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O fim da Raízen? Empresa negocia venda de mais usinas de cana-de-açúcar visando reduzir dívida astronômica de R$ 34 bilhões e salvar joint venture com Shell

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 07/06/2025 às 16:57
Raízen negocia venda de quatro usinas para reduzir dívida de R$ 34 bilhões, buscando fortalecer joint venture e superar desafios no setor sucroenergético.
Raízen negocia venda de quatro usinas para reduzir dívida de R$ 34 bilhões, buscando fortalecer joint venture e superar desafios no setor sucroenergético.
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Raízen enfrenta grande desafio financeiro e negocia venda estratégica de quatro usinas para aliviar dívida bilionária, enquanto o setor sucroenergético brasileiro passa por transformações profundas e busca eficiência para se manter competitivo no mercado global.

A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, está negociando a venda de quatro usinas de cana-de-açúcar para aliviar sua pesada dívida, que já ultrapassa R$ 34 bilhões, conforme apurou a reportagem com fontes próximas às conversas.

A informação é do site Valor Econômico, que revelou que as usinas em negociação são Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), Rio Brilhante e Passatempo, situadas em Mato Grosso do Sul, e Continental, em Colômbia (SP).

Essas unidades pertencem à Biosev, empresa adquirida pela Raízen da Louis Dreyfus Company (LDC) em 2021.

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A operação integra uma estratégia da companhia para reduzir o endividamento e reestruturar seus ativos no setor sucroenergético, um movimento que vem ocorrendo desde o ano passado com a venda de outras unidades.

Além dessas quatro, a Raízen já vendeu recentemente a usina Leme e os canaviais da usina MB, ambos também originários da Biosev.

A usina Leme foi adquirida por uma parceria entre a usina Ferrari e a Agromen, enquanto os canaviais da MB foram negociados com a Alta Mogiana.

Desafios na integração das usinas

A compra da Biosev, que incluía nove usinas na época, custou à Raízen cerca de R$ 3,6 bilhões, porém a incorporação desses ativos se mostrou menos vantajosa do que o esperado para a joint venture.

Segundo fontes próximas à empresa, apesar das lavouras apresentarem bom desempenho agrícola, a integração das usinas herdadas da LDC com as unidades já operadas pela Raízen revelou-se complexa, sobretudo pela baixa sinergia entre elas, o que complicou a gestão das plantas absorvidas.

No mercado, as negociações buscam compradores locais que possam gerar ganhos de sinergia ao integrar as usinas ou apenas os canaviais — áreas onde a cana é cultivada — em seus polos produtivos.

A expectativa da Raízen é que os ativos sejam avaliados entre US$ 60 a US$ 70 por tonelada da capacidade instalada de cana, mesmo que a venda envolva somente os canaviais dessas unidades.

Com isso, a empresa espera levantar cerca de R$ 4,5 bilhões com essas transações, valor fundamental para melhorar sua situação financeira.

A venda da usina Leme e dos canaviais da MB, por exemplo, já gerou uma receita de R$ 800 milhões.

Raízen negocia venda de quatro usinas para reduzir dívida de R$ 34 bilhões, buscando fortalecer joint venture e superar desafios no setor sucroenergético.
Raízen negocia venda de quatro usinas para reduzir dívida de R$ 34 bilhões, buscando fortalecer joint venture e superar desafios no setor sucroenergético.

Dívida crescente e custo financeiro

A dívida líquida da Raízen alcançou R$ 34 bilhões ao final da safra 2024/25, o que elevou a alavancagem da empresa para 3,2 vezes, segundo dados divulgados pela companhia.

Além disso, o custo com juros da dívida no mesmo período foi de R$ 5,7 bilhões, enquanto as amortizações previstas para a safra atual somam R$ 4,8 bilhões.

Diante desse cenário, a venda dos ativos se mostra uma medida essencial para a sobrevivência financeira da Raízen e para preservar a estabilidade da joint venture entre Cosan e Shell.

Vale destacar que, além das usinas, a Raízen também está em negociação para vender seu negócio de combustíveis na Argentina, ampliando o escopo da reestruturação financeira.

Recentemente, Rubens Ometto, fundador da Cosan, afirmou ao Valor Econômico que o processo de reestruturação da Raízen está em andamento e segue como prioridade para a companhia neste momento.

Impacto para o setor sucroenergético

A decisão de se desfazer de ativos tradicionais da bioenergia reflete os desafios enfrentados pelo setor sucroenergético brasileiro, que passa por pressões financeiras intensas, volatilidade nos preços das commodities e necessidade de inovação para se manter competitivo.

Esse movimento ocorre em um contexto em que o agronegócio nacional tem buscado cada vez mais a eficiência e a sustentabilidade, enquanto tenta equilibrar rentabilidade e responsabilidade ambiental.

No mercado, especialistas observam que a Raízen precisa não apenas de liquidez imediata, mas também de uma estrutura operacional mais enxuta e focada em ativos que ofereçam maior sinergia e retorno financeiro.

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Por isso, a venda seletiva das usinas da Biosev, que possuem pouca integração com a estrutura da Raízen, pode ser uma forma estratégica de fortalecer o portfólio e manter a competitividade da empresa no longo prazo.

Além disso, a valorização dos canaviais — devido à sua capacidade produtiva agrícola — pode atrair compradores interessados em expansão territorial e aumento da capacidade de produção de etanol e açúcar.

Para os investidores, a situação da Raízen ilustra os desafios de grandes empresas que atuam no setor de energia renovável e agronegócio, especialmente aquelas que dependem de financiamentos elevados e enfrentam mercados com preços flutuantes.

Enquanto isso, a atenção do mercado segue voltada para as próximas etapas da reestruturação da Raízen e para o desfecho das negociações, que poderão redefinir o cenário da produção de biocombustíveis no Brasil.

Você acha que a venda das usinas será suficiente para garantir a estabilidade financeira da Raízen? Como você vê o futuro do setor sucroenergético diante desses movimentos? Compartilhe sua opinião!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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