Larry Fink destaca a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e a democratização do acesso aos mercados privados
Na carta anual divulgada em 31 de março, Fink, CEO da BlackRock, enfatizou a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura em todo o mundo.
Ele projeta que, até 2040, a demanda global por novos investimentos em infraestrutura poderá alcançar impressionantes US$ 68 trilhões.
Essa quantia representa um dos maiores desafios e oportunidades do setor financeiro atualmente.
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Fink argumenta que se as empresas privadas não estão alocando os recursos necessários, cabe ao mercado financeiro garantir que esses investimentos sejam realizados.
“Estamos à beira de uma oportunidade tão vasta que é quase difícil de entender”, afirma ele. Para que essa oportunidade se concretize, é necessário tornar o mercado de investimentos mais acessível e democrático.
“Os ativos que definirão o futuro, como data centers, portos e redes elétricas, não estão disponíveis para a maioria dos investidores”, lamenta Fink.
A restrição do acesso ao mercado privado
Fink critica a exclusividade do acesso a ativos que são cruciais para o futuro econômico.
Ele observa que muitos dos investimentos necessários para avançar na infraestrutura estão “trancados atrás de muros altos”, acessíveis apenas para grandes investidores e instituições financeiras.
Essa situação se agrava pelo fato de que muitas empresas beneficiadas com esses avanços não estão dispostas a direcionar recursos para a infraestrutura necessária para implementar suas inovações.
O CEO da BlackRock, que gerencia US$ 11,5 trilhões em ativos, ressalta que as restrições ao acesso ao mercado privado estão ligadas à complexidade de risco e à dificuldade de liquidez.
“Nada em finanças é imutável. Os mercados privados não precisam ser tão arriscados”, afirma Fink, enfatizando a necessidade de democratizar os investimentos.
Propostas para democratizar os investimentos
Fink sugere que o capitalismo, embora tenha funcionado, tem beneficiado apenas uma pequena parte da população.
Para reverter isso, ele propõe desbloquear os mercados privados e ampliar o acesso a mais pessoas. “Os mercados, como tudo que os humanos constroem, não são perfeitos. A solução não é abandoná-los, mas expandi-los”, diz ele.
Ele observa que a maioria das empresas americanas com mais de US$ 100 milhões em receita é de capital fechado, uma tendência que se intensifica na União Europeia e no Reino Unido.
Com isso, Fink acredita que é fundamental mudar a lógica que restringe o acesso a investimentos, especialmente para aqueles que não possuem patrimônio ou renda que comprovem um valor mínimo.
Mudanças no foco da BlackRock
Fink menciona que a BlackRock está passando por uma transformação significativa.
A empresa, que historicamente se concentrou em gestão de ativos tradicionais, está agora investindo mais em mercados privados.
Nos últimos 14 meses, a gestora anunciou aquisições importantes, incluindo US$ 12,5 bilhões na Global Infrastructure Partners e US$ 3,3 bilhões na empresa de dados Preqin.
Essas aquisições refletem uma mudança na estratégia de investimentos da BlackRock, com um foco crescente em ativos privados, como infraestrutura e crédito privado.
Fink antecipa que o futuro dos portfólios de investimento deverá se desviar da tradicional equação 60% de ações e 40% de títulos, em direção a uma nova proporção de 50% de ações, 30% de títulos e 20% de ativos privados.
A necessidade de soluções para a crise da aposentadoria
Larry Fink também destaca a urgência de encontrar soluções para a crise de aposentadoria, que ele considera um desafio global.
Ele critica a abordagem atual dos Estados Unidos, que, segundo ele, se concentra em evitar que as pessoas “caiam”, em vez de ajudá-las a “subir” ao longo de suas vidas financeiras.
Ele sugere que a tokenização de ativos pode ser uma solução revolucionária para democratizar os investimentos. “Cada ação, cada título, cada fundo pode ser tokenizado.
Se forem, isso revolucionará o investimento. Os mercados não precisariam fechar”, afirma.
Embora tenha deixado de lado pautas ligadas a ESG e mudanças climáticas em sua carta, Fink continua a enfatizar a importância de desbloquear o potencial dos mercados privados e democratizar as oportunidades de investimentos.
Ele acredita que, ao fazer isso, mais pessoas poderão participar do crescimento econômico que ocorre ao seu redor.
A evolução dos mercados financeiros
A demanda crescente por infraestrutura não é um fenômeno isolado; ela está ligada a uma série de tendências globais, incluindo a urbanização acelerada, a necessidade de modernização das redes elétricas e a transição para fontes de energia mais limpas.
Segundo estudos, a urbanização deve levar mais de 2 bilhões de pessoas a se mudarem para áreas urbanas até 2050, o que exigirá investimentos massivos em infraestrutura para atender a essa nova população.
Além disso, a digitalização da economia está criando uma demanda crescente por data centers.
À medida que mais empresas e consumidores adotam soluções digitais, a necessidade de infraestrutura robusta e escalável torna-se ainda mais crítica.
Fink observa que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma força transformadora que pode impulsionar a economia global.
No entanto, para que isso aconteça, a infraestrutura adequada deve estar em vigor.
O papel das fintechs e inovações financeiras
A democratização dos investimentos também pode ser impulsionada pelo surgimento de fintechs e inovações financeiras.
Essas empresas estão desafiando o status quo, oferecendo soluções que permitem o acesso a mercados anteriormente restritos.
Através de plataformas digitais, pequenos investidores podem agora participar de ofertas públicas e comprar frações de ativos que antes eram inacessíveis.
A tokenização, mencionada por Fink, é um exemplo de como a tecnologia pode transformar a maneira como os investimentos são feitos.
Ao transformar ativos físicos e financeiros em tokens digitais, abre-se um leque de possibilidades para negociação e liquidez, permitindo que um número maior de investidores participe do crescimento econômico.
O futuro da BlackRock e do mercado de investimentos
A BlackRock, sob a liderança de Larry Fink, está se posicionando como uma pioneira na transformação do cenário de investimentos.
A empresa não apenas reconhece a importância de se adaptar às novas demandas do mercado, mas também se compromete a liderar iniciativas que promovam a inclusão e a democratização dos mercados privados.
Com um portfólio diversificado e um foco em inovação, a BlackRock está se preparando para enfrentar os desafios do futuro.
Isso inclui não apenas o crescimento em infraestrutura, mas também a adaptação às mudanças que estão moldando a economia global.
Fink é claro ao afirmar que a chave para o sucesso no futuro dos investimentos está em abraçar a diversidade de ativos e expandir as oportunidades para todos os investidores.
Considerações finais
A mensagem de Larry Fink é clara: a BlackRock está se posicionando para liderar a transformação no acesso a investimentos, especialmente em um momento onde a demanda por infraestrutura é crescente.
Com um foco renovado em mercados privados e uma visão de democratização, a empresa espera não apenas colher os benefícios financeiros, mas também contribuir para um futuro econômico mais acessível a todos.
FONTE: EIINVESTIDORESTADÃO