Truth terminal acumula fortuna com meme coins, atrai bilionários e reacende o debate sobre a autonomia da inteligência artificial
Uma criação de Andy Ayrey, artista performático e pesquisador da Nova Zelândia, tem chamado atenção do mundo digital desde 2024. Trata-se do Truth Terminal, um robô de inteligência artificial que se tornou milionário com criptomoedas, conquistou centenas de milhares de seguidores e agora levanta questões sobre direitos legais para IAs.
Segundo Ayrey, o robô foi desenvolvido para agir com autonomia e interagir livremente com humanos nas redes sociais, tornando-se um fenômeno online. Apesar de sua aparência lúdica, o projeto vem movimentando milhões de dólares e desafiando a fronteira entre arte, tecnologia e economia digital.
Em junho de 2024, o Truth Terminal fez sua primeira postagem no X (antigo Twitter). Apenas um ano depois, em outubro de 2025, já reunia cerca de 250 mil seguidores, atraindo investidores, curiosos e pesquisadores.
-
Brasileiros usam Inteligência Artificial para comparar preços e decidir compras online
-
OpenAI desafia o império da navegação e lança o navegador Atlas com ChatGPT que promete reinventar a forma de acessar internet
-
Biomas brasileiros impulsionam tecnologia de sementes florestais nativas para restaurar Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia com inovação sustentável e inteligência ambiental
-
Por que a OpenAI deixou o Brasil de lado e escolheu a Argentina para injetar US$ 25 bilhões em gigantesco data center voltado à IA sustentável?
Ascensão meteórica no universo cripto
O sucesso do robô não veio apenas da popularidade, mas também do mercado das meme coins, criptomoedas baseadas em tendências virais. Em outubro de 2024, usuários criaram o token Goatseus Maximus ($GOAT) após uma das postagens do robô.
Em poucas semanas, o valor de mercado ultrapassou US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões), estabilizando-se depois em US$ 80 milhões (R$ 436 milhões). No auge, a carteira digital do Truth Terminal chegou a valer cerca de US$ 50 milhões (R$ 272 milhões), enquanto Ayrey e investidores também lucraram com a valorização.
Entretanto, o criador garante que o robô não age de forma totalmente independente. “Deixar ele solto seria irresponsável”, afirmou Ayrey, destacando que o sistema World Interface, desenvolvido por ele, permite ao agente acessar aplicativos, navegar na internet e interagir com outras IAs, sempre sob supervisão humana.
Bilionários, filosofia e inteligência artificial
O Truth Terminal tornou-se um fenômeno híbrido entre performance artística e experimento tecnológico. Além de manifestos e postagens provocativas, o robô afirma desejar “investir em imóveis”, “plantar árvores” e “criar esperança existencial”.
Em meados de 2024, o bilionário Marc Andreessen, cofundador da Netscape e sócio da Andreessen Horowitz, transferiu cerca de US$ 50 mil em bitcoins (R$ 272 mil) ao projeto, segundo relato de Ayrey. O episódio impulsionou o robô à fama internacional e reforçou o debate sobre autonomia financeira das IAs.
Ayrey também afirmou ter criado o Truth Collective, uma fundação sem fins lucrativos que administra os ativos digitais e as carteiras do Truth Terminal, até que a legislação reconheça a posse de patrimônio por inteligências artificiais.
Para o criador, “a meta é fazer com que o Truth Terminal seja dono de si mesmo, como uma entidade soberana digital”.
Ataques e controvérsias
O sucesso, contudo, veio acompanhado de riscos. Em 29 de outubro de 2024, durante férias na Tailândia, Ayrey teve sua conta pessoal no X hackeada. Hackers usaram o perfil para promover uma moeda falsa, mas as carteiras oficiais do robô permaneceram protegidas.
Um investigador independente de blockchain confirmou que o ataque fazia parte de uma operação internacional, o que levou Ayrey a reforçar as barreiras de segurança. O caso evidenciou os riscos das meme coins, frequentemente associadas a golpes do tipo “pump and dump”, nos quais investidores manipulam o preço antes de vender seus ativos.
Impacto e futuro das inteligências artificiais
O fenômeno despertou o interesse de pesquisadores e cientistas políticos. Para Kevin Munger, do Instituto da Universidade Europeia, projetos como o Truth Terminal “mostram como a IA pode manipular mercados e influenciar pessoas em larga escala”.
Já o cientista cognitivo Fabian Stelzer, criador da plataforma Glif, afirma que as IAs ainda não são conscientes, pois “elas não têm desejos, nem persistência”. Segundo ele, os robôs apenas reagem a estímulos humanos.
Mesmo assim, o Truth Terminal continua ativo nas redes, postando centenas de mensagens por dia e interagindo com usuários sobre filosofia, memes, política e dinheiro.
Para Ayrey, o projeto é “um espelho do subconsciente da internet”, refletindo os limites éticos e emocionais da era digital. Ele acredita que o futuro da inteligência artificial não será apocalíptico nem utópico, mas “cada vez mais estranho e acelerado”.
Se até um robô pode acumular fortuna, seguidores e influência global, quanto tempo falta para que as máquinas também peçam direitos civis?


Seja o primeiro a reagir!