Projeto no Congresso propõe mudanças na aposentadoria e pensões dos militares, com idade mínima de 55 anos e novas regras de benefícios.
Em 2024, o governo federal enviou ao Congresso o Projeto de Lei nº 4.920/2024, que trata de alterações profundas nas regras de aposentadoria e pensões das Forças Armadas. A proposta vem sendo chamada informalmente de “reforma da Previdência Militar” e já está em análise pelas comissões da Câmara dos Deputados. O texto prevê mudanças estruturais que, segundo especialistas, podem impactar diretamente carreiras, reservas remuneradas e benefícios pagos a dependentes de militares. Se aprovado, será a maior revisão do sistema desde a reforma implementada em 2019.
Idade mínima de 55 anos para a reserva remunerada
Um dos pontos mais discutidos é a fixação da idade mínima de 55 anos para que militares possam passar para a reserva remunerada.
Hoje, a regra principal é baseada no tempo de serviço (em geral, 30 anos), sem exigência de idade mínima. Com a mudança, muitos militares que já planejavam deixar a ativa mais cedo teriam que permanecer mais tempo no serviço.
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Juristas e associações militares argumentam que essa medida pode gerar impacto na motivação e na estrutura hierárquica das Forças Armadas, já que atrasaria promoções e a entrada de novos quadros.
Alterações nas pensões militares
O projeto também propõe mudanças na forma como as pensões por morte são pagas. Atualmente, a pensão pode ser transmitida para cônjuges, filhos e, em alguns casos, até outros dependentes.
O novo texto busca restringir a migração de cotas de pensão, ou seja, impedir que o benefício seja transferido para dependentes que não estejam na linha direta prioritária (como filhos adultos ou netos em algumas situações).
Essa medida tem o objetivo declarado de reduzir os gastos da União com pensões de longa duração, mas enfrenta críticas por afetar famílias que dependem exclusivamente desse valor.
Impactos financeiros e resistências políticas
O governo estima que a reforma pode gerar uma economia bilionária aos cofres públicos ao longo das próximas décadas. Isso porque o sistema previdenciário militar é considerado, por especialistas em contas públicas, um dos mais caros e desequilibrados do funcionalismo, com alto gasto per capita.
Por outro lado, representantes de militares da reserva e da ativa já manifestaram resistência. Deputados como General Girão (PL-RN) e outros parlamentares ligados às Forças Armadas afirmam que o projeto precisa ser amplamente discutido para não “desmotivar” a carreira militar.
Segundo eles, o texto poderia fragilizar a atratividade da profissão e penalizar famílias que, historicamente, se dedicam integralmente à vida militar.
O que dizem os especialistas
Especialistas em direito previdenciário afirmam que a proposta segue uma tendência de alinhamento com a reforma da previdência civil de 2019, que já havia estabelecido idade mínima para aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada e servidores.
Para juristas, a medida busca corrigir distorções entre militares e civis, mas o desafio é equilibrar o papel estratégico das Forças Armadas com a sustentabilidade fiscal do país.
O futuro da reforma da Previdência Militar
Atualmente, o PL 4.920/2024 está em análise na Câmara dos Deputados e ainda precisará passar pelo Senado antes de eventual sanção presidencial.
Caso seja aprovado, os efeitos não serão imediatos para todos. O texto prevê regras de transição para militares que já estão próximos da reserva, tentando amenizar o impacto.
Mesmo assim, o projeto é visto como um divisor de águas na forma como o Brasil lida com aposentadoria e pensões militares.
O debate em torno do PL 4.920/2024 vai além dos números. Ele mexe com a tradição, a hierarquia e a própria estrutura das Forças Armadas.
Se aprovado, o projeto não apenas mudará as regras de aposentadoria e pensões, mas também definirá o futuro da carreira militar no Brasil — entre a necessidade de ajuste fiscal e a manutenção de direitos históricos.