Levantamento apresentado no Wind of Change 2025 revela áreas estratégicas para instalação de eólicas offshore no RS, reforçando o protagonismo do estado na transição energética.
Se o vento sopra a favor, o Rio Grande do Sul está prestes a se tornar uma verdadeira usina de energia limpa. E não é força de expressão — um estudo inédito apresentado nesta quinta-feira (3), durante a segunda edição do Wind of Change, revelou que o estado possui áreas gigantescas e extremamente favoráveis para a instalação de eólicas offshore, aquelas turbinas que transformam o vento em eletricidade no meio do mar.
E não estamos falando de pequenos testes: o levantamento indica regiões com mais de 40 mil km² de potencial energético. Dá pra imaginar o que isso significa? Basicamente, o RS pode deixar de ser só um consumidor e passar a ser um dos maiores exportadores de energia limpa do país, puxando a fila da transição energética no Brasil.
O que diz o estudo sobre o potencial das eólicas offshore no RS
O relatório foi conduzido pela oceanógrafa e PhD em Geociências, Clarissa Araujo, da empresa WSP Brasil, com apoio técnico do Sindienergia RS, Portos RS e um grupo de empresas privadas. Ele não só mapeia áreas ideais para parques eólicos, como também leva em conta critérios socioambientais e de infraestrutura.
-
Energia renovável em Minas Gerais ganha incentivo com nova medida tributária
-
Energias renováveis se tornarão a maior fonte de eletricidade do mundo até 2026
-
Eis o hidrogênio branco: “combustível do futuro” limpo, barato e abundante que especialistas dizem estar pronto para ser explorado
-
China alterou a rotação da Terra com uma de suas obras — e não aprendeu a lição: agora quer uma ainda maior e gera tensão geopolítica
Segundo o estudo, três cenários foram definidos para avaliar a viabilidade de implantação das eólicas offshore no RS: livre desenvolvimento, conservador e uma abordagem intermediária de gestão. A ideia foi cruzar dados técnicos com sensibilidade ambiental e social, criando uma análise robusta e estratégica.
Os resultados apontam que, mesmo no cenário mais conservador, o Rio Grande do Sul já dispõe de áreas com excelente viabilidade. E o melhor: essa energia limpa poderia ser produzida de forma sustentável, com mínimo impacto ambiental e máxima eficiência.
Três cenários e uma certeza: o RS está pronto para liderar
No cenário chamado de livre desenvolvimento, as áreas identificadas chegam a 44.106 km² — praticamente do tamanho do estado do Espírito Santo. Já a abordagem de gestão, mais controlada e equilibrada, mapeia 33.840 km². E mesmo o modelo mais cauteloso, o cenário conservador, revela duas regiões amplas e favoráveis: uma ao norte com 2.935 km² e outra ao sul com 4.372 km².
Essas áreas foram escolhidas com base em variáveis como velocidade dos ventos, profundidade do mar, proximidade de portos e impactos ambientais. Isso mostra que, mais do que promissoras, essas zonas são estratégicas para o país. Não é à toa que o RS lidera o ranking nacional de projetos de eólicas offshore em análise no Ibama.
Atualmente, o estado conta com 30 processos abertos no órgão federal para instalação de usinas eólicas no mar. Esse volume coloca o Rio Grande do Sul no centro das discussões sobre o futuro da energia limpa no Brasil — e, por que não, da América Latina.
Conexão com o sistema elétrico é o próximo desafio
Mas não adianta ter todo esse potencial eólico sem garantir que a energia chegue onde precisa. Como bem destacou a autora do estudo, Clarissa Araujo, a próxima etapa será avaliar a infraestrutura de transmissão elétrica terrestre. “Não basta termos potencial, é essencial garantir a conexão e distribuição eficiente da energia gerada”, alertou.
Essa é a parte do processo que envolve subestações, linhas de transmissão e planejamento técnico para não desperdiçar a energia produzida em alto-mar. Afinal, uma coisa é gerar energia limpa, outra é conseguir levá-la com eficiência para as indústrias, residências e setores que mais precisam.
O estudo também vai subsidiar decisões governamentais sobre investimentos em infraestrutura e parcerias público-privadas. O Brasil já conta com um marco regulatório recente para eólicas offshore, o que facilita o avanço das próximas fases.
O protagonismo gaúcho no cenário nacional
Além de liderar em quantidade de projetos no Ibama, o RS se destaca pela diversidade de fontes renováveis. A presidente do Sindienergia RS, Daniela Cardeal, ressaltou que o estado combina energia eólica terrestre, solar, bioenergia e hídrica. Esse mix, segundo ela, amplia a competitividade do estado e reforça sua importância na segurança energética do país.
“O Rio Grande do Sul tem grandes diferenciais para contribuir com o desenvolvimento do Brasil na questão da segurança energética nacional”, afirmou Daniela. Para ela, energias limpas são chave para setores como agricultura, saúde e indústria, além de serem essenciais para manter a competitividade da economia brasileira em nível global.
Esse avanço das eólicas offshore no RS não é apenas uma vitória local. É um passo decisivo no compromisso ambiental do Brasil, que busca se consolidar como liderança mundial na geração de energia renovável.
Um evento que traduz o espírito da transição energética: eólicas offshore
O Wind of Change 2025 encerra sua segunda edição como um verdadeiro catalisador de mudanças. O evento, promovido pelo Sindienergia RS e pela Viex, reuniu especialistas, investidores e representantes do setor público para discutir soluções e parcerias para uma matriz energética mais limpa e resiliente.
A edição deste ano mostrou que o setor não está mais só no campo das promessas. As eólicas offshore estão se tornando uma realidade palpável, com estudos técnicos, marcos legais e, principalmente, engajamento das partes envolvidas. Eventos como esse não só disseminam conhecimento, como ajudam a transformar projetos em ação.
O estudo apresentado no Wind of Change 2025 deixou claro: o vento está soprando forte para o lado do RS — e é hora de aproveitar. Com áreas vastas e estrategicamente posicionadas, o estado tem tudo para liderar a geração de energia limpa no Brasil através das eólicas offshore.
Agora, o desafio é estruturar o sistema de transmissão e atrair os investimentos certos para transformar esse potencial em realidade. Porque, quando o assunto é eólicas no RS, o futuro já começou.
Fonte: amanha.com.br