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Cientistas propõem método revolucionário para lidar com resíduos radioativos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 09/07/2025 às 21:46
Nova tecnologia do CERN propõe transformar lixo nuclear perigoso em energia limpa com sistema que reduz riscos e gera até 500 megawatts
Nova tecnologia do CERN propõe transformar lixo nuclear perigoso em energia limpa com sistema que reduz riscos e gera até 500 megawatts
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Um dos maiores desafios da energia nuclear é o destino do lixo radioativo. Agora, uma proposta inédita de cientistas do CERN e da China pode mudar isso completamente. A ideia é usar feixes gama para transformar resíduos perigosos em materiais mais seguros — e ainda gerar energia limpa.

Uma nova proposta pode mudar o destino do lixo nuclear. Pesquisadores do CERN e da Universidade da Academia Chinesa de Ciências apresentaram uma tecnologia que promete transformar resíduos radioativos em formas mais seguras — e gerar energia no processo.

A inovação foi publicada na revista científica Nature e já está chamando atenção por seu potencial de resolver dois grandes problemas ao mesmo tempo: o acúmulo de resíduos perigosos e a necessidade urgente de energia limpa.

A promessa da energia nuclear

A energia nuclear é considerada uma das fontes mais eficientes de eletricidade limpa do mundo. Atualmente, cerca de 25% da eletricidade livre de carbono global vem desse tipo de geração.

Mas ela tem um lado difícil de resolver: os resíduos radioativos que permanecem perigosos por milhares de anos. Os chamados produtos de fissão de longa vida (LLFPs) exigem armazenamento seguro por períodos que ultrapassam muitas gerações humanas.

O acúmulo desse tipo de lixo tornou-se um problema sério, principalmente para países que apostam fortemente na energia nuclear para reduzir as emissões de carbono.

A solução: transformar lixo em watts

A nova proposta se baseia em um conceito chamado transmutação nuclear. Com ele, os resíduos de longa duração podem ser convertidos em elementos mais estáveis ou de vida curta.

A diferença está na ferramenta usada: potentes feixes de raios gama gerados pela Fábrica Gama do CERN.

O sistema, batizado de Sistema Avançado de Energia Nuclear (ANES), usa esses raios para gerar nêutrons capazes de iniciar a transformação dos resíduos. Esse processo reduz significativamente a periculosidade dos resíduos e, ao mesmo tempo, gera energia térmica.

Segundo os pesquisadores, o ANES pode gerar até 500 megawatts de energia térmica. Isso é suficiente não apenas para manter o próprio sistema funcionando, mas também para fornecer energia adicional.

E há mais um diferencial: esse método não exige a separação prévia de isótopos radioativos, uma etapa cara e tecnicamente complexa. Isso torna o processo mais viável e acessível em comparação com outras alternativas.

Redução drástica do risco radioativo

A transmutação proposta tem um impacto direto no tempo de risco associado aos resíduos nucleares. Ao invés de esperarem milhares de anos para que se tornem inofensivos, os materiais tratados com o novo método teriam a meia-vida reduzida para apenas 100 anos.

Isso significa que os resíduos poderiam ser armazenados por períodos muito mais curtos e com menos riscos para o meio ambiente e para a saúde humana. É uma mudança importante, com potencial de aliviar o fardo de gerações futuras.

Além disso, o uso de feixes de fótons (raios gama) é mais eficiente do que os métodos tradicionais que utilizam prótons. Esses métodos exigem mais energia para funcionar e não oferecem o mesmo retorno energético durante o processo.

Caminho até a implantação

Apesar do grande potencial, a tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento. Os pesquisadores afirmam que a proposta pode se tornar realidade dentro de algumas décadas, dependendo dos avanços em infraestrutura e financiamento.

Se for adotado em larga escala, o sistema pode ajudar países que desejam apostar na energia nuclear sem herdar os problemas do lixo radioativo.

O estudo representa mais do que uma ideia promissora — é um passo concreto para um futuro mais limpo. E embora o sistema ANES seja voltado para grandes reatores, ele reforça uma mensagem importante: é possível encontrar soluções sustentáveis para os desafios energéticos mais complexos do mundo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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