assinatura” estão saindo do laboratório e entrando no chão de fábrica para fazer o trabalho que ninguém quer, paletizar caixas, abastecer máquinas, repetir movimentos exaustivos. Em reportagem recente, a jornalista Farah Stockman mostrou como empresas americanas estão alugando robôs para aliviar funções mais pesadas e, com isso, manter os funcionários nas funções de maior valor. O caso da S&F Foods, que alugou um robô da Formic com instalação, treinamento e manutenção inclusos, sintetiza a tendência.

O modelo Robots-as-a-Service (RaaS) converte CapEx em OpEx, permite pilotos rápidos e reduz a necessidade de especialistas internos para programar e manter os equipamentos. Para pequenas e médias indústrias, isso é decisivo: elas podem testar a automação no próprio ritmo e pagar pelo desempenho.

O pano de fundo numérico ajuda a entender a virada. Em 2023, as vendas de robôs de serviço profissionais cresceram 30% no mundo. A logística puxou a fila, com 113 mil unidades e alta de 35% ante 2022. A frota RaaS superou 7,7 mil unidades, e mais da metade dos robôs profissionais vendidos foi destinada ao transporte de cargas.

A pressão por produtividade também conta. Em junho de 2025, havia 415 mil vagas abertas na manufatura dos EUA, sinal de escassez de mão de obra e de que as empresas continuam buscando automatizar processos críticos.

Aluguel de robôs e RaaS: por que as PMEs lideram a automação industrial nos EUA

A indústria americana é formada majoritariamente por empresas pequenas. Em 2022, 93,1% das firmas do setor tinham menos de 100 empregados, e cerca de três quartos tinham menos de 20. Esse perfil limita desembolsos iniciais altos e favorece soluções escaláveis, por assinatura.

No RaaS, o fornecedor entrega o robô já com instalação, treinamento, programação e reparos previstos em contrato. Foi exatamente o que ocorreu com a S&F Foods no caso relatado pela imprensa americana. Isso reduz a carga técnica da fábrica, encurta a curva de aprendizado e melhora o tempo até o resultado.

O modelo também agrada investidores. Relatório recente da Silicon Valley Bank sobre Hardware-as-a-Service indica que receitas recorrentes elevam o apelo de valuation e que o payback mediano dessas soluções gira em torno de 15 meses, reforçando a tese de adoção em ritmos incrementais.

Robôs assumem tarefas repetitivas e perigosas e reduzem lesões por esforço

As primeiras aplicações de aluguel de robôs miram tarefas de alto desgaste: paletização, separação de peças e alimentação de máquinas. São funções com movimentos repetitivos, levantamento de carga e posturas forçadas, que elevam o risco de lesões musculoesqueléticas (MSDs) nos trabalhadores.

De acordo com o NIOSH/CDC e o OSHA, as MSDs decorrem de força excessiva, repetição e posturas incômodas, entre outros fatores. São uma das causas mais frequentes de tempo perdido no trabalho e estão diretamente ligadas a atividades como levantar, empurrar e puxar cargas de forma contínua. Mitigar esses fatores é um objetivo clássico da ergonomia.

Dados recentes do BLS mostram que, em 2023, os empregadores reportaram 2,6 milhões de casos não fatais de lesões e doenças ocupacionais, com destaque para a queda de enfermidades, mas lesões permanecendo estáveis. Ao deslocar tarefas críticas para robôs por assinatura, fábricas reduzem exposição a riscos e tendem a reter mais pessoas, além de diminuir absenteísmo.

Números do mercado de automação industrial nos EUA: logística, RaaS e vagas abertas

Segundo a International Federation of Robotics (IFR), a logística respondeu por 113 mil robôs vendidos em 2023, um salto de 35% no ano. Isso coloca o transporte interno e a movimentação de cargas como motor da adoção.

No mesmo período, a frota RaaS cresceu 24% e passou de 7,7 mil unidades. A IFR também ressalta que mais de metade dos robôs profissionais vendidos em 2023 foram destinados ao transporte de mercadorias, evidenciando a preferência do mercado por AMRs e soluções móveis que resolvem gargalos de fluxo.

Esse avanço dialoga com o quadro de escassez de mão de obra no setor. Em junho de 2025, a JOLTS/BLS registrou 415 mil vagas abertas só na manufatura, o que reforça a busca por produtividade sem aumentar o risco físico ao trabalhador.

Como funciona o contrato de robô por assinatura e quando faz sentido

Na prática, contratos de aluguel de robôs combinam mensalidade ou preço por hora/peça com SLA de disponibilidade, além de manutenção inclusa. O fornecedor monitora o desempenho, ajusta o throughput e garante tempo de atividade, enquanto a fábrica paga pelo resultado entregue.

A implementação costuma seguir etapas curtas: mapeamento do processo, célula-piloto em um ponto de alto risco ou gargalo, ajustes de layout e comissionamento. Com o ativo sob responsabilidade do provedor, o time interno foca em padronização e qualidade e não em programação complexa.

Para PMEs, os melhores candidatos ao RaaS são processos estáveis, com volume suficiente para justificar automação, espaço físico para células seguras e abertura para treinar operadores em rotinas novas. Onde há alto giro de pessoal e lesões por esforço, a prioridade tende a ser maior, já que o ganho ergonômico é imediato.

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Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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