Apesar do recorde em energias renováveis, o mundo ainda enfrenta grandes desafios para cumprir as metas climáticas globais até 2030.
O avanço das energias renováveis marcou um momento histórico em 2024. Segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), o mundo adicionou 582 gigawatts (GW) de nova capacidade renovável, o maior aumento já registrado em um único ano.
No entanto, apesar desse feito, o mundo ainda não consegue cumprir totalmente as metas climáticas globais.
Por isso, é essencial entender que apenas o crescimento não basta; é preciso agir de forma coordenada e estratégica.
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Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, os países vêm se comprometendo a limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Além disso, eles precisam triplicar a capacidade instalada de energias renováveis até 2030, alcançando 11,2 terawatts (TW) em nível mundial.
A COP28 em Dubai reafirmou essa meta e destacou que a expansão das fontes limpas precisa acelerar significativamente.
Portanto, as ações de curto prazo são decisivas para garantir o cumprimento das metas globais.
Atualmente, para atingir o objetivo de 2030, o planeta precisa adicionar cerca de 1.122 GW por ano a partir de 2025, o que representa um aumento anual de 16,6%.
Dessa forma, o crescimento registrado em 2024, embora impressionante, ainda não garante que as metas climáticas sejam cumpridas.
Consequentemente, é necessário combinar expansão da geração com melhorias na eficiência energética e políticas públicas consistentes.
Um panorama histórico da energia e seus impactos
Ao longo da história, o setor energético sempre impulsionou o desenvolvimento econômico e tecnológico.
No século XIX, a Revolução Industrial utilizou o carvão como motor principal, que mais tarde deu lugar ao petróleo e ao gás natural no século XX.
Contudo, o uso intensivo de combustíveis fósseis trouxe consequências graves, como o aumento das emissões de dióxido de carbono e o aquecimento global.
Por isso, o século XXI se tornou o período da transição energética, com foco em fontes limpas e sustentáveis.
Durante a segunda metade do século XX, países como Alemanha, Dinamarca e Japão começaram a investir em energia eólica e solar em pequena escala.
Esses investimentos criaram bases tecnológicas que hoje sustentam a expansão global.
Além disso, esse aprendizado histórico mostra que implementar energias renováveis exige planejamento de longo prazo, pesquisa constante e políticas públicas consistentes.
Assim, é possível compreender melhor os desafios atuais.
Apesar dos avanços recentes, os especialistas alertam que a eficiência energética cresce muito lentamente.
Em 2024, a intensidade energética global aumentou apenas 1%, enquanto seria necessário crescer cerca de 4% ao ano para atingir o limite de 1,5°C.
Portanto, não basta gerar energia limpa; é preciso consumi-la melhor e de forma mais racional.
A transformação energética envolve tecnologia, comportamento social, políticas públicas e investimentos estratégicos.
Consequentemente, cada ação conta para manter as metas globais dentro do alcance.
Um dos maiores obstáculos para alcançar as metas climáticas é o financiamento.
O relatório da IRENA e da Aliança Global de Renováveis (GRA) indica que os investimentos anuais precisam atingir cerca de 1,4 trilhão de dólares entre 2025 e 2030, mais do que o dobro do volume investido em 2024.
Portanto, os recursos são essenciais não apenas para expandir a geração de energia renovável, mas também para modernizar redes elétricas, fortalecer cadeias de suprimentos e impulsionar a manufatura de tecnologias limpas.
Vozes globais e o senso de urgência
Líderes mundiais reforçam o senso de urgência.
António Guterres, secretário-geral da ONU, alerta que o crescimento da energia limpa é imparável, mas a janela para manter o limite de 1,5°C está se fechando rapidamente.
Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA, afirma que as energias renováveis representam a solução mais rentável e a maior oportunidade econômica do nosso tempo.
Ben Backwell, presidente da GRA, destaca que 75% dos investimentos vêm do setor privado, o que torna essencial criar políticas de longo prazo que ofereçam segurança e previsibilidade para os investidores.
Desde as décadas de 1990 e 2000, a comunidade internacional debateu a necessidade de reduzir as emissões de carbono e aumentar a participação das fontes limpas.
Conferências como a Rio-92, o Protocolo de Kyoto e o próprio Acordo de Paris moldaram o caminho para uma nova era energética.
No entanto, muitos países ainda dependem fortemente do petróleo e do carvão, especialmente nas economias emergentes.
O papel das grandes economias, como o G20 e o G7, é fundamental para mudar esse cenário.
O relatório mostra que o G20 deverá representar mais de 80% da capacidade renovável global em 2030, o que significa que suas decisões políticas e econômicas impactam diretamente o cumprimento das metas climáticas.
Os países do G7 precisam aumentar sua contribuição para 20% da capacidade mundial, com compromissos financeiros que promovam a transição energética também nos países em desenvolvimento.
Assim, cada decisão conta.
Financiamento internacional e infraestrutura necessária
Outro aspecto importante é o financiamento climático internacional.
As nações desenvolvidas se comprometeram a destinar 300 bilhões de dólares por ano para apoiar projetos de energia limpa em países mais vulneráveis, com a meta aspiracional de chegar a 1,3 trilhão de dólares em investimentos anuais.
Portanto, esses recursos garantem que a transição energética seja justa e inclusiva, evitando ampliar a desigualdade entre nações.
A transição não se resume à instalação de painéis solares e turbinas eólicas.
É preciso investir em infraestrutura moderna, capaz de armazenar e distribuir a energia de forma eficiente.
As redes elétricas do futuro devem ser inteligentes, flexíveis e descentralizadas.
Especialistas estimam que serão necessários 670 bilhões de dólares anuais para atualizar e expandir as redes de transmissão, garantindo estabilidade e segurança no fornecimento de energia limpa.
Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento, como baterias de alta capacidade e hidrogênio verde, ajudará a lidar com a intermitência de algumas fontes renováveis.
Benefícios ambientais, sociais e econômicos
As energias renováveis oferecem vantagens sociais e ambientais amplas.
Elas reduzem a emissão de gases de efeito estufa, melhoram a qualidade do ar, diminuem doenças respiratórias e fortalecem a segurança energética dos países.
Além disso, promovem inovação tecnológica e criam milhões de empregos verdes, impulsionando economias locais.
Outro impacto positivo é o acesso universal à energia, especialmente em comunidades isoladas, onde soluções descentralizadas transformam realidades.
A adoção de energias limpas também estimula cadeias produtivas locais e pequenas indústrias, contribuindo para o desenvolvimento regional.
Países que investem em capacitação e tecnologia conseguem gerar energia sustentável e exportar conhecimento e produtos relacionados à transição energética.
Portanto, os benefícios se multiplicam.
Mesmo com os desafios, o cenário é promissor.
As energias limpas tornaram-se mais baratas e competitivas do que as fontes fósseis em grande parte do mundo.
A energia solar e eólica tiveram reduções de custo superiores a 80% na última década, tornando-se acessíveis até para pequenos consumidores.
Consequentemente, a transição energética é necessária e economicamente vantajosa.
Um futuro promissor, mas com desafios
Agora, falta alinhar vontade política, recursos financeiros e cooperação internacional.
As metas climáticas só serão alcançadas se governos, empresas e sociedade civil atuarem juntos.
A COP30, presidida pelo Brasil, surge como uma nova oportunidade para revisar compromissos e fortalecer os planos nacionais de energia e clima.
O sucesso dependerá da capacidade global de transformar compromissos em ações concretas.
Portanto, embora 2024 tenha registrado um recorde histórico na expansão das energias renováveis, o desafio ainda é enorme.
A transição energética está em curso, mas precisa acelerar para que o mundo consiga atingir as metas climáticas e garantir um futuro sustentável.
O relógio climático não para, e cada ano perdido dificulta o caminho rumo à neutralidade de carbono.
No entanto, se a humanidade agir com determinação e cooperação, as energias renováveis poderão sustentar uma nova era de prosperidade, equilíbrio ambiental e segurança global.