Montadora francesa avalia corte global que pode atingir setores de recursos humanos, finanças e marketing em meio a reestruturação e incertezas no mercado automotivo
A Renault estuda um novo plano de reestruturação que pode resultar no corte de até 3 mil empregos em todo o mundo, segundo informações do site francês l’Informe, citadas pela agência France Press. A medida faz parte de uma estratégia da montadora para reduzir 15% dos postos de trabalho em áreas administrativas e de suporte, como recursos humanos, finanças e marketing, diante do cenário de forte competição e desaceleração nas vendas globais.
Em comunicado, a Renault afirmou que nenhuma decisão final foi tomada, mas confirmou que avalia formas de simplificar sua estrutura, acelerar processos internos e reduzir custos fixos. O anúncio ocorre em meio a um ambiente de incerteza para a indústria automotiva, marcada pela transição tecnológica, altos custos de eletrificação e margens mais apertadas.
Reestruturação atinge áreas administrativas e não a produção
De acordo com a imprensa francesa, os cortes planejados não afetariam diretamente as linhas de produção, mas sim as áreas corporativas e de suporte nas sedes da companhia na Europa e em outras regiões.
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O plano estaria sendo analisado pela alta direção da Renault como parte de um programa de eficiência operacional iniciado ainda em 2023.
Fontes próximas à empresa afirmam que o objetivo é reduzir a sobreposição de funções entre as marcas do grupo e adaptar a estrutura ao novo modelo de negócios, mais voltado para a mobilidade elétrica, digitalização e parcerias estratégicas.
A medida também busca liberar recursos para investimentos em novos projetos de veículos elétricos e em tecnologias de software automotivo.
Mercado automotivo pressiona por margens e ajustes
A Renault enfrenta um dos períodos mais desafiadores da indústria automotiva global, com queda na demanda por veículos na Europa e margens comprimidas pelo aumento dos custos de energia e de matérias-primas.
Além disso, a concorrência com fabricantes chinesas, que oferecem elétricos com preços agressivos, tem forçado as montadoras europeias a rever suas estratégias de custo e produção.
Especialistas apontam que a eletrificação acelerada exige grandes investimentos, mas ainda não gera retorno suficiente para sustentar o mesmo nível de emprego e estrutura administrativa.
Nesse contexto, empresas como Volkswagen, Stellantis e Ford também anunciaram cortes de pessoal e revisões de operações na Europa e nos Estados Unidos.
Parcerias e novos rumos para a Renault
A montadora vem passando por uma profunda transformação desde a saída de Carlos Ghosn, ex-CEO que liderou a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Sob nova gestão, a empresa tem apostado em parcerias estratégicas com montadoras e empresas de tecnologia, buscando equilibrar custos e acelerar o desenvolvimento de carros elétricos e conectados.
Na América do Sul, a Renault tem estudado novos acordos industriais, incluindo uma possível produção conjunta com a chinesa Chery, o que sinaliza uma mudança estrutural na sua forma de operar.
A empresa também retomou investimentos em fábricas no Brasil e na Argentina, mas mantém o foco principal na reestruturação global para garantir competitividade nos mercados mais maduros.
Incertezas e impacto sobre funcionários
A possibilidade de corte de 3 mil postos gerou preocupação entre os sindicatos franceses, que exigem garantias de proteção aos trabalhadores e transparência sobre os critérios de demissão.
Em resposta, a Renault reiterou que as discussões ainda estão em fase preliminar e que pretende conduzir o processo dentro da legislação trabalhista de cada país.
“Dadas as incertezas no mercado automotivo e o ambiente extremamente competitivo, confirmamos que estamos considerando maneiras de otimizar nossos custos fixos e melhorar a execução de nossos projetos”, informou a empresa em nota.
Mesmo sem números oficiais, analistas de mercado afirmam que os cortes, se confirmados, podem gerar economia anual superior a € 300 milhões, fortalecendo o caixa da companhia em meio ao aumento dos custos de transição para veículos elétricos e híbridos.
A possível decisão da Renault de cortar milhares de empregos reforça o clima de readequação global no setor automotivo, onde grandes montadoras buscam equilibrar custos e investimentos em inovação.
Enquanto algumas apostam na expansão da produção de elétricos, outras precisam enxugar estruturas corporativas para sobreviver à nova fase da indústria.
Você acredita que essas demissões fazem parte de uma estratégia necessária de adaptação ou revelam uma crise mais profunda na Renault e no setor automotivo europeu? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem acompanha de perto as transformações da indústria.