Com um potencial de geração que supera em muito toda a capacidade eólica já instalada no país, o Rio Grande do Sul se destaca no desenvolvimento da energia offshore em seu litoral e lagoas.
O Rio Grande do Sul, que foi precursor no desenvolvimento da energia eólica no Brasil com o parque de Osório há cerca de 15 anos, volta a se posicionar na vanguarda. O estado desperta grande interesse para a nova fronteira da geração de energia, a exploração dos ventos na costa marítima e nas lagoas, conhecida como energia offshore.
O potencial pioneiro do Rio Grande do Sul na geração offshore
A geração de energia em alto-mar, ou offshore, apresenta vantagens significativas. A principal delas é um espaço livre de obstáculos naturais. Isso permite que os ventos sejam aproveitados de maneira muito mais eficiente. O Rio Grande do Sul, que já tem um histórico de pioneirismo, explora agora este novo horizonte energético.
Números impressionantes do gigantesco potencial gaúcho
O potencial do estado é imenso. De acordo com o atlas eólico do Rio Grande do Sul, a capacidade de produção de energia offshore no mar gaúcho é de aproximadamente 80,3 GW. Para se ter uma ideia da dimensão dessa oportunidade, toda a capacidade de energia eólica em terra (onshore) instalada no Brasil hoje é de cerca de 31 GW, segundo a Aneel.
Essa capacidade gaúcha foi calculada considerando ventos a 100 metros de altura e lâminas d’água de até 50 metros de profundidade. O litoral do estado, com mais de 600 quilômetros, poderia gerar uma produção energética estimada em 305 TWh/ano. Além do oceano, o potencial nas lagoas é igualmente notável. A Lagoa dos Patos pode gerar até 24,5 GW, a Lagoa Mirim 7,3 GW e a Lagoa Mangueira 2,1 GW.
Marco regulatório e projetos em análise impulsionam o setor
O interesse pela energia offshore no país ganhou força com a apresentação do Projeto de Lei 576/2021. A proposta, de autoria do senador Jean Paul Prates (PT-RN), visa regulamentar a autorização para o aproveitamento energético no mar.
Guilherme Sari, presidente do Sindienergia-RS, destaca a importância da iniciativa, mas frisa que “é preciso detalhar e aprimorar questões como, por exemplo, como será feito o licenciamento ambiental desses empreendimentos”.
Atualmente, já existem 20 projetos de energia eólica offshore tramitando no Ibama. Juntos, eles somam mais de 42 GW de capacidade. O Rio Grande do Sul responde por mais de 25% desse total, com 11,4 GW em projetos submetidos.
As vantagens estratégicas do nearshore na geração em lagoas
Além da exploração oceânica, a geração eólica nas lagoas gaúchas, chamada de “nearshore”, apresenta facilitadores importantes. A operação em uma lagoa tem uma engenharia mais simplificada devido à menor profundidade. O desgaste dos equipamentos também é menor, pois não há a mesma salinidade do mar.
Outras vantagens incluem a proximidade com a infraestrutura de transmissão de energia já existente. O processo de licenciamento ambiental também tende a ser menos complexo, pois não envolve mamíferos aquáticos sensíveis, como baleias.
Menos custos e mais agilidade para o futuro energético
Essas vantagens estratégicas do modelo “nearshore” resultam em investimentos menos elevados quando comparados às estruturas offshore no oceano. “A gente tem um enorme potencial regional que precisamos tornar conhecido”, defende Sari.
Ele ressalta que a discussão sobre a geração em lagoas pode ser tratada na esfera estadual, por se tratar de águas internas. Isso difere da questão oceânica, que envolve múltiplos agentes federais nas águas da União, tornando o processo mais ágil.