Descubra por que a regulação de energia renovável é essencial para o avanço sustentável, a segurança energética e o combate às mudanças climáticas.
Nas últimas décadas, o mundo passou por uma importante transição energética.
De fato, saímos de uma dependência quase absoluta de combustíveis fósseis para uma era em que as fontes renováveis, como solar, eólica, biomassa e hidrelétrica, ganham cada vez mais espaço.
Nesse contexto, no centro desse movimento, existe um elemento essencial que garante o bom funcionamento, a segurança e o equilíbrio entre o progresso e a preservação ambiental: a regulação de energia renovável.
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A regulação, portanto, não representa apenas um conjunto de regras burocráticas.
Ela é o alicerce que permite o crescimento sustentável das fontes limpas de energia, protegendo tanto o meio ambiente quanto os interesses da sociedade.
Para entender sua importância, é necessário voltar um pouco no tempo e compreender como essa discussão evoluiu ao longo dos anos.
Além disso, a regulação ajuda a resolver questões práticas que envolvem a produção e o uso da energia renovável.
Por exemplo, o fornecimento de energia precisa ser estável, mesmo que o sol não brilhe ou o vento não sopre em determinado momento.
Assim, regulamentações técnicas e operacionais garantem essa estabilidade, por meio da integração das fontes renováveis com outras formas de geração e armazenamento.
O contexto histórico da regulação de energia
A necessidade de regular o setor energético começou a ganhar força no século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial.
Segundo o site do International Energy Agency (IEA), naquele período, os governos passaram a intervir com mais intensidade no fornecimento e distribuição de energia, considerando-a um serviço essencial para o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população.
No entanto, a energia predominante ainda vinha de fontes fósseis, como petróleo e carvão.
Somente nos anos 1970, com as crises do petróleo, a comunidade internacional passou a discutir alternativas energéticas mais sustentáveis.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, foi o primeiro grande evento internacional a abordar a relação entre energia e meio ambiente, conforme registrado no site da ONU Meio Ambiente.
A partir daí, a comunidade internacional começou a associar o desenvolvimento econômico à necessidade de preservar os recursos naturais.
Com o passar dos anos, especialmente após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), realizada no Rio de Janeiro em 1992, e o Protocolo de Kyoto em 1997, o mundo viu emergir o conceito de desenvolvimento sustentável como prioridade global.
Conforme aponta o site da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), esses eventos impulsionaram a criação de marcos legais e políticas públicas para incentivar fontes limpas de energia.
Nesse processo, muitos países passaram a elaborar suas próprias regulamentações, adaptando os princípios internacionais à sua realidade econômica, social e ambiental.
Essa diversidade faz com que a regulação se torne um instrumento estratégico para o desenvolvimento nacional, incentivando investimentos, inovação tecnológica e a criação de empregos.
O que significa regular a energia renovável?
A regulação de energia renovável envolve o conjunto de leis, diretrizes, políticas públicas e normas técnicas que organizam a produção, a distribuição e o consumo da energia proveniente de fontes renováveis.
Ela garante que esse setor cresça de maneira ordenada, com benefícios reais para a sociedade e o meio ambiente.
Entre os objetivos dessa regulação estão estimular a inovação e a competitividade, atrair investimentos oferecendo segurança jurídica, proteger o consumidor garantindo energia acessível e de qualidade, reduzir impactos ambientais e contribuir para o combate às mudanças climáticas.
Essa regulação acontece em diferentes níveis: nacional, estadual e até municipal. Também envolve acordos internacionais, como os compromissos firmados no Acordo de Paris de 2015, segundo o site da UNFCCC, em que os países se comprometem a ampliar o uso de fontes limpas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Outro aspecto importante consiste na regulamentação da geração distribuída, que permite que residências, comércios e indústrias produzam sua própria energia renovável, geralmente solar, e injetem o excedente na rede elétrica.
Essa mudança transforma o setor elétrico, pois descentraliza a produção e democratiza o acesso à energia limpa.
Regulação e inovação caminham juntas
Um dos maiores desafios da regulação consiste em acompanhar o ritmo acelerado da inovação tecnológica no setor energético.
Novos modelos de geração, armazenamento e distribuição de energia surgem constantemente.
A energia solar fotovoltaica, por exemplo, teve um crescimento exponencial nos últimos anos, impulsionada por melhorias na tecnologia e pela redução de custos, conforme dados da International Renewable Energy Agency (IRENA).
Para que essas inovações beneficiem a sociedade de forma ampla, a regulação precisa acompanhar esse avanço.
Isso significa criar normas mais flexíveis, revisar legislações antigas e abrir espaço para experiências-piloto, como as “comunidades energéticas”, onde grupos de consumidores compartilham energia gerada localmente.
A regulação inteligente também considera aspectos sociais, como a inclusão de populações de baixa renda no acesso à energia limpa.
Programas de subsídio e incentivos específicos contribuem para que a transição energética não amplie desigualdades, mas sim que reduza injustiças históricas no acesso aos serviços básicos.
Outro ponto relevante é o papel da digitalização e das novas tecnologias da informação na gestão do sistema elétrico.
A regulação deve permitir a adoção de smart grids (redes inteligentes), que melhoram o monitoramento, a eficiência e a integração das fontes renováveis.
Isso facilita o equilíbrio entre oferta e demanda.
Os desafios da regulação em um mundo em transição
Embora reconheça-se a importância da regulação de energia renovável, ela ainda enfrenta muitos desafios, tanto em países desenvolvidos quanto em nações em desenvolvimento.
Entre os principais obstáculos estão a morosidade dos processos legais, a sobreposição de normas entre diferentes esferas de governo, a falta de incentivos financeiros contínuos e a resistência de setores tradicionais da indústria de energia.
Superar esses desafios exige diálogo entre governo, sociedade civil, setor privado e comunidade científica.
O caminho é longo, mas os benefícios são significativos.
Além de reduzir os impactos ambientais, a energia renovável gera empregos, promove o desenvolvimento regional e torna os sistemas energéticos mais resilientes diante das mudanças climáticas.
No cenário brasileiro, processos burocráticos para o licenciamento ambiental atrasam a implementação de novos projetos.
Além disso, a regulação deve lidar com as especificidades das diferentes regiões do país, que possuem potencialidades e demandas distintas.
A participação ativa da sociedade exerce papel decisivo.
A conscientização sobre a importância da energia renovável e o apoio a políticas públicas transparentes e eficientes aceleram a transição energética.