Projeto já consumiu R$ 12 bilhões, está 67% concluído e pode gerar prejuízo de R$ 21 bilhões caso seja abandonado, mas aprovação para retomar as obras da usina nuclear de Angra 3 é adiada novamente.
O megaprojeto do Governo para retomar as obras da usina nuclear de Angra 3 enfrenta mais um obstáculo. Apesar da expectativa, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou a aprovação da resolução que permitiria a continuidade da construção, que se arrasta há 40 anos no litoral sul do Rio de Janeiro. A reunião desta terça-feira revelou divergências entre os ministros envolvidos e levantou dúvidas sobre o impacto fiscal do empreendimento.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu publicamente a retomada do projeto. Estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entregues recentemente à Eletronuclear, indicam que desistir da usina acarretaria prejuízos de R$ 21 bilhões, considerando investimentos passados e custos de quitação de dívidas.
Angra 3: entre perdas e oportunidades
Até agora, cerca de 67% das obras da usina nuclear de Angra 3 foram concluídas. Para finalizá-las, serão necessários R$ 30 bilhões, dos quais a maior parte deve vir de financiamento privado. Apenas uma fração de 10% do montante total seria bancada por sócios da Eletronuclear, enquanto o impacto direto nos cofres públicos seria de R$ 1,6 bilhão.
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Os estudos do BNDES também apontaram que o maquinário adquirido na década de 1980 segue apto para operação, mesmo após décadas de manutenção complexa, como embalagens a vácuo e lubrificação periódica.
Impacto no setor energético
Uma das grandes questões pendentes é o preço da energia gerada por Angra 3. O BNDES estimou uma tarifa de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), considerada viável para a continuidade do projeto. A definição desse preço é crucial para que a usina, que integra o sistema elétrico nacional, se torne financeiramente sustentável.
Além disso, a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 é vista como estratégica para diversificar a matriz energética brasileira, fortalecendo o papel da energia nuclear no país.
História da usina é marcada por atrasos
Desde sua concepção na década de 1980, o projeto enfrentou crises econômicas e escândalos de corrupção. Paralisações sucessivas levaram a situações inusitadas, como os altos custos de manutenção de um canteiro de obras inativo — cerca de R$ 1 bilhão por ano.
Agora, o futuro da usina de Angra 3 está nas mãos do governo, que precisa alinhar questões técnicas, financeiras e políticas para tirar do papel um dos maiores desafios da história recente do setor energético brasileiro.
Resta saber se o megaprojeto do Governo terá força para superar as barreiras e, finalmente, entrar em operação.