Exigência inédita em 2025 obriga repórteres a submeter reportagens antes da publicação e gera críticas de organizações jornalísticas
Em setembro de 2025, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou uma medida inédita que surpreendeu a imprensa. Jornalistas credenciados no Pentágono precisam assinar um termo que os obriga a submeter suas reportagens à aprovação de agentes do governo antes da publicação. Além disso, o descumprimento da exigência implica na perda das credenciais de acesso ao edifício, o que amplia ainda mais as críticas.
De acordo com a determinação, quem não cumprir a regra perde as credenciais e o direito de entrada. A decisão, revelada pelo secretário de Defesa Pete Hegseth, recebeu críticas severas de entidades que defendem a liberdade de imprensa. Portanto, especialistas avaliam que a medida simboliza um retrocesso democrático.
Muitos analistas consideram a regra um ataque à transparência, enquanto Hegseth reforçou que “a imprensa não comanda o Pentágono”. Assim, a tensão entre governo e imprensa se intensificou de forma imediata.
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Críticas de organizações jornalísticas
As reações contrárias surgiram rapidamente. O Clube Nacional de Imprensa (National Press Club) declarou que a decisão equivale a “um ataque direto ao jornalismo independente, exatamente onde o escrutínio é mais necessário: nas Forças Armadas dos EUA”.
O presidente da entidade, Mike Balsamo, destacou que, durante décadas, repórteres forneceram informações cruciais sobre guerras e operações militares, o que contribuiu para manter a sociedade informada. Além disso, ele ressaltou que a imprensa livre garante o funcionamento da democracia.
Ele afirmou ainda que, quando notícias dependem da autorização governamental, o público recebe apenas o que as autoridades escolhem divulgar. “Isso deveria alarmar todos os americanos. Reportagens independentes são essenciais para que cidadãos responsabilizem líderes e acompanhem decisões de guerra e paz à luz do dia”, reforçou Balsamo.
Reação do Departamento de Defesa
Em resposta, o secretário Pete Hegseth declarou que “quem comanda o Pentágono é o povo, não a imprensa”. Em seguida, em rede social, ele completou: “Use um crachá e siga as regras — ou vá para casa.”
Esse embate ampliou a tensão entre governo e jornalistas. Além disso, em maio de 2025, o mesmo departamento restringiu a circulação da imprensa em áreas antes liberadas, exigindo autorizações adicionais e escoltas, o que já havia causado mal-estar.
Violações constitucionais
A Fundação Liberdade para a Imprensa (Freedom of the Press Foundation) classificou a nova política como “a mais grave violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA”. A entidade ressaltou que o governo não pode impedir a divulgação de informações públicas apenas sob alegação de sigilo. Portanto, a regra representa uma ameaça direta a direitos fundamentais.
A Primeira Emenda, em vigor desde 1791, garante a liberdade de expressão e de imprensa. Assim, especialistas entendem que a decisão marca um ataque direto a pilares da democracia norte-americana, o que gera riscos sérios à transparência institucional.
Pressão crescente contra a mídia em 2025
A exigência de setembro de 2025 não ocorreu de forma isolada. Pelo contrário, outras medidas do governo Trump aumentaram a pressão contra a imprensa ao longo do ano:
- Em maio de 2025, repórteres foram limitados fisicamente no Pentágono, precisando de escolta para circular.
- Na semana anterior à aprovação prévia, Donald Trump ameaçou cancelar licenças de rádios e televisões críticas ao governo, o que ampliou os protestos.
- Poucos dias depois, a rede ABC, controlada pela Disney, suspendeu o programa do apresentador Jimmy Kimmel, crítico da gestão, após forte pressão da Casa Branca.
Esses episódios reforçam as denúncias de que o governo tenta enfraquecer o jornalismo independente e controlar a narrativa pública. Além disso, ampliam o temor de censura generalizada.
A importância do jornalismo independente
Entidades jornalísticas destacam que a cobertura independente das Forças Armadas é fundamental para a democracia, pois garante à sociedade acesso a informações sobre decisões de guerra e paz. Dessa forma, a população pode cobrar transparência das autoridades.
Mike Balsamo lembrou que, durante gerações, apenas a liberdade de investigação permitiu informar a população sobre os rumos dos conflitos. “Sem imprensa independente, a sociedade perde o direito de cobrar transparência e responsabilidade dos líderes”, disse.
Perspectivas e riscos para a democracia
Especialistas alertam que a imposição de censura prévia cria um precedente perigoso. Se a medida for mantida, pode redefinir a relação entre governo e imprensa nos EUA, reduzindo o acesso da sociedade a informações livres e confiáveis. Além disso, o enfraquecimento da imprensa enfraquece também a fiscalização social.
Organizações independentes pressionam pela revogação da política. Ao mesmo tempo, jornalistas temem que a decisão seja apenas o início de um controle institucionalizado da informação, o que compromete ainda mais a liberdade de expressão.
Afinal, em um país que historicamente defende a liberdade, a exigência de aprovação prévia de reportagens no Pentágono levanta uma questão séria: estariam os EUA limitando um dos pilares de sua própria democracia?