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Revolução na dessalinização! Nova tecnologia solar transforma água do mar em água doce com 5 vezes mais eficiência que métodos atuais

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 13/09/2024 às 16:15
dessalinização, água do mar, água doce
Foto: Reprodução

Uma nova tecnologia de dessalinização, movida a energia solar, consegue transformar água do mar em água doce com uma eficiência cinco vezes maior do que os métodos atuais. Descubra essa inovação revolucionária

A escassez de água potável é uma das maiores crises globais enfrentadas atualmente. Estima-se que 2,2 bilhões de pessoas não tenham acesso adequado a esse recurso essencial, segundo o Relatório Mundial sobre Desenvolvimento Hídrico da ONU de 2024. O crescimento populacional e o aumento do consumo de água doce têm pressionado severamente as nações costeiras e insulares, onde a dessalinização da água do mar é uma necessidade vital. Porém, os métodos tradicionais para dessalinizar são caros, consomem muita energia e exigem manutenção frequente.

Pesquisadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, desenvolveram uma solução inovadora e eficiente: um dispositivo de dessalinização movido a energia solar, capaz de produzir 20 litros de água potável por dia com 93% de eficiência energética.

Este avanço pode transformar o cenário da dessalinização, oferecendo uma alternativa ecológica e econômica para atender a demanda crescente por água potável.

A natureza como Inspiração

O grande diferencial desse dispositivo é que ele imita o ciclo natural da água, que evapora e condensa repetidamente na natureza. Segundo o Dr. Michael Tam, professor do Departamento de Engenharia Química de Waterloo, a equipe se inspirou na maneira como as árvores transportam água das raízes para as folhas e como a água se move no meio ambiente.

Ao replicar esse processo, o dispositivo permite que a água do mar seja dessalinizada de maneira contínua e eficiente, sem o acúmulo de sal que frequentemente interrompe sistemas tradicionais.

Em sistemas de dessalinização convencionais, o sal acumulado bloqueia as membranas usadas para separar a água doce do sal, exigindo limpeza frequente e, muitas vezes, interrupções no processo.

A nova tecnologia, por outro lado, funciona em um ciclo fechado, onde a água evapora, condensa e o sal é separado de forma contínua. Isso elimina a necessidade de limpeza constante e aumenta a durabilidade do sistema.

Energia solar: O segredo da alta eficiência

Um dos aspectos mais impressionantes do dispositivo é o uso eficiente da energia solar. Ao aproveitar 93% da luz solar recebida, o sistema transforma essa energia em calor, que é utilizado para evaporar a água do mar e, assim, produzir água potável.

Com essa eficiência energética, o dispositivo é capaz de gerar 20 litros de água potável por metro quadrado diariamente, uma quantidade suficiente para atender à recomendação diária de consumo de água da Organização Mundial da Saúde.

O segredo da eficiência está nos materiais inovadores usados no dispositivo. Os pesquisadores Eva Wang e Weinan Zhao, doutorandos da Universidade de Waterloo, desenvolveram o sistema com uma espuma de níquel revestida por um polímero condutor e partículas de pólen termorresponsivas.

Esses materiais absorvem a luz solar de forma extremamente eficaz, convertendo-a em calor para aquecer e evaporar a água do mar.

A água salgada é aquecida e, em seguida, transportada para uma camada superior, onde evapora, enquanto o sal permanece na camada inferior, evitando obstruções e garantindo o funcionamento contínuo.

Uma solução de dessalinização para regiões remotas

Além de sua alta eficiência, o dispositivo também apresenta outra vantagem crucial: a portabilidade. Isso o torna uma opção viável para comunidades em áreas remotas e sem acesso fácil a água potável.

O Dr. Yuning Li, professor do Departamento de Engenharia Química de Waterloo e coautor do projeto, destaca que o dispositivo é ideal para regiões isoladas, onde a escassez de água doce é um problema grave.

A capacidade de operar em qualquer lugar com acesso à luz solar faz do dispositivo uma solução prática e acessível para muitas comunidades costeiras e insulares.

Nesses locais, a dessalinização já é um processo essencial, e a introdução de uma tecnologia mais barata, eficiente e portátil pode ser revolucionária.

A equipe da Universidade de Waterloo está confiante de que essa inovação pode ter um impacto significativo no combate à crise global de água.

O próximo passo no desenvolvimento da tecnologia é construir protótipos maiores e testá-los em ambientes reais, como no mar, para avaliar seu potencial de expansão.

Se esses testes forem bem-sucedidos, o dispositivo pode ser produzido em larga escala, oferecendo uma solução viável e sustentável para comunidades ao redor do mundo.

Essa tecnologia também se alinha com vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, incluindo a meta de garantir o acesso universal e equitativo à água potável (ODS 6), promover a ação climática (ODS 13) e fomentar a inovação em infraestrutura (ODS 9).

A adoção de tecnologias de dessalinização movidas a energia solar pode ser um divisor de águas, literalmente, na luta contra a escassez de água e o impacto das mudanças climáticas nas regiões costeiras e insulares.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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