Clássico indiano ressurge com preço popular, identidade nacional e distribuição ampliada, buscando espaço em um mercado dominado por multinacionais e reativando a nostalgia de consumidores com garrafa de 200 ml a US$ 0,12 (cerca de R$ 0,65).
A Campa Cola, tradicional marca indiana lançada nos anos 1970, voltou ao mercado com o objetivo de competir com Coca-Cola e Pepsi por meio de preço reduzido, apelo nacional e maior presença nos pontos de venda.
O relançamento, conduzido pela Reliance Consumer Products após a aquisição da marca em 2022, aposta em uma garrafa de 200 ml vendida por ₹ 10 (cerca de US$ 0,12, ou aproximadamente R$ 0,65) — estratégia voltada a ampliar o alcance entre consumidores de renda média e baixa, segundo informações da Bloomberg.
Retomada com foco em preço e identidade local
Criada em um período em que grandes multinacionais não operavam na Índia, a Campa Cola foi, à época, associada ao consumo nacional.
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Especialistas em marketing avaliam que o novo reposicionamento da marca recupera esse simbolismo, destacando a origem indiana e a ideia de valorização da produção local.
A política de preço busca atender ao público que realiza compras por impulso em mercearias e pequenos comércios.
De acordo com analistas do setor de bebidas, a precificação agressiva coloca o produto entre as opções mais acessíveis da categoria no país.
Reestreia sob nova gestão e portfólio renovado

A Reliance Consumer Products relançou oficialmente a marca em 2023.
Além da versão tradicional de cola, foram apresentadas opções de laranja, limão e zero açúcar, voltadas a públicos com hábitos de consumo diversificados.
As embalagens passaram por atualização visual, mantendo elementos históricos, e as campanhas publicitárias passaram a valorizar o conceito de origem nacional.
Segundo a empresa, o reposicionamento pretende consolidar a Campa Cola como uma alternativa produzida localmente e disponível em todo o território indiano.
Distribuição como pilar da ofensiva comercial
Analistas destacam que a expansão logística é um dos principais desafios do setor de refrigerantes.
A Campa Cola aposta na ampliação da rede de distribuição para garantir presença em diferentes tipos de pontos de venda, incluindo áreas rurais e cidades médias, consideradas estratégicas pelo grupo.
A Reliance utiliza sua estrutura de varejo e atacado para otimizar a entrega e reduzir rupturas de estoque, o que pode aumentar a visibilidade do produto em relação aos concorrentes.
Segundo o grupo, a meta é garantir que a marca esteja disponível de forma constante, inclusive em regiões onde as multinacionais têm presença consolidada.
Investimento para escalar produção e visibilidade
A empresa informou planos de investir entre ₹ 6.000 crore e ₹ 8.000 crore nos próximos 12 a 15 meses.
Os recursos serão aplicados na modernização de fábricas, ampliação de linhas de envase e fortalecimento de ações de marketing.
De acordo com fontes do mercado de bebidas, a expansão tem como meta sustentar a política de preços baixos e aumentar a capacidade de produção para atender à demanda prevista.
Marca histórica, consumidores novos
A Campa Cola busca dialogar com diferentes gerações.
Consumidores que conheceram a marca nas décadas passadas representam o público de memória afetiva, enquanto jovens que cresceram com marcas internacionais são vistos como um novo nicho a ser conquistado.

Especialistas em comportamento de consumo afirmam que o desafio é equilibrar o componente nostálgico com a oferta de produtos e comunicação adequados às preferências atuais.
A marca também estuda a inclusão de sabores regionais, uma prática comum entre fabricantes que buscam ampliar a penetração nacional.
Tendência global e exemplos no Brasil
O retorno de marcas tradicionais não é exclusivo da Índia.
No Brasil, o movimento de resgatar refrigerantes clássicos vem sendo utilizado por empresas para reforçar vínculos culturais e disputar espaço em um mercado dominado por multinacionais.
A Itubaína, criada pela antiga Schincariol e hoje parte do portfólio da Heineken Brasil, passou a investir em edições especiais e embalagens com design retrô.
A Ambev também reintroduziu as garrafinhas “Caçulinha” do Guaraná Antarctica, modelo de 200 ml que fez sucesso nas décadas de 1990 e 2000 e voltou a circular em campanhas publicitárias recentes.
Outro exemplo é o Mineirinho, refrigerante tradicional mantido pela Coca-Cola FEMSA, que preserva relevância regional ao associar-se à identidade cultural e às preferências locais, segundo executivos do setor.
Competição acirrada e barreiras do mercado
Segundo analistas de mercado, o setor de refrigerantes é altamente concentrado e depende de investimentos elevados em marketing e distribuição.
As grandes multinacionais mantêm contratos de exclusividade e forte presença em pontos de venda, o que representa um obstáculo para novas marcas ou relançamentos.
Ainda assim, especialistas afirmam que o retorno da Campa Cola pode aumentar a competitividade e estimular novas estratégias de preço e inovação no setor.
Essa movimentação tende a beneficiar o consumidor com maior variedade de opções e possíveis reduções nos preços médios das bebidas.

Expansão além das fronteiras indianas
Em fevereiro de 2025, a Campa Cola iniciou sua expansão internacional com o lançamento nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo comunicado da empresa, o foco inicial é atender à comunidade indiana e testar o desempenho da marca em mercados com grande presença de expatriados.
Especialistas em comércio exterior afirmam que a iniciativa pode funcionar como um projeto-piloto para futuras exportações a outros países da Ásia e do Oriente Médio.
O papel do preço de entrada na estratégia
De acordo com executivos da Reliance, o preço de ₹ 10 para a garrafa de 200 ml funciona como incentivo à experimentação do produto.
O formato pequeno é voltado a compras de conveniência, especialmente em lojas de bairro.
Profissionais da área de distribuição destacam, porém, que a manutenção dessa faixa de preço depende de controle de custos logísticos e estabilidade nos valores de insumos, como açúcar e combustível.
Versões zero açúcar e garrafas de maior volume foram lançadas para complementar o portfólio e oferecer opções com maior valor agregado.


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