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Renováveis batem recorde histórico em 2024, mas ficam longe das metas climáticas

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 17/10/2025 às 09:22
Campo com turbinas eólicas gerando energia durante o meio-dia sob céu limpo.
Turbinas eólicas giram sob o céu claro de meio-dia, simbolizando o uso de fontes renováveis para um futuro sustentável.
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Apesar do recorde em energias renováveis, o mundo ainda enfrenta grandes desafios para cumprir as metas climáticas globais até 2030.

O avanço das energias renováveis marcou um momento histórico em 2024. Segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), o mundo adicionou 582 gigawatts (GW) de nova capacidade renovável, o maior aumento já registrado em um único ano.

No entanto, apesar desse feito, o mundo ainda não consegue cumprir totalmente as metas climáticas globais.

Por isso, é essencial entender que apenas o crescimento não basta; é preciso agir de forma coordenada e estratégica.

Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, os países vêm se comprometendo a limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Além disso, eles precisam triplicar a capacidade instalada de energias renováveis até 2030, alcançando 11,2 terawatts (TW) em nível mundial.

A COP28 em Dubai reafirmou essa meta e destacou que a expansão das fontes limpas precisa acelerar significativamente.

Portanto, as ações de curto prazo são decisivas para garantir o cumprimento das metas globais.

Atualmente, para atingir o objetivo de 2030, o planeta precisa adicionar cerca de 1.122 GW por ano a partir de 2025, o que representa um aumento anual de 16,6%.

Dessa forma, o crescimento registrado em 2024, embora impressionante, ainda não garante que as metas climáticas sejam cumpridas.

Consequentemente, é necessário combinar expansão da geração com melhorias na eficiência energética e políticas públicas consistentes.

Um panorama histórico da energia e seus impactos

Ao longo da história, o setor energético sempre impulsionou o desenvolvimento econômico e tecnológico.

No século XIX, a Revolução Industrial utilizou o carvão como motor principal, que mais tarde deu lugar ao petróleo e ao gás natural no século XX.

Contudo, o uso intensivo de combustíveis fósseis trouxe consequências graves, como o aumento das emissões de dióxido de carbono e o aquecimento global.

Por isso, o século XXI se tornou o período da transição energética, com foco em fontes limpas e sustentáveis.

Durante a segunda metade do século XX, países como Alemanha, Dinamarca e Japão começaram a investir em energia eólica e solar em pequena escala.

Esses investimentos criaram bases tecnológicas que hoje sustentam a expansão global.

Além disso, esse aprendizado histórico mostra que implementar energias renováveis exige planejamento de longo prazo, pesquisa constante e políticas públicas consistentes.

Assim, é possível compreender melhor os desafios atuais.

Apesar dos avanços recentes, os especialistas alertam que a eficiência energética cresce muito lentamente.

Em 2024, a intensidade energética global aumentou apenas 1%, enquanto seria necessário crescer cerca de 4% ao ano para atingir o limite de 1,5°C.

Portanto, não basta gerar energia limpa; é preciso consumi-la melhor e de forma mais racional.

A transformação energética envolve tecnologia, comportamento social, políticas públicas e investimentos estratégicos.

Consequentemente, cada ação conta para manter as metas globais dentro do alcance.

Um dos maiores obstáculos para alcançar as metas climáticas é o financiamento.

O relatório da IRENA e da Aliança Global de Renováveis (GRA) indica que os investimentos anuais precisam atingir cerca de 1,4 trilhão de dólares entre 2025 e 2030, mais do que o dobro do volume investido em 2024.

Portanto, os recursos são essenciais não apenas para expandir a geração de energia renovável, mas também para modernizar redes elétricas, fortalecer cadeias de suprimentos e impulsionar a manufatura de tecnologias limpas.

Vozes globais e o senso de urgência

Líderes mundiais reforçam o senso de urgência.

António Guterres, secretário-geral da ONU, alerta que o crescimento da energia limpa é imparável, mas a janela para manter o limite de 1,5°C está se fechando rapidamente.

Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA, afirma que as energias renováveis representam a solução mais rentável e a maior oportunidade econômica do nosso tempo.

Ben Backwell, presidente da GRA, destaca que 75% dos investimentos vêm do setor privado, o que torna essencial criar políticas de longo prazo que ofereçam segurança e previsibilidade para os investidores.

Desde as décadas de 1990 e 2000, a comunidade internacional debateu a necessidade de reduzir as emissões de carbono e aumentar a participação das fontes limpas.

Conferências como a Rio-92, o Protocolo de Kyoto e o próprio Acordo de Paris moldaram o caminho para uma nova era energética.

No entanto, muitos países ainda dependem fortemente do petróleo e do carvão, especialmente nas economias emergentes.

O papel das grandes economias, como o G20 e o G7, é fundamental para mudar esse cenário.

O relatório mostra que o G20 deverá representar mais de 80% da capacidade renovável global em 2030, o que significa que suas decisões políticas e econômicas impactam diretamente o cumprimento das metas climáticas.

Os países do G7 precisam aumentar sua contribuição para 20% da capacidade mundial, com compromissos financeiros que promovam a transição energética também nos países em desenvolvimento.

Assim, cada decisão conta.

Financiamento internacional e infraestrutura necessária

Outro aspecto importante é o financiamento climático internacional.

As nações desenvolvidas se comprometeram a destinar 300 bilhões de dólares por ano para apoiar projetos de energia limpa em países mais vulneráveis, com a meta aspiracional de chegar a 1,3 trilhão de dólares em investimentos anuais.

Portanto, esses recursos garantem que a transição energética seja justa e inclusiva, evitando ampliar a desigualdade entre nações.

A transição não se resume à instalação de painéis solares e turbinas eólicas.

É preciso investir em infraestrutura moderna, capaz de armazenar e distribuir a energia de forma eficiente.

As redes elétricas do futuro devem ser inteligentes, flexíveis e descentralizadas.

Especialistas estimam que serão necessários 670 bilhões de dólares anuais para atualizar e expandir as redes de transmissão, garantindo estabilidade e segurança no fornecimento de energia limpa.

Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento, como baterias de alta capacidade e hidrogênio verde, ajudará a lidar com a intermitência de algumas fontes renováveis.

Benefícios ambientais, sociais e econômicos

As energias renováveis oferecem vantagens sociais e ambientais amplas.

Elas reduzem a emissão de gases de efeito estufa, melhoram a qualidade do ar, diminuem doenças respiratórias e fortalecem a segurança energética dos países.

Além disso, promovem inovação tecnológica e criam milhões de empregos verdes, impulsionando economias locais.

Outro impacto positivo é o acesso universal à energia, especialmente em comunidades isoladas, onde soluções descentralizadas transformam realidades.

A adoção de energias limpas também estimula cadeias produtivas locais e pequenas indústrias, contribuindo para o desenvolvimento regional.

Países que investem em capacitação e tecnologia conseguem gerar energia sustentável e exportar conhecimento e produtos relacionados à transição energética.

Portanto, os benefícios se multiplicam.

Mesmo com os desafios, o cenário é promissor.

As energias limpas tornaram-se mais baratas e competitivas do que as fontes fósseis em grande parte do mundo.

A energia solar e eólica tiveram reduções de custo superiores a 80% na última década, tornando-se acessíveis até para pequenos consumidores.

Consequentemente, a transição energética é necessária e economicamente vantajosa.

Um futuro promissor, mas com desafios

Agora, falta alinhar vontade política, recursos financeiros e cooperação internacional.

As metas climáticas só serão alcançadas se governos, empresas e sociedade civil atuarem juntos.

A COP30, presidida pelo Brasil, surge como uma nova oportunidade para revisar compromissos e fortalecer os planos nacionais de energia e clima.

O sucesso dependerá da capacidade global de transformar compromissos em ações concretas.

Portanto, embora 2024 tenha registrado um recorde histórico na expansão das energias renováveis, o desafio ainda é enorme.

A transição energética está em curso, mas precisa acelerar para que o mundo consiga atingir as metas climáticas e garantir um futuro sustentável.

O relógio climático não para, e cada ano perdido dificulta o caminho rumo à neutralidade de carbono.

No entanto, se a humanidade agir com determinação e cooperação, as energias renováveis poderão sustentar uma nova era de prosperidade, equilíbrio ambiental e segurança global.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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