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Radar com IA pode espionar chamadas telefônicas a 3 metros de distância, expondo novos riscos à privacidade

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/08/2025 às 08:20
Radar com IA consegue transcrever conversas telefônicas a metros de distância e acende alerta sobre privacidade
Radar com IA consegue transcrever conversas telefônicas a metros de distância e acende alerta sobre privacidade
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Pesquisadores da Penn State criaram um sistema que combina radar e inteligência artificial para transcrever conversas telefônicas a até três metros, acendendo um alerta sobre riscos à privacidade.

A menor vibração do seu telefone pode entregar o que você diz. Pesquisadores da Penn State desenvolveram uma técnica com radar para interceptar conversas por meio de vibrações sutis emitidas pelo fone de ouvido de um celular.

O método usa um radar de ondas milimétricas combinado a um sistema de reconhecimento de fala baseado em inteligência artificial.

Com essa tecnologia, foi possível capturar e transcrever chamadas telefônicas a até três metros de distância, com cerca de 60% de precisão.

O mais importante é que o resultado foi obtido sem contato físico com o aparelho. Basta a detecção das vibrações geradas pela voz para que o sistema consiga reconstruir partes do diálogo.

Evolução de um experimento anterior

Essa não foi a primeira vez que o grupo trabalhou no tema. Em 2022, eles já haviam alcançado até 83% de precisão no reconhecimento de dez palavras predefinidas, usando abordagem parecida.

Agora, a meta foi mais ambiciosa: fazer a transcrição contínua de fala. A precisão caiu devido à dificuldade de interpretar dados ruidosos captados pelo radar, mas o avanço tecnológico foi claro.

Segundo o autor principal, Suryoday Basak, quando alguém fala ao telefone, vibrações se espalham pelo aparelho. Capturá-las com radares remotos e usar aprendizado de máquina para interpretá-las permite reconstruir conversas.

Como o sistema foi montado

O radar usado é o mesmo tipo de sensor aplicado em carros autônomos, detectores de movimento e redes 5G. Ele mede vibrações minúsculas de superfície causadas pela fala no fone de ouvido.

Para interpretar o sinal, os pesquisadores adaptaram o Whisper, um modelo de reconhecimento de fala de código aberto projetado para áudio limpo.

Foi usada uma técnica de adaptação de baixo nível, que retreinou apenas 1% dos parâmetros do modelo para lidar com dados de radar.

Esse ajuste específico evitou a necessidade de treinar um novo sistema do zero e melhorou o resultado da transcrição, mesmo com dados de baixa qualidade.

Resultados obtidos

Na prática, o sensor foi posicionado a três metros de um celular. As vibrações medidas foram processadas pelo modelo de IA, que gerou transcrições com 60% de precisão em um vocabulário de até 10 mil palavras.

Embora longe do ideal, os cientistas destacam que até correspondências parciais de palavras-chave podem ser perigosas. Segundo o professor associado Mahanth Gowda, a tecnologia já representa avanço considerável sobre a versão anterior.

Ele comparou o desempenho à leitura labial, que identifica de 30% a 40% das palavras. Mesmo incompleta, a informação pode ser suficiente para deduzir o conteúdo de uma conversa, especialmente com base no contexto.

Privacidade em risco

Para Basak, a preocupação central é que o sistema pode ser usado para espionagem. Assim como um leitor labial combina pistas visuais e contexto para entender diálogos, a combinação das transcrições parciais com informações adicionais pode expor dados sigilosos.

O trabalho foi realizado para avaliar a viabilidade técnica e alertar sobre possíveis riscos antes que sejam explorados de forma mal-intencionada. “Esperamos que as pessoas fiquem mais atentas durante ligações sensíveis”, disse o pesquisador.

Próximos passos e medidas de proteção

A pesquisa recebeu apoio da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos. O grupo planeja desenvolver formas de proteger conversas contra esse tipo de captura remota.

Entre as possibilidades, estão métodos para reduzir ou mascarar as vibrações do telefone. A ideia é dificultar que radares externos consigam registrar sinais claros o bastante para que a IA faça a interpretação.

Além disso, os cientistas acreditam que fabricantes de dispositivos podem adotar soluções de design para limitar a propagação dessas microvibrações.

Alerta sobre tecnologias emergentes

Esse estudo mostra como recursos já existentes — como radares de ondas milimétricas — podem ganhar funções inesperadas quando combinados com inteligência artificial.

O mais importante é entender que avanços assim trazem benefícios e riscos. Enquanto o radar e a IA podem ajudar em áreas como segurança e acessibilidade, também podem ser usados para violar a privacidade.

Os pesquisadores destacam que, mesmo sem atingir 100% de precisão, o sistema prova que é possível capturar dados sensíveis de forma remota. E, portanto, que a privacidade em ambientes com essas tecnologias precisa ser repensada.

O trabalho completo foi publicado nos Anais da WiSec 2025: 18ª Conferência da ACM sobre Segurança e Privacidade em Redes Sem Fio e Móveis, reforçando a relevância acadêmica e tecnológica do tema.

À medida que a IA e as comunicações sem fio avançam, cresce a necessidade de proteção contra formas de espionagem que, até pouco tempo atrás, pareciam improváveis. Afinal, até mesmo a vibração mais fraca do seu celular pode dizer mais do que você imagina.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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