O uso do carregador de carro elétrico em prédios terá novas regras a partir de 2026. Normas dos Bombeiros exigem desligamento manual e chuveiros automáticos, mas associação do setor critica custos e falta de clareza.
O carregador de carro elétrico deixou de ser novidade em garagens de prédios e passou a fazer parte do cotidiano de motoristas em todo o Brasil. Porém, a instalação desses equipamentos agora precisa obedecer a um conjunto de novas regras publicado pelo Conselho Nacional de Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCGBM).
O documento, divulgado no final de agosto, orienta os corpos de bombeiros estaduais sobre como regulamentar a segurança em estacionamentos e garagens com pontos de recarga. A medida busca evitar riscos de incêndio e padronizar procedimentos em todo o país.
Obrigações imediatas para prédios e estacionamentos
Entre os pontos de destaque, está a exigência de um ponto de desligamento manual em todas as estações de recarga, posicionado a até cinco metros da vaga. Também será necessário instalar um disjuntor exclusivo entre os módulos de recarga e a rede elétrica, além de sinalizar claramente tanto o carregador de carro elétrico quanto o local do desligamento.
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Nos prédios novos, as regras são ainda mais rígidas. Será obrigatório ter:
- sistema de detecção de incêndio;
- sprinklers (chuveiros automáticos);
- ventilação mecânica por exaustores;
- estrutura resistente ao fogo por, no mínimo, duas horas.
Já para edifícios mais antigos, as normas exigem que os chuveiros automáticos sejam interligados ao sistema de hidrantes existente, além de adequações na parte elétrica e de detecção de incêndios.
Para garagens localizadas fora das edificações, as normas foram consideradas mais flexíveis. Nesses casos, não será obrigatória, por exemplo, a instalação de chuveiros automáticos. Isso ocorre porque o risco de propagação de incêndios é menor em áreas abertas.
Reações positivas e críticas às novas regras
A publicação trouxe elogios em alguns pontos, principalmente no que diz respeito à padronização de critérios técnicos e à ênfase em segurança contra incêndios. No entanto, também gerou forte reação contrária de entidades ligadas ao setor de veículos elétricos.
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) foi uma das principais vozes críticas. Em nota, a entidade afirmou que algumas medidas são “de difícil aplicação técnica para a maioria dos edifícios atuais” e que os custos seriam “desproporcionais” para garagens residenciais e comerciais.
Questionamentos sobre os chuveiros automáticos
A maior polêmica envolve a obrigatoriedade dos sprinklers em garagens que possuem carregador de carro elétrico. Para a ABVE, a regra cria uma penalização indevida justamente para quem adota sistemas mais seguros e modernos.
“Sempre que houver um Save, toda a garagem será obrigada a ter chuveiros automáticos. Mas onde não houver Save, tais chuveiros não serão necessários. Ou seja: punirá quem instala sistemas de recarga com segurança e equipamentos de alta confiabilidade, e será omissa quanto às garagens sem recarga, perpetuando o status quo”, disse a entidade.
A associação também argumenta que não existe referência internacional que justifique a obrigatoriedade de sprinklers apenas pelo fato de haver carregadores instalados.
Veículos a combustão também oferecem riscos
Outro ponto levantado pela ABVE é que as normas concentram-se nos veículos elétricos e ignoram os riscos de automóveis a combustão. A entidade cita dados do Corpo de Bombeiros de São Paulo, segundo os quais ocorrem em média 16 incêndios de veículos a combustão por dia, totalizando quase 6 mil casos por ano.
Segundo a associação, ao não incluir essa realidade no debate, as regras criam um desequilíbrio de tratamento entre tecnologias diferentes.
Desafios práticos para condomínios e shoppings
Além da questão técnica, há uma preocupação prática: prazos e custos de adaptação. A ABVE considera que exigir a implementação imediata de medidas em prédios já existentes é incompatível com a realidade de condomínios, shoppings e até aeroportos.
Com isso, gestores de empreendimentos terão que lidar com altos investimentos em infraestrutura, muitas vezes sem clareza sobre como realizar as adaptações.
Quando as regras começam a valer
As exigências passam a vigorar em 180 dias a partir da publicação, ou seja, no final de fevereiro de 2026. Contudo, há diferenças no prazo de adaptação.
Enquanto a instalação de interruptores manuais e disjuntores terá de estar pronta imediatamente após o prazo, itens como sprinklers e alarmes ainda dependem de regulamentações adicionais de cada estado.