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Reajustes contínuos nos preços dos combustíveis pela Petrobras, principalmente o diesel e gasolina, preocupa operadores logísticos do Brasil e pode acabar afastando investimentos futuros

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 20/06/2022 às 15:53
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Principais modais logísticos do Brasil dependem de combustível acessível para manter operações viáveis.

O diesel é o insumo mais utilizado nas operações de transporte de carga, chegando a compor mais de 40% de todo o custo operacional das empresas que oferecem o serviço

A ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos) vem a público manifestar sua posição em relação ao novo reajuste nos preços do diesel e da gasolina para as distribuidoras, recentemente anunciado pela Petrobras.

Desde o último sábado (18), o preço médio de venda do diesel para as distribuidoras passou de R$4,91 para R$5,61 por litro, representando um aumento de 14,2%. O diesel é o insumo mais utilizado nas operações de transporte de carga, chegando a compor mais de 40% de todo o custo operacional das empresas que oferecem o serviço. Com este aumento, elas passarão a adquirir o litro do diesel por pelo menos R$0,70 mais caro.

Diferentemente da Petrobras, que é detentora de um monopólio, as empresas de logística não conseguem repassar os aumentos de preço imediatamente, o que pode levar um ou dois meses para acontecer, e a negociação muitas vezes não ocorre na totalidade do aumento. Com isso, tem-se um efeito cascata de repasses de custos até o consumidor final, que agravará, inevitavelmente, o atual quadro inflacionário do país.

Em nota, a companhia alega “que tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, em respeito ao Preço de Paridade Internacional (PPI), política esta que precisa ter seus termos revistos. Passaram pouco mais de 80 dias desde o último aumento no valor do diesel que ocorre, mais uma vez, de forma abrupta e em cenário econômico completamente adverso.

Desfavorecimento do ambiente de negócios pode ser uma consequência

Reajustes como esse têm se tornado uma constante nos últimos pelo menos dois anos, desfavorecendo um ambiente de negócios saudável e competitivo no País. Vale ressaltar que os aumentos no preço do diesel têm sido muito superiores aos demais custos das empresas de logística e desequilibram diretamente sua saúde financeira. Diante desse cenário, o setor corre risco de ser sucateado por não vislumbrar presente e futuro promissores para novos investimentos.

Estamos falando de empresas que abastecem o país e viabilizam o comércio internacional e que tentam, ao máximo, não repassar a variação desses custos aos embarcadores, ao mesmo tempo em que tentam garantir a qualidade dos serviços prestados.

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São empresas que tentam reduzir o Custo Brasil ao pensar em soluções logísticas de forma inteligente, integrada e customizada, garantindo ganho de eficiência aos diversos segmentos econômicos que delas dependem (ex.: indústrias de base\e farmacêutica, grande varejo e e-commerce). Vale também destacar que o setor contribui com um alto valor em tributos e impostos, emprega massivamente e tenta priorizar capacitação e tecnologias de ponta, ainda que o cenário econômico seja de instabilidade.

Lucros da Petrobras ainda não está beneficiando a cadeia de negócios do Brasil

Enquanto a Petrobras bate lucros recordes, os Operadores Logísticos veem a sua margem encolher. A rentabilidade da companhia é exorbitante quando comparada a de empresas similares de outros países, que optam por menos lucro em prol do desenvolvimento econômico e social de sua nação. O mesmo não notamos aqui. A Petrobras registrou um lucro líquido de R$44,5 bilhões no 1º trimestre de 2022 – montante 3.718% maior que o registrado no mesmo período de 20211.

De forma alguma o setor se opõe à rentabilidade de companhias estatais e de economia mista, mas desde que isso não seja em detrimento do desenvolvimento das demais e onerando à sociedade brasileira. Nesse sentido, acreditamos que os esforços políticos devem estar concentrados, neste momento, em encontrar um equilíbrio no mercado.

Do contrário, a cada novo reajuste, não restará outra alternativa às empresas que transportam cargas a não ser a de repassar o ônus adiante nos seus contratos de frete, o que impactará nos preços das mercadorias comercializadas para a população, agravando o quadro inflacionário que hoje vivemos. Já tivemos um apagão logístico no passado e é provável que tenhamos um muito mais grave no futuro breve, em função da má administração da política de combustíveis — e os impactos atingirão não apenas o setor de logística, mas também a própria Petrobras.

Via Marcella Souza Cunha — Diretora-Presidente da ABOL

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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