A crise no setor de petróleo e gás avança com cortes de empregos, queda nos investimentos e recessão prolongada, afetando empresas como ConocoPhillips, Chevron e BP.
A onda de cortes de empregos atinge com força a indústria de petróleo e gás, conforme noticiado pela AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) nesta quarta-feira, 10 de setembro. Nos Estados Unidos, a ConocoPhillips informou que até 3.250 funcionários podem ser desligados até o Natal, enquanto a Chevron já reduziu cerca de 8.000 postos desde fevereiro. A BP também anunciou 4.700 cortes. O cenário revela uma crise que não é isolada, mas sim reflexo de uma recessão global em curso.
Segundo Mike Wirth, CEO da Chevron, “a maneira de proteger o máximo de empregos para a maioria das pessoas é nos mantermos competitivos”. Essa fala evidencia a pressão que as companhias enfrentam para equilibrar custos e manter operações sustentáveis diante da instabilidade no mercado.
Recessão global e queda nos preços do petróleo
A recessão é agravada pelo declínio dos preços do petróleo bruto. Após dispararem com a invasão da Ucrânia pela Rússia, as cotações caíram pela metade. Analistas da Wood Mackenzie projetam que o Brent pode recuar abaixo de US$ 60 o barril no início de 2026, permanecendo nesse patamar por anos.
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Esse valor representa um desafio especialmente para os produtores de shale nos EUA, cuja viabilidade exige preços de cerca de US$ 65 por barril, de acordo com o Federal Reserve de Dallas. Para Kirk Edwards, da Latigo Petroleum, “este não é um problema exclusivo da Conoco. É um sinal de alerta para toda a indústria de petróleo e gás dos EUA”.
A resposta das empresas tem sido diversa. Muitas estão arquivando ou vendendo projetos, enquanto outras recorrem à terceirização e ferramentas digitais para reduzir custos. A Saudi Aramco, por exemplo, levantou US$ 10 bilhões com a venda parcial de sua rede de oleodutos. Já a Petronas, da Malásia, cortou 5.000 empregos.
De acordo com Andrew Gillick, da Enverus, “a IA está oferecendo às operadoras novas maneiras de otimizar em um mercado desafiador”. Essa adaptação tecnológica mostra que, além dos cortes de empregos, há uma tentativa de modernizar processos e buscar eficiência.
Investimentos em queda e riscos futuros
Os efeitos da recessão vão além do presente. A previsão é de que os investimentos globais em capital caiam 4,3% este ano, somando US$ 341,9 bilhões, a primeira retração desde 2020. Isso já impacta a produção dos Estados Unidos, que deve se contrair pela primeira vez desde 2021.
Para Roe Patterson, da Marauder Capital, o alerta é claro: “Os produtores estadunidenses de petróleo estão enfrentando dificuldades… o que está custando empregos. O problema é que nossa produção de petróleo pode não estar disponível quando os EUA precisar dela no futuro”.