A Receita Federal começará a utilizar inteligência artificial em 2026 para identificar quem mora em imóveis de terceiros sem declarar aluguel ou contrato formal.
A partir de janeiro de 2026, a Receita Federal passará a usar inteligência artificial para cruzar informações do CINTER (Cadastro Nacional de Imóveis Rurais e Urbanos) e da CIB (Cadastro de Imóveis Brasileiros). O sistema terá como foco notificar contribuintes que residem em imóveis de terceiros sem contrato registrado ou sem informar pagamento de aluguel.
Segundo o especialista Murilo Tasco, do canal Imposto de Renda sem Frescura, essa mudança foi autorizada pela Lei Complementar 214/2025 e marca um avanço na fiscalização tributária.
A Receita Federal terá autonomia para enviar notificações automáticas, o que pode gerar questionamentos até mesmo em casos comuns, como filhos que moram na casa dos pais.
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Como funcionará o cruzamento de dados
A Receita Federal terá acesso às bases do CINTER e da CIB de forma integrada. Sempre que um contribuinte informar seu endereço na declaração do Imposto de Renda, a IA vai verificar se o imóvel realmente pertence a ele.
Caso não pertença, o sistema investigará se existe contrato de locação, comodato ou qualquer outra cessão de uso.
Murilo Tasco explica que a ausência de documentação formal poderá resultar em multa de até 20%, além de exigir defesa do contribuinte via e-Defesa ou processo eletrônico no e-CAC.
O mecanismo busca identificar tanto os proprietários que não declaram o recebimento de aluguel quanto os inquilinos que omitem o pagamento na declaração.
Quem pode ser notificado pela Receita Federal
Não apenas os proprietários, mas também os inquilinos estarão no radar da Receita Federal. Isso porque o artigo 975 do Regulamento do Imposto de Renda obriga o locatário a informar o valor do aluguel pago, mesmo que o regime simplificado seja utilizado.
Nos casos de famílias, contratos de comodato serão fundamentais para comprovar a ausência de cobrança de aluguel.
Se um pai cede o imóvel a um filho sem receber nada em troca, será necessário apresentar esse documento em eventual fiscalização. Sem isso, a Receita poderá interpretar a situação como omissão de rendimento.
Riscos do uso da inteligência artificial
Embora a medida seja apresentada como inovação, há riscos de a IA cometer erros e punir contribuintes de forma indevida.
Nesse cenário, o cidadão terá de comprovar sua situação por meio de documentos oficiais, o que pode gerar custos e transtornos.
Outro ponto de atenção é o combate ao chamado “jeitinho brasileiro”. A Receita Federal já declarou que a IA será calibrada para identificar transferências indiretas entre familiares ou amigos, dificultando tentativas de disfarçar pagamentos de aluguel.
Como se preparar para a mudança
A orientação de especialistas é que os contribuintes revisem as declarações dos últimos cinco anos, período que pode ser alvo de verificação.
Também é essencial formalizar contratos de locação ou comodato e guardar comprovantes de despesas relacionadas ao imóvel, como IPTU, água, luz e condomínio.
Segundo Murilo Tasco, o contrato é o documento com maior valor jurídico diante da Receita Federal, sendo mais relevante do que recibos ou notas fiscais.
A recomendação é agir preventivamente para evitar notificações e garantir defesa sólida caso seja necessário.
A partir de 2026, a Receita Federal dará um passo importante na automação de sua fiscalização, utilizando inteligência artificial para rastrear inconsistências em imóveis declarados.
Embora a medida possa aumentar a eficiência do sistema, também pode gerar preocupações para famílias que vivem em regime de comodato e para contribuintes que não têm o hábito de formalizar contratos.
Você concorda com essa mudança? Acredita que o uso de IA pela Receita Federal vai trazer mais justiça fiscal ou apenas mais burocracia para quem mora de favor?
Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive isso na prática.