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Rede de farmácias afunda em dívidas de R$ 71 milhões e luta para não fechar as portas no Brasil; crise expõe batalha silenciosa do varejo farmacêutico em 2025

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 04/11/2025 às 11:05
Rede de farmácias afunda em dívidas de R$ 71 milhões e luta para não fechar as portas no Brasil; crise expõe batalha silenciosa do varejo farmacêutico em 2025
Foto: Rede de farmácias afunda em dívidas de R$ 71 milhões e luta para não fechar as portas no Brasil; crise expõe batalha silenciosa do varejo farmacêutico em 2025
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Maxxi Econômica enfrenta dívida de R$ 71 milhões e pede recuperação judicial para evitar falência em 2025, expondo crise no varejo farmacêutico regional.

O Brasil entra em 2025 olhando para uma transformação profunda no setor de varejo de saúde. Enquanto grandes grupos nacionais e redes consolidadas intensificam sua expansão, uma realidade paralela bate à porta: a sobrevivência de dezenas de redes regionais, pressionadas pelo crédito caro, pela guerra de preços e pela competição agressiva de gigantes multicapitalizadas. No centro desse cenário dramático está a Maxxi Econômica, tradicional rede de farmácias do Rio Grande do Sul, que vive o momento mais delicado de sua história. Uma dívida de R$ 71,5 milhões, entre obrigações trabalhistas, bancárias e com fornecedores, empurrou a companhia para um pedido de recuperação judicial — sua última tentativa de evitar o fechamento definitivo de lojas e proteger empregos em plena crise.

Em um mercado que cresceu com velocidade nos últimos anos, impulsionado pelo aumento da longevidade da população, pela expansão de serviços de saúde dentro das farmácias e por investimentos milionários de gigantes do setor, a história da Maxxi Econômica expõe uma verdade incômoda: nem todos conseguem acompanhar a nova dinâmica competitiva do país.

A trajetória de uma rede regional e o peso da disputa com grandes grupos

Fundada há mais de 30 anos, a Maxxi Econômica se consolidou como uma das redes mais tradicionais do varejo farmacêutico gaúcho. Suas lojas ocupam bairros e cidades onde o atendimento próximo, a confiança da comunidade e a presença física eram suficientes para prosperar.

Mas o jogo mudou.

Nos últimos cinco anos, o setor sofreu uma das maiores transformações da sua história. Grupos como Panvel, Raia Drogasil, Pague Menos e Drogaria São Paulo aceleraram a expansão, digitalizaram operações e reforçaram programas de fidelidade e logística omnichannel.

Plataformas de delivery passaram a entregar medicamentos em minutos. Clínicas de vacinação e serviços laboratoriais foram incorporados às lojas. O varejo farmacêutico tornou-se um braço da saúde moderna, e a competição ficou assimétrica.

Redes regionais, com menor fôlego financeiro e estrutura logística mais limitada, passaram a sentir a pressão. A Maxxi Econômica foi uma das que mais sofreu. Altos juros, inflação no setor de insumos e medicamentos, desaceleração econômica no Sul e a dificuldade de repassar custos ao consumidor criaram uma tempestade perfeita.

O resultado: endividamento crescente e dificuldade para honrar compromissos financeiros.

Dívida milionária e corrida judicial para evitar a falência

De acordo com o processo judicial, a Maxxi Econômica chegou a 2025 com um passivo superior a R$ 71 milhões, incluindo bancos, fornecedores, cooperativas e dívidas trabalhistas. Quando se considera obrigações tributárias fora da recuperação, o número pode se aproximar de R$ 100 milhões.

Sem acesso a crédito e sob pressão de vencimentos, a empresa solicitou proteção judicial para evitar a falência imediata. O objetivo é negociar prazos, reestruturar o pagamento e manter lojas abertas enquanto tenta recuperar caixa.

A recuperação judicial, embora seja um instrumento legal legítimo e muitas vezes necessário, também marca publicamente o sinal de alerta: uma rede que já foi símbolo de estabilidade entrou em modo de sobrevivência.

E isso acende um ponto fundamental no debate sobre o varejo de saúde no país: se uma empresa com décadas de atuação e presença regional forte não consegue respirar, o que dizer das centenas de pequenos empreendedores do setor?

Juros altos, concorrência acirrada e margens comprimidas

O caso da Maxxi Econômica não é um evento isolado. Ele é sintoma de um modelo de negócios sendo colocado à prova. O setor farmacêutico, embora resiliente e essencial, opera com margens estreitas em muitas categorias. Genéricos, dermocosméticos, itens de perfumaria e OTCs se tornaram palco de guerra de preços.

A isso se somam:

Custo de capital elevado — com juros superiores a 10% ao ano por longos períodos
Concorrência de grandes players com capital aberto e capacidade de absorver prejuízos temporários
Mudança no comportamento do consumidor, cada vez mais digital e sensível a programas de fidelidade
Avanço de marketplaces vendendo medicamentos OTC com preço agressivo
Pressão logística e tributária

Neste cenário, o varejo farmacêutico deixa de ser apenas comércio: ele exige escala, tecnologia, logística e inteligência de dados.

Para redes regionais, o desafio é brutal.

O impacto social e econômico de uma queda regional

A crise da Maxxi Econômica não afeta apenas seus proprietários. Ela mexe com trabalhadores, fornecedores locais, farmácias independentes que dependem de distribuidoras regionais e até com consumidores que veem menos concorrência e, potencialmente, preços mais altos onde a empresa opera.

Redes de farmácias regionais cumprem papel estratégico em centenas de cidades brasileiras — especialmente onde grandes grupos ainda não chegaram. Elas garantem acesso a medicamentos, serviços básicos e preços competitivos. Quando uma enfraquece, todo o ecossistema local sente.

Por isso, o caso gaúcho é observado não apenas pelo setor, mas por analistas que monitoram tendências do varejo e estruturas de mercado.

Uma luta que reflete uma transformação nacional

A história da Maxxi Econômica é o retrato de uma questão maior: o futuro do varejo farmacêutico brasileiro será concentrado nas mãos de poucos grupos nacionais? Ou ainda haverá espaço para redes regionais e modelos híbridos?

Se nada mudar, o movimento natural é de consolidação e casos como esse serão cada vez mais frequentes.

Mas existe um ponto que ainda pode equilibrar a disputa: a proximidade com o cliente local, característica que redes regionais dominam como poucas.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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