Relatório aponta os 10 países mais corruptos do planeta e registra o pior resultado do Brasil desde o início da série histórica.
O novo ranking internacional de percepção de corrupção trouxe um retrato duro: a lista dos países mais corruptos do planeta permaneceu dominada por nações em colapso institucional e o Brasil alcançou sua pior nota e colocação desde o início da série, acendendo um alerta sobre o enfraquecimento de controles e a escalada da impunidade. Quanto menor a pontuação, maior a percepção de corrupção, e a fotografia de 2024 foi especialmente negativa para o país.
Embora o governo brasileiro critique a metodologia baseada em percepções especializadas, o fato é que a tendência do indicador se deteriorou, enquanto o topo positivo segue com Dinamarca, Finlândia e Singapura. Na América do Sul, o Uruguai se destaca, reforçando que instituições fortes e transparência andam de mãos dadas com melhores posições em um ranking que compara 180 países.
Como o índice define os países mais corruptos do planeta
O Índice de Percepção da Corrupção avalia a corrupção percebida no setor público por especialistas e agentes de mercado, numa escala de 0 a 100.
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Notas baixas significam ambientes em que suborno, clientelismo e captura do Estado são regra, não exceção.
O resultado não mede escândalos isolados, mas padrões estruturais qualidade das instituições, independência do Judiciário, liberdade de imprensa e capacidade de fiscalização.
Críticas recorrentes lembram que a percepção pode piorar quando as investigações ganham visibilidade.
Ainda assim, a série histórica é útil para enxergar tendências: países que fortalecem transparência e responsabilização sobem, enquanto onde há repressão a controles, queda de autonomia e guerras ocorre um mergulho contínuo.
Quem são os 10 países mais corruptos do planeta e o que eles têm em comum
O “top 10” concentra Estados capturados por elites político-militares, regimes autoritários e zonas de conflito. São contextos em que a lei perde força e a corrupção passa a ser o sistema.
No Sudão (10º), décadas de autoritarismo, redes de clientelismo e guerras civis fizeram da impunidade a regra. Subornos viram moeda de acesso a serviços, e denunciar é arriscar a vida.
A Nicarágua (9º) ilustra a corrosão institucional: concentração de poder, aparelhamento do Judiciário e silenciamento da imprensa. Com a sociedade civil sob ataque, a transparência desaparece e a impunidade se normaliza.
Na Guiné Equatorial (8º), a riqueza do petróleo convive com miséria generalizada. O regime familiar, acusações de lavagem de dinheiro e órgãos de controle simbólicos mostram corrupção como fidelidade política.
A Eritreia (7º) vive sob partido único, economia militarizada e ausência de eleições. Subornos para fugir do serviço militar indefinido e controles sem auditoria consolidam um ambiente opaco.
A Líbia (6º) colapsou em milícias e governos rivais após 2011. Rendas do petróleo, contratos públicos e cargos viraram moeda de lealdade, enquanto a população permanece sem serviços básicos.
No Iêmen (5º), a guerra civil converteu ajuda humanitária em ativo político; fundos somem, medicamentos não chegam, tribalismo e armas regem o acesso a direitos.
A Síria (4º) combina autoritarismo histórico e guerra: acesso a bens e auxílio externo passa por suborno e lealdade. A corrupção virou tática de sobrevivência do regime.
A Venezuela (3º) apesar das maiores reservas de petróleo sofre com captura do Estado, hiperinflação e êxodo. Contratos secretos, aparelhamento de controles e esquemas em estatais normalizaram a pilhagem.
A Somália (2º), sem Estado funcional desde 1991, opera com milícias, clãs e contrabando, alimentados por desvio de ajuda internacional e intimidação de denunciante.
No Sudão do Sul (1º), o país mais jovem do mundo, petrodólares e auxílio desaparecem em redes político-militares. “Servidor fantasma”, superfaturamento e venda ilegal de armas compõem um sistema que substituiu as instituições.
O traço comum? Instituições fracas, repressão à imprensa, Justiça sem independência e financiamento opaco do poder.
Onde a lei é maleável e a violência manda, a corrupção deixa de ser desvio e vira modelo de governança.
Brasil: a pior posição da série histórica acende o sinal amarelo
O Brasil não está entre os países mais corruptos do planeta, mas registrou sua pior nota e pior colocação desde o início da série.
A leitura dominante é que anulações em massa, avanço da impunidade e captura de órgãos de controle deterioraram a confiança no combate à corrupção.
Negativas a pedidos de informação, ingerência política em estatais e baixa transparência orçamentária também pesaram.
O governo, por sua vez, contesta a metodologia, lembrando que maior exposição de casos pode ampliar a percepção negativa mesmo quando há esforço de investigação.
A divergência é legítima, mas a tendência é clara: sem reforço de integridade, compliance público e responsabilização efetiva, o país continuará perdendo posições com impacto direto em investimentos, custo de capital e confiança social.
Por que esse ranking importa para a economia e para a vida real
Corrupção é um imposto invisível: encarece obras, drena recursos de saúde e educação e afasta investimentos.
Investidores precificam risco regulatório e insegurança jurídica; quanto pior o indicador, maior o prêmio exigido para financiar projetos.
No cotidiano, a corrupção transforma direitos em favores. Suborno como atalho, clientelismo como regra e opacidade como cultura corroem expectativas, alimentam desigualdade e minam a democracia. Sociedades com controles sólidos tendem a ter serviços melhores, mais crédito e empregos de qualidade.
O que fazer: lições que se repetem nos países que melhoram
Experiências bem-sucedidas indicam um cardápio conhecido. Transparência radical (dados abertos de contratos, em tempo real), compras públicas digitais com trilha de auditoria, e rastreabilidade de emendas e convênios reduzem espaço para desvio.
Fortalecer o Ministério Público e tribunais de contas, garantir autonomia técnica de estatais e blindar agências reguladoras de pressões políticas melhora governança.
Proteção efetiva a denunciantes, compliance obrigatório em entes subnacionais e avaliação independente de grandes obras completam o pacote. Sem responsabilização célere e previsível, a percepção não muda.
O ranking dos países mais corruptos do planeta não é uma sentença, é um termômetro. Ele aponta onde instituições sangram e onde a confiança precisa ser reconstruída.
Para o Brasil, o recado é direto: ou se retoma uma agenda robusta de integridade pública, ou a piora vira novo normal.
Você concorda que a percepção reflete a realidade brasileira? Em quais áreas você enxerga a corrupção com mais impacto (saúde, obras, estatais, municípios)? Que medida deveria ser prioridade imediata? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive isso na prática e quais soluções vocês consideram mais urgentes.