Rancho Neverland de Michael Jackson, avaliado em US$ 100 milhões, com 1.100 hectares, zoológico e parque de diversões, foi vendido por apenas US$ 22 milhões em 2020.
Entre todos os ícones da cultura pop mundial, poucos imóveis carregam tanta simbologia quanto o Neverland Ranch, a mansão de Michael Jackson localizada no Condado de Santa Bárbara, Califórnia. Mais do que um lar, a propriedade se tornou uma extensão da personalidade do cantor: excêntrica, grandiosa, repleta de excessos e também envolta em mistério. Construído em uma área de 2.700 acres, o equivalente a cerca de 1.100 hectares, Neverland tinha de tudo: zoológico, parque de diversões particular, cinema, trilhos de trem internos e jardins monumentais. Um espaço onde o “Rei do Pop” buscava recriar a infância que dizia nunca ter vivido.
No auge, a propriedade foi avaliada em US$ 100 milhões e considerada um dos imóveis mais valiosos dos Estados Unidos. Mas, em dezembro de 2020, a notícia surpreendeu o mundo: Neverland foi vendido por apenas US$ 22 milhões ao bilionário Ronald Burkle, amigo da família Jackson.
Um rancho que virou cidade particular
Michael Jackson comprou Neverland em 1988, por aproximadamente US$ 19,5 milhões. Desde então, investiu fortunas para transformar a mansão em um verdadeiro parque temático privado.
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- Casa principal: cerca de 1.170 m², em estilo vitoriano, com suítes, salas luxuosas e decoração extravagante.
- Zoológico privado: abrigava girafas, elefantes, tigres e até chimpanzés, como o famoso Bubbles, companheiro inseparável do cantor.
- Parque de diversões: incluía roda-gigante, carrossel, montanha-russa, trenzinhos e atrações típicas de um parque temático, mas de uso exclusivo.
- Cinema: projetado para 50 pessoas, com sistema de som de ponta para a época.
- Trilhos e estação de trem: um dos símbolos mais marcantes da propriedade, reforçando o clima lúdico.
Neverland era, portanto, mais que uma residência: era a materialização da fantasia de um dos artistas mais famosos do planeta.
O peso das polêmicas
Se por um lado Neverland simbolizava a genialidade e o sucesso de Michael Jackson, por outro também se tornou o palco de controvérsias.
A partir dos anos 1990, a propriedade foi associada a denúncias de abusos, que colocaram em xeque a reputação do cantor. O rancho foi citado em diversos processos e até alvo de buscas policiais.
Esse histórico polêmico contribuiu para manchar a imagem de Neverland e dificultou sua venda anos depois, mesmo com toda a grandiosidade e valor arquitetônico.
A desvalorização milionária
Após a morte de Michael Jackson em 2009, a propriedade ficou praticamente abandonada. Em 2015, Neverland foi colocado à venda pela primeira vez com preço de US$ 100 milhões.
Sem interessados, o valor foi reduzido sucessivamente:
- 2015: US$ 100 milhões.
- 2017: US$ 67 milhões.
- 2019: US$ 31 milhões.
- 2020: vendido por US$ 22 milhões.
A queda drástica no valor chamou a atenção do mercado imobiliário. Especialistas apontam que a localização remota, os custos de manutenção altíssimos e as polêmicas associadas ao cantor foram fatores determinantes para a desvalorização.
Quem comprou o rancho
O comprador foi o bilionário Ronald Burkle, empresário norte-americano do setor de investimentos e dono do fundo Yucaipa Companies. Burkle era amigo próximo da família Jackson e justificou a aquisição como uma oportunidade de negócio estratégico, já que pretendia usar a propriedade como “reserva de terras”.
Hoje, o imóvel é conhecido como Sycamore Valley Ranch e segue fechado ao público. Apesar disso, a marca Neverland permanece no imaginário popular como um dos lugares mais icônicos já construídos por um artista.
Comparações grandiosas
O tamanho de Neverland impressiona até quando comparado a outros imóveis famosos:
- Neverland: 1.100 hectares.
- Central Park, em Nova York: 341 hectares.
- Parque Ibirapuera, em São Paulo: 158 hectares.
Ou seja, o rancho de Michael Jackson é mais de três vezes maior que o Central Park e quase sete vezes maior que o Ibirapuera, mostrando a escala monumental da propriedade.
Luxo e decadência lado a lado
O contraste entre o luxo de Neverland e a venda por menos de um quarto do valor original pedido mostra como imóveis também carregam significados intangíveis.
Enquanto para os fãs Neverland é um pedaço da memória afetiva do Rei do Pop, para investidores é um ativo complexo, de manutenção cara e difícil de valorizar após tantos anos de polêmicas.
Esse choque entre emoção e mercado transformou a venda de 2020 em um marco, não apenas no setor imobiliário, mas também na história da cultura pop.
Neverland como ícone cultural
Mesmo após a venda, Neverland continua a ser fonte de documentários, livros e matérias jornalísticas. É lembrado como o símbolo máximo da vida excêntrica de Michael Jackson e também como um reflexo das contradições de sua trajetória: gênio musical, ídolo global, mas também envolto em acusações que abalaram sua imagem.
Assim como Graceland, de Elvis Presley, ou a mansão Playboy, de Hugh Hefner, Neverland se tornou um ícone arquitetônico e cultural, que vai além das paredes físicas. Ele representa um período da música pop e um estilo de vida que dificilmente será reproduzido.
De parque de diversões privado avaliado em US$ 100 milhões a propriedade vendida por US$ 22 milhões, Neverland é a prova de que até os maiores impérios podem perder valor diante do tempo, das polêmicas e da memória coletiva.
O rancho de Michael Jackson segue sendo uma das construções mais impressionantes já erguidas por um artista, mas hoje vive em silêncio, carregando um passado de glória, extravagância e controvérsias.