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Revelada a energia invisível: pedra extraída das profundezas de minas é responsável por uma das maiores revoluções científicas e tecnológicas da história moderna

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/07/2024 às 18:12
A descoberta nas minas de Jáchymov revolucionou a ciência, revelando a poderosa energia nuclear e mudando o curso da história. (Imagem: reprodução)
A descoberta nas minas de Jáchymov revolucionou a ciência, revelando a poderosa energia nuclear e mudando o curso da história. (Imagem: reprodução)

No coração da Europa, nos corredores sombrios das minas de prata de Jáchymov, na República Checa, uma descoberta mudou o curso da história.

No final do século XVIII, especificamente em 1789, o químico alemão Martin Heinrich Klaproth isolou um metal desconhecido a partir de um mineral chamado pitchblende, até então usado apenas para pigmentação de cerâmicas e vidros.

Mas essa pedra, inicialmente desprezada, escondia um poder revolucionário que transformaria a ciência e a tecnologia. Cerca de 60 anos depois, em 1852, o físico e matemático Gabriel Stokes começou a estudar as propriedades da luz em diversos materiais.

Conforme explicado no vídeo abaixo, do canal Defiant, ele descobriu que os vidros pigmentados com substâncias extraídas da pitchblende apresentavam uma forte fluorescência. Esse fenômeno peculiar despertou a curiosidade científica, mas ainda não revelava todo o potencial oculto do mineral. Essa primeira observação foi um ponto de partida importante, mas muito mais estava por vir.

Henri Becquerel e a Energia Invisível: Uma Descoberta Acidental

Foi apenas no final do século XIX que o verdadeiro potencial da pitchblende começou a ser desvendado. Em 1896, Henri Becquerel, um físico francês fascinado por fenômenos de fluorescência, decidiu investigar se o metal extraído da pitchblende emitia raios semelhantes aos recém-descobertos raios X.

Durante seus experimentos, Becquerel expôs o metal a diferentes tipos de luz para intensificar sua fluorescência. Em um incidente inesperado, ele deixou o metal guardado na escuridão junto com um papel fotográfico.

Para sua surpresa, o papel registrou marcas, indicando que o metal emitia uma forma de energia invisível. Essa descoberta revelou a radioatividade e mudou completamente a ciência.

Marie e Pierre Curie: Desvendando os Mistérios da Radiação

A descoberta de Becquerel inspirou Marie Curie, uma cientista polonesa, a fazer da radiação o tema de sua tese de doutorado. Seu marido, Pierre Curie, também se entusiasmou com a pesquisa e se juntou a ela, abandonando seus estudos sobre magnetismo.

Em seu laboratório improvisado em Paris, os Curies isolaram dois novos elementos radioativos: o polônio e o rádio. Eles descobriram que o urânio, o metal extraído da pitchblende, emitia energia continuamente, transformando-se em outros elementos e liberando uma forma poderosa de energia.

Ernest Rutherford e a Transmutação Atômica

Paralelamente, o físico Ernest Rutherford investigou a transmutação do urânio. Ele percebeu que o urânio se transformava em outros elementos, liberando energia no processo.

Essa descoberta contradizia a crença de que os átomos eram indivisíveis e mostrou que o urânio tinha um potencial energético até então inimaginável.

Rutherford concluiu que o urânio podia liberar uma forma contínua e poderosa de energia, alterando a compreensão científica sobre a matéria.

Leo Szilard e a Reação em Cadeia: Uma Revelação no Trânsito

Em 1933, em Londres, o cientista Leo Szilard teve um insight enquanto atravessava a rua. Inspirado por um discurso do físico Ernest Rutherford, Szilard refletiu sobre a possibilidade de induzir reações nucleares usando nêutrons, partículas sem carga elétrica.

Conforme consta no vídeo, ele imaginou uma reação em cadeia, onde um nêutron bombardeia um átomo, liberando energia e mais nêutrons, que por sua vez causam novas reações. Essa ideia revolucionária de Szilard foi um marco para a ciência nuclear.

Nos anos seguintes, Enrico Fermi, um dos físicos mais renomados da época, trabalhou com Szilard para testar a teoria da reação em cadeia. Eles bombardearam diversos elementos com nêutrons, observando suas reações.

Quando utilizaram urânio, descobriram que ele se dividia em elementos menores, liberando enormes quantidades de energia. Essa descoberta confirmou a teoria de Szilard: o urânio podia iniciar uma reação em cadeia, abrindo caminho para a energia nuclear controlada.

A Era da Energia Nuclear: Do Laboratório à Bomba Atômica

As descobertas de Fermi e Szilard levaram à primeira reação nuclear controlada e, eventualmente, ao desenvolvimento da bomba atômica.

O que começou como uma curiosidade científica em uma mina na República Checa culminou na liberação de uma das forças mais poderosas conhecidas pela humanidade. A energia invisível do urânio transformou-se em uma ferramenta tanto para a destruição quanto para a geração de energia.

A Transformação da Ciência e da Tecnologia

A descoberta da radioatividade e da capacidade do urânio de liberar energia de forma contínua e poderosa não apenas revolucionou a física, mas também teve um impacto profundo na tecnologia e na sociedade.

A energia nuclear tornou-se uma nova fonte de poder, levando ao desenvolvimento de reatores nucleares para geração de eletricidade e à criação de armas nucleares, mudando o equilíbrio geopolítico global.

A energia nuclear, inclusive, trouxe promessas de um futuro com energia abundante e limpa, mas também apresentou desafios e riscos significativos.

Os acidentes nucleares, como Chernobyl e Fukushima, destacaram os perigos associados à tecnologia nuclear, enquanto as armas nucleares continuam a representar uma ameaça à segurança global.

A busca por formas seguras e sustentáveis de utilizar a energia nuclear continua a ser um tema central na ciência e na política.

A Continuidade da Pesquisa Nuclear

A pesquisa nuclear não parou com as descobertas iniciais. Novos avanços, como a fusão nuclear, prometem uma fonte de energia ainda mais poderosa e limpa.

Cientistas ao redor do mundo trabalham incansavelmente para superar os desafios técnicos e econômicos da energia nuclear, buscando soluções que possam garantir um futuro energético sustentável.

Além de seu uso na geração de energia e nas armas, a radiação tem aplicações importantes na medicina. A radioterapia, por exemplo, é uma técnica essencial no tratamento de câncer, utilizando a radiação para destruir células cancerígenas.

A pesquisa nuclear também levou ao desenvolvimento de técnicas de imagem avançadas, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que permitem diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.

O Futuro da Energia Nuclear

O futuro da energia nuclear depende de avanços tecnológicos, regulamentações rigorosas e uma compreensão profunda dos riscos e benefícios.

A pesquisa contínua e a inovação são essenciais para explorar o potencial da fusão nuclear e outras tecnologias emergentes. A energia nuclear pode desempenhar um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas, fornecendo uma fonte de energia limpa e eficiente.

Ou seja, desde a sua descoberta até as aplicações modernas, o urânio desempenhou um papel crucial na evolução da ciência e da tecnologia. Suas propriedades únicas permitiram o desenvolvimento de uma das fontes de energia mais poderosas conhecidas, revolucionando a maneira como vemos o mundo e abrindo novas possibilidades para o futuro.

A história do urânio é uma história de inovação, descoberta e potencial transformador. Como você acha que a descoberta da energia nuclear influenciou o mundo moderno? Deixe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com experiência de seis anos em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em temas como política, empregos, economia, cursos e outros. Caso tenha alguma dúvida ou sugestão de pauta sobre algum dos temas tratados no site, por favor, entre em contato.

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