Mini-SUV elétrico Chevrolet Spark EUV chega para brigar no topo. Nos testes, chamou atenção pelo pacote de ADAS de série com ACC, AEB e manutenção de faixa, raro entre elétricos de entrada.
O Chevrolet Spark EUV já roda em avaliações no Brasil e chega mirando diretamente o líder entre os elétricos acessíveis, BYD Dolphin mini. Em formato de mini-SUV e com pacote de segurança avançado, ele aposta em conforto urbano, bom porta-malas e preço agressivo para cutucar o BYD Dolphin. Segundo a Quatro Rodas que já andou no carro, o conjunto é mais equilibrado do que se imaginava para a faixa de entrada dos EVs.
A GM posicionou o Spark EUV com preço inicial de R$ 159.990 na pré-venda, valor que inaugurou a nova ofensiva elétrica da marca no país. A proposta é disputar de igual para igual com os chineses mais populares, especialmente o Dolphin, que domina a faixa de compactos elétricos
O movimento da Chevrolet provocou reação imediata no mercado. A BYD reduziu o preço do Dolphin GS na linha 2026 para R$ 149.990, além de incluir itens de conforto que reforçam o custo-benefício do hatch. O reposicionamento deixa a briga mais apertada e evidencia que a faixa de entrada dos EVs urbanos ficou mais competitiva.
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Na prática, o consumidor brasileiro passa a ter dois caminhos próximos de preço: um hatch já conhecido pelo público e um mini-SUV recém-chegado, com desenho “quadrado” e proposta visual mais aventureira, ambos voltados ao uso diário nas cidades.
Autonomia, bateria e recarga no padrão brasileiro
No Brasil, o dado que vale para autonomia é o ciclo PBEV do Inmetro. De acordo com a Chevrolet, o Spark EUV faz 258 km nesse protocolo e utiliza bateria de 42 kWh com recarga DC de até 50 kW. Em casa, a marca oferece soluções de carregamento AC e acessórios próprios para acelerar o processo de recarga, o que atende bem a rotina urbana.
Para referência direta, a própria Quatro Rodas relembra que o BYD Dolphin GS declara 44,9 kWh e até 291 km PBEV, com carga rápida de até 60 kW. A diferença numérica existe, mas não invalida o uso prático do Spark para deslocamentos diários, especialmente quando há ponto de recarga residencial ou no trabalho.
Em linguagem simples, isso significa que o Spark EUV entrega autonomia suficiente para a semana de um motorista urbano típico, com paradas ocasionais para repor energia. A escolha entre os modelos passa mais pelo perfil de uso e pela infraestrutura disponível do que apenas por números de catálogo.
Espaço interno, medidas e porta-malas
Apesar do porte compacto, o Spark EUV tem 4,003 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,726 m de altura e 2,56 m de entre-eixos. Os números revelam um carro menor que o Onix no comprimento, porém mais alto, o que favorece a posição de dirigir e a percepção de robustez no dia a dia.
O grande trunfo prático é o porta-malas de 355 litros com abertura lateral, bem acima dos 250 litros do Dolphin. Para quem faz compras semanais, leva malas de mão ou equipamentos de trabalho, essa diferença pesa. O visual “SUV raiz” com tampa lateral adiciona personalidade sem sacrificar a usabilidade.
Há um porém: o Spark EUV leva quatro ocupantes, não cinco. Para famílias que costumam lotar o banco traseiro, convém avaliar essa limitação. Em compensação, o espaço vertical é bom e a sensação de amplitude agrada.
Segurança e tecnologia: ADAS como diferencial
Aqui o Chevrolet contra-ataca de forma contundente. Segundo o site oficial da marca, o Spark EUV oferece ACC (controle de cruzeiro adaptativo), assistência de cruzeiro em curva, manutenção de faixa, AEB (frenagem autônoma de emergência) e farol alto automático, além de câmeras 360° e 6 airbags. Esses itens de ADAS costumam aparecer em carros mais caros e elevam a segurança ativa no trânsito urbano.
Os testes publicados recentemente reforçam que esse pacote de assistência não está disponível no Dolphin GS nas mesmas condições, o que ajuda a explicar a estratégia da GM de vender um mini-SUV com “cara” de carro de categoria superior em segurança. Para quem prioriza tecnologia de auxílio ao motorista, é um ponto objetivo a favor do Spark.
Além disso, o banco do motorista com ajuste elétrico, a central de 10,1″ com Android Auto e CarPlay via cabo e o painel de 8,8″ compõem um ambiente moderno, com ergonomia que facilita a vida no uso diário.
Impressões ao volante e acerto dinâmico
Nos primeiros rolês em solo nacional, o Spark EUV se mostrou ágil o suficiente para o trânsito de semáforos e retornos, com 101 cv e 18,4 kgfm. O 0 a 100 km/h em 11,2 s não é referência de esportividade, porém atende ao que se espera de um elétrico urbano, com resposta imediata do motor e três modos de condução que ajustam o comportamento.
O destaque ficou para a suspensão mais firme e comunicativa, que transmite segurança em curvas e mudanças de faixa, ainda que deixe o piso irregular mais perceptível. Em ruas esburacadas, o conforto não é o maior da turma, mas a sensação de controle compensa para quem valoriza estabilidade.
Na direção, há peso um pouco maior que o do rival, o que passa sensação de precisão sem ficar cansativo. Para motoristas que não gostam de volante leve demais, esse acerto pode ser um ponto positivo no uso diário.
Pontos de atenção antes de fechar negócio
O limite de 50 kW na recarga DC significa paradas um pouco mais longas que alguns concorrentes em eletropostos de alta potência. Para quem depende muito de rodovias e viagens, vale planejar rotas e checar a rede disponível. Em contrapartida, para uso majoritariamente urbano com carregamento residencial, o impacto tende a ser pequeno.
O fato de ter apenas quatro lugares também merece atenção. Se você precisa levar três pessoas atrás com frequência, o Dolphin pode ser mais conveniente. Se o uso é a dois ou três ocupantes, o porta-malas de 355 L do Spark pesa mais na decisão.
Há ainda um detalhe curioso de projeto: a tampa central das tomadas de recarga pode interferir na abertura do capô quando está levantada. Não é algo que deva atrapalhar no dia a dia, mas vale ver ao vivo na concessionária como o conjunto se comporta.
Vale a pena? O que este teste revela sobre o “anti-Dolphin”
Para quem quer entrar no mundo dos elétricos com preço competitivo, boa lista de segurança e porta-malas generoso, o Spark EUV entrega um pacote convincente. A GM soma a isso a capilaridade de sua rede e garantia de 3 anos para o veículo e 8 anos para a bateria, fatores que ajudam a reduzir a ansiedade de quem está migrando do carro a combustão.
O Dolphin responde com preço menor, carga rápida mais potente e autonomia PBEV superior. Em outras palavras, a decisão vai depender de prioridade: quem valoriza ADAS de série e formato de mini-SUV tende a inclinar para o Spark; quem busca o menor preço possível e números de autonomia mais favoráveis pode preferir o BYD.
O fato é que os testes no Brasil mostraram que o Chevrolet não é só “novidade da vez”. Ele surpreende com acabamento, tecnologia e usabilidade, elevando o sarrafo dos elétricos acessíveis. A briga ficou boa para o consumidor, e a concorrência tende a acelerar mais cortes de preço e melhorias de conteúdo nos próximos meses.