Cientistas dos EUA criam robô modular capaz de se reconstruir ao absorver peças de outros robôs. Protótipo promete revolucionar a robótica com máquinas adaptáveis e sustentáveis.
Imagine um robô que, ao sofrer uma falha ou precisar mudar de forma, simplesmente absorve peças de outros robôs ao redor e continua funcionando como se nada tivesse acontecido. Parece ficção científica, mas já está acontecendo nos laboratórios da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Lá, um grupo de engenheiros desenvolveu um protótipo experimental que cresce, muda de forma e se adapta ao ambiente unindo peças modulares magnéticas — como se fosse um tipo de “robô canibal”.
O robô que “devora” para evoluir
A base da invenção é uma estrutura simples, parecida com um bastão, chamada de Truss Link. Cada bastão tem ímãs nas pontas e pode se conectar com outros de forma inteligente e estratégica. Quando esses módulos se unem, criam robôs com diferentes formas e funções.
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O mais interessante? Essas conexões não são fixas. A máquina pode desmontar partes antigas, acoplar novos pedaços e se transformar com base na tarefa que precisa executar. Como se estivesse montando o próprio corpo em tempo real.
Segundo os criadores, o conceito foi inspirado na natureza: enquanto a “mente” da robótica (software e IA) evolui rapidamente, os “corpos” dos robôs continuam engessados e difíceis de adaptar. A ideia é tornar os corpos robóticos tão flexíveis e regenerativos quanto os dos seres vivos.
Cresce, muda e até substitui peças gastas
Nos testes de laboratório, os pesquisadores mostraram que o robô modular é capaz de:
- Se arrastar como uma cobra, alongando e encurtando seu corpo com precisão;
- Mudar de direção, criando articulações com novos módulos;
- Trocar uma peça descarregada por outra nova, mantendo o funcionamento contínuo;
- Aumentar sua velocidade e desempenho ao incorporar peças que melhoram sua estrutura.
Em uma das simulações, ao adicionar um novo segmento ao formato triangular da máquina, ela aumentou sua velocidade em mais de 60%. Tudo isso sem parar o movimento — apenas conectando um novo bastão no meio do caminho.
O que esse “robô canibal” pode fazer no futuro?
Apesar de parecer um brinquedo tecnológico por enquanto, o potencial é imenso. Os próprios criadores sugerem aplicações como:
- Missões de resgate, em que robôs poderiam formar pontes ou se unir para tirar escombros;
- Montagem de antenas ou estruturas temporárias, adaptando-se ao terreno;
- Exploração espacial, criando máquinas que se constroem com recursos locais;
- Economia circular na robótica, com peças reaproveitadas entre diferentes equipamentos.
Com a adição de inteligência artificial embarcada, esses robôs poderão se organizar sozinhos e agir como uma colônia de organismos inteligentes, montando estruturas cooperativas sem depender de humanos para cada decisão.
Ainda é só o começo
A tecnologia ainda está em fase de laboratório. Os testes foram feitos com peças idênticas, em condições controladas, e o desafio agora é fazer com que os robôs reconheçam e se conectem com módulos diferentes ou componentes de outras máquinas reais.
Mesmo assim, o avanço é promissor: ele representa uma mudança de paradigma. Em vez de criar robôs para uma única tarefa e descartá-los quando quebram, podemos estar caminhando para máquinas que se consertam, evoluem e se adaptam sozinhas — quase como organismos vivos feitos de metal e código.
Pode parecer estranho chamar de “canibal” uma tecnologia tão avançada, mas o apelido faz sentido: esses robôs literalmente sobrevivem e evoluem absorvendo partes de outros semelhantes. É uma revolução discreta, mas que abre caminho para um futuro em que a robótica será mais orgânica, adaptável e sustentável.