1. Início
  2. / Petróleo e Gás
  3. / Revolução na energia verde: Biometano substitui gás natural na produção de amônia sustentável, reduzindo a dependência de fontes fósseis
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Revolução na energia verde: Biometano substitui gás natural na produção de amônia sustentável, reduzindo a dependência de fontes fósseis

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 09/12/2024 às 12:44
Caminhão-tanque transportando biometano em campo aberto com logo da Yara ao fundo.
Caminhão transportando biometano para produção sustentável de amônia pela Yara.

Como o biometano está transformando a produção de amônia sustentável e impulsionando a transição para uma energia mais limpa

Yara aposta no biometano para produção de amônia sustentável

A Yara, empresa norueguesa líder na fabricação de fertilizantes, tomou uma decisão revolucionária ao adotar o biometano como substituto do gás natural na produção de amônia sustentável. Em setembro de 2023, a empresa iniciou oficialmente essa operação no seu Complexo Industrial em Cubatão, São Paulo. Essa escolha, por sua vez, traz uma redução impressionante de até 75% nas emissões de carbono quando comparada à amônia tradicional, que depende de fontes fósseis.

Por conta dessa inovação, a empresa prevê produzir entre 6 mil e 7 mil toneladas de amônia sustentável por ano, o que deve gerar 15 mil toneladas de fertilizantes anualmente. Segundo a própria Yara, os primeiros lotes dessa amônia já começaram a ser utilizados no mercado brasileiro em outubro de 2023, reforçando o compromisso da companhia com a transição energética.

Biometano: uma fonte renovável que impulsiona a energia verde

O biometano, fornecido pela Raízen, é produzido a partir de resíduos agroindustriais como vinhaça e torta de filtro. A planta produtora de biometano, localizada em Piracicaba (SP), começou a operar em 2022, com capacidade para processar até 60 mil metros cúbicos de gás por dia. Esse gás é transportado diretamente para o Complexo Industrial da Yara, onde substitui o gás natural convencional.

Segundo Daniel Hubner, vice-presidente de soluções industriais da Yara, a conversão para o uso de biometano na planta industrial foi realizada de maneira ágil e sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura. Por isso, em entrevista à Revista EXAME, Hubner afirmou: “A principal transformação foi substituir uma molécula fóssil e finita por uma molécula renovável e infinita.”

Apesar do avanço, a empresa revelou que, para alcançar a descarbonização completa da planta, seriam necessários pelo menos 10 projetos adicionais semelhantes ao de Piracicaba. Assim, o biometano representa um importante passo, mas ainda há desafios para ampliar sua escala.

Infraestrutura e desafios de transição energética

Por outro lado, a conversão para o uso de biometano mostrou-se bastante acessível. Como o processo não exigiu grandes investimentos em infraestrutura, a empresa pôde avançar rapidamente no projeto. No entanto, o custo elevado do gás natural no Brasil ainda se apresenta como um obstáculo significativo para a competitividade da produção de amônia.

Em setembro de 2023, durante o Fórum Brasileiro de Transição Energética, Hubner enfatizou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para viabilizar a transição energética. Ele destacou que, “falar de transição energética é essencial, mas é ainda mais importante garantir a sobrevivência das empresas nesse processo.”

Amônia sustentável: um futuro viável com políticas adequadas

Antes de expandir a produção de amônia sustentável, a Yara busca consolidar um mercado consumidor que valorize o produto. Nesse contexto, a primeira parceria estratégica foi anunciada em agosto de 2023 com a cooperativa Cooxupé, maior exportadora de café do Brasil. Assim, a meta dessa aliança é reduzir em 40% a pegada de carbono da produção de café já na safra de 2024.

Além disso, a Yara informou que está em negociações com produtores de citros e outras culturas, fortalecendo a integração entre diferentes setores da economia verde. Em declarações ao jornal Valor Econômico, a empresa afirmou que “o futuro da energia verde depende de iniciativas conjuntas e da criação de mercados que valorizem produtos de baixo carbono.”

Assim, a amônia sustentável se consolida como uma solução viável para a descarbonização de setores importantes. Contudo, políticas estruturais e incentivos governamentais precisarão garantir que os custos de produção não inviabilizem a adoção em larga escala.

Impacto no agronegócio e no mercado de fertilizantes

O agronegócio desempenha um papel estratégico para ampliar a demanda por fertilizantes de baixo carbono. Dessa forma, em outubro de 2023, a Yara intensificou esforços para promover parcerias com cooperativas e agricultores, fortalecendo uma cadeia produtiva mais eficiente e sustentável.

Além disso, o uso de biometano na fabricação de fertilizantes posiciona o Brasil como referência global em energia verde. O setor agrícola, por sua vez, se destaca como um dos mais aptos a liderar a transição energética, especialmente em culturas de alto valor agregado, como café e citros.

Por fim, a integração entre inovação tecnológica e estratégias de mercado será determinante para o sucesso desse modelo. Com incentivos adequados e parcerias robustas, o futuro sustentável da produção de amônia está ao alcance.

  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação, geopolítica e governo. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x