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Relógio perdido há 165 anos em naufrágio mortal volta para casa

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/06/2025 às 23:08
naufrágio
O lacre de cera traz as iniciais de Herbert Ingram. Valerie van Heest
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Objeto de Herbert Ingram, político britânico morto no desastre de 1860, é recuperado no Lago Michigan e entregue a museu na cidade natal.

Um relógio de bolso, recuperado de um naufrágio mortal no Lago Michigan, foi finalmente devolvido ao Reino Unido, 165 anos depois do acidente que vitimou seu dono. O objeto pertenceu a Herbert Ingram, jornalista e político britânico de Boston, Lincolnshire. Em 1860, Ingram morreu a bordo do Lady Elgin, um navio a vapor que afundou após colidir com outra embarcação.

O naufrágio do Lady Elgin

O naufrágio do Lady Elgin é considerado um dos piores desastres marítimos da história dos Grandes Lagos. Mais de 300 passageiros perderam a vida no acidente.

Muitos deles eram soldados irlandeses-americanos da unidade de milícia Guarda da União de Wisconsin.

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O grupo viajava após o governador de Wisconsin ter confiscado suas armas. Com a viagem, pretendiam arrecadar fundos para a compra de novos mosquetes e participar de um comício político em Chicago.

Durante o retorno a Milwaukee, o navio enfrentou forte mau tempo e baixa visibilidade. Nas primeiras horas de 8 de setembro de 1860, a escuna madeireira Augusta colidiu com o Lady Elgin.

O Augusta sofreu poucos danos e seguiu viagem. Já o Lady Elgin afundou rapidamente, em apenas trinta minutos, na costa norte de Illinois.

A descoberta do navio

Somente em 1989 o Lady Elgin foi localizado, perto de Highland Park. O responsável pela descoberta foi Harry Zych, um salvador particular.

Na época, uma lei recente dos Estados Unidos, a Lei de Naufrágios Abandonados de 1988, declarava que embarcações abandonadas seriam propriedade do estado. No entanto, Zych argumentou que o Lady Elgin nunca fora legalmente abandonado, conseguindo assim obter na justiça o direito de propriedade sobre o naufrágio.

Com isso, o Lady Elgin tornou-se um dos poucos naufrágios de propriedade privada no mundo e o único com essa condição nos Grandes Lagos, segundo o Chicago Tribune.

O achado do relógio

Em setembro de 1992, mergulhadores que exploravam os destroços localizaram um relógio de bolso de ouro. O objeto estava acompanhado de uma corrente e um lacre de cera.

Eles guardaram o relógio por anos, até decidirem, no ano passado, entrar em contato com Valerie van Heest, arqueóloga e historiadora que já havia estudado o naufrágio na década de 1990.

Van Heest, moradora de Holland, Michigan, foi cofundadora da Associação de Pesquisa de Naufrágios de Michigan e autora de um livro sobre os 150 anos do naufrágio do Lady Elgin, conforme relatado por Steve Weinman, da Divernet. Ela também foi curadora de uma exposição no Museu Marítimo de Chicago sobre o tema.

Confirmação da origem

Para autenticar a origem do relógio, Van Heest contou com a ajuda de um especialista em relógios. A caixa do objeto trazia o nome do fabricante: John Bennet Company, de Cheapside, Inglaterra, conhecido por produzir relógios de alta qualidade no século XIX. Além disso, o lacre de cera apresentava as iniciais “HI”, esculpidas em pedra de sardônica.

Como Herbert Ingram era o único passageiro a bordo com essas iniciais e também o único estrangeiro, a identificação do dono foi possível.

Ingram, que também foi membro do Parlamento, costumava autenticar documentos com um selo de cera personalizado, o que reforçou ainda mais a ligação com o relógio.

Van Heest declarou à BBC News que, ao analisar o item, rapidamente percebeu que o objeto não pertencia à América. Seu desejo passou a ser devolver o relógio à cidade natal de Ingram, que possui uma estátua dele na praça central.

A devolução à Inglaterra

Van Heest adquiriu o relógio e o doou à cidade de Boston, na Inglaterra. Coincidentemente, o museu Boston Guildhall preparava uma exposição sobre Ingram, intitulada “Herbert Ingram: Ilustrando as Notícias”. Ingram foi também o fundador do Illustrated London News, primeiro periódico ilustrado da cidade.

Ao entregar o relógio, Van Heest explicou à WXMI que a devolução era a atitude correta. “Isso lembra às pessoas que naufrágios afetaram famílias e mostra que, 165 anos depois, ainda nos importamos. As pessoas se importam com as vidas perdidas.”

Sarah Sharpe, do Conselho Municipal de Boston, expressou sua empolgação com o retorno do artefato. “Desde então, estou absolutamente entusiasmada”, disse à BBC News. “Herbert Ingram foi uma das nossas pessoas mais influentes.”

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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