Descoberta surpreendente: uma camada de diamantes com até 18 km de espessura. Pesquisadores recriaram as condições extremas do planeta em laboratório, revelando um processo de formação de diamantes.
A busca por tesouros escondidos sempre fascinou a humanidade. Mas e se eu lhe dissesse que um dos tesouros mais preciosos pode estar escondido em um lugar inesperado? Debaixo da superfície árida e inexplorada de um planeta, pode existir uma camada de diamantes com até 18 quilômetros de espessura.
De acordo com uma nova pesquisa, os diamantes podem estar em Mercúrio e se formaram logo após a consolidação do planeta, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.
Durante esse período, Mercúrio estava envolto em uma nuvem de poeira e gás, submetido a condições de alta pressão e alta temperatura. Acredita-se que a jovem crosta de grafite do planeta flutuava sobre um vasto oceano de magma.
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Segundo o portal CNN Brasil, uma equipe de pesquisadores recriou esse ambiente extremo em um laboratório, utilizando uma máquina chamada prensa de bigorna. Esta máquina permite que pequenas amostras sejam submetidas às mesmas pressões e temperaturas encontradas nas profundezas do manto de Mercúrio.
“É uma grande prensa, que nos permite submeter pequenas amostras à mesma alta pressão e alta temperatura que esperaríamos encontrar nas profundezas do manto de Mercúrio,” explicou Bernard Charlier, chefe do departamento de geologia da Universidade de Liège, na Bélgica, e coautor do estudo.
Recriação das condições de Mercúrio em laboratório
Os pesquisadores inseriram uma mistura sintética de elementos, incluindo silício, titânio, magnésio e alumínio, em uma cápsula de grafite, imitando a composição teorizada do interior de Mercúrio. Esta cápsula foi então submetida a pressões quase 70.000 vezes maiores do que as encontradas na superfície da Terra e temperaturas de até 2.000 ºC. Após a amostra derreter, a análise microscópica revelou que a grafite havia se transformado em cristais de diamante.
“Descobrimos que as condições são diferentes da Terra porque há muito enxofre em Mercúrio, o que diminuiu o ponto de fusão de nossa amostra,” comentou Charlier. “Ela derreteu completamente a uma temperatura mais baixa, o que é bom para a estabilidade do diamante. Isso sugere que o oceano de magma de Mercúrio é mais frio e profundo do que esperávamos.”
Mercúrio: o planeta misterioso
Mercúrio, o segundo planeta mais denso do sistema solar, possui um grande núcleo metálico que ocupa 85% de seu raio. Este núcleo e a falta de oxigênio, devido à proximidade com o Sol, diferenciam Mercúrio dos outros planetas rochosos. A última missão concluída para Mercúrio, a Messenger da NASA, orbitou o planeta entre março de 2011 e abril de 2015, coletando dados valiosos sobre sua geologia, química e campo magnético.
“Comparado à Lua ou Marte, sabemos muito pouco sobre Mercúrio, também porque não temos amostras da superfície do planeta,” explicou Yanhao Lin, cientista do Centro de Pesquisa Avançada em Ciência e Tecnologia de Alta Pressão em Pequim e coautor do estudo.
A Messenger revelou que Mercúrio é rico em carbono, com uma superfície cinza devido à presença generalizada de grafite. A pesquisa atual sugere que, durante a formação do planeta, a presença de enxofre e as condições extremas permitiram a transformação da grafite em diamante.
Formação dos diamantes e possíveis implicações
Charlier e sua equipe acreditam que a camada de diamantes de Mercúrio, estimada entre 15 e 18 quilômetros de espessura, ainda está em formação, à medida que o núcleo do planeta esfria. No entanto, a profundidade de cerca de 500 quilômetros torna a mineração desses diamantes inviável com a tecnologia atual.
“É razoável considerar que lavas formadas pela fusão do manto profundo poderiam trazer alguns diamantes para a superfície, similar ao que acontece na Terra,” sugeriu Charlier. Esse processo de formação de diamantes pode estar acontecendo também em exoplanetas com características semelhantes a Mercúrio, especialmente aqueles com baixa quantidade de oxigênio.
Futuras missões e desafios
A próxima missão para Mercúrio, a BepiColombo, lançada em outubro de 2018 pela Agência Espacial Europeia e pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, está prevista para entrar na órbita do planeta em dezembro de 2025. Esta missão promete fornecer dados mais precisos sobre a composição e a estrutura interna de Mercúrio, possivelmente identificando e quantificando o carbono na superfície, além de explorar a presença de diamantes.
“BepiColombo pode possivelmente identificar e quantificar o carbono na superfície, mas também se há diamante ou mais grafite,” afirmou Charlier. A colaboração é nomeada em homenagem ao cientista italiano Giuseppe “Bepi” Colombo, que inventou a manobra de “assistência gravitacional” rotineiramente usada para enviar sondas a outros planetas.
A importância da pesquisa
Sean Solomon, investigador principal da missão Messenger da NASA, destacou que a pesquisa apresenta uma ideia interessante, embora confirmá-la seja um desafio para futuras missões a Mercúrio.
“Qualquer camada de diamante é profunda e relativamente fina,” disse Solomon. “A técnica mais promissora é provavelmente a sismologia, mas isso exigiria landers de longa duração na superfície de Mercúrio.”
Felipe González, físico teórico da Universidade da Califórnia, Berkeley, acredita que o estudo representa um passo importante na compreensão dos interiores planetários e sua formação.
“Estudos interdisciplinares como este são cruciais para abordar problemas complexos na ciência,” afirmou González. No entanto, ele também ressaltou que muitas suposições sobre o interior de Mercúrio ainda dependem de medições indiretas e futuros experimentos.
Por enquanto, as missões futuras como BepiColombo trarão mais luz sobre os mistérios de Mercúrio e, talvez, confirmarão a existência desses valiosos diamantes escondidos.
Será que um dia conseguiremos explorar e minerar esses tesouros em Mercúrio? Deixe suas opiniões nos comentários!