A Guiana vive um crescimento econômico sem precedentes e decidiu compartilhar parte da riqueza do petróleo com a população, oferecendo pagamentos diretos, bônus para recém-nascidos, auxílio a estudantes e cortes de impostos em bens essenciais.
A Guiana, vizinha do Brasil, começou a repartir parte da renda do petróleo com a população por meio de transferências diretas e redução de impostos.
Desde o fim de 2024, todo cidadão com 18 anos ou mais tem direito a um pagamento único de G$ 100 mil (cerca de R$ 2,59 mil), decisão anunciada pelo presidente Irfaan Ali após o governo abandonar a ideia inicial de pagar G$ 200 mil por domicílio para evitar exclusões de jovens que vivem com os pais.
Pagamentos diretos à população
O benefício por adulto começou a ser distribuído em cheques ainda em 2024 e avançou ao longo de 2025, com cronogramas publicados pelo Ministério das Finanças.
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Em 7 de janeiro, o governo informava mais de 90 mil cheques entregues e 302 mil já impressos.
Em 5 de março, a secretaria de Finanças reportou mais de 490 mil cheques distribuídos, e, no fim de maio, autoridades falavam em 578.182 cheques entregues, cerca de 96% do total impresso até então.
A distribuição segue via centros regionais, com verificação de cadastro pelo aplicativo oficial.
Custos e financiamento da medida
Para financiar a medida, o governo reservou dezenas de bilhões de dólares guianenses do orçamento.
Em 26 de maio de 2025, o Parlamento aprovou G$ 3 bilhões adicionais para sustentar a logística da distribuição.
Desse montante, G$ 202,6 milhões foram destinados à impressão de cheques e G$ 342,9 milhões a custos administrativos como transporte, segurança e estrutura dos pontos de entrega.
O Executivo afirma que a opção por cheques impressos acelera o fluxo em regiões remotas.
Bônus de R$ 2,59 mil para recém-nascidos
Em março de 2025, o governo lançou um bônus de G$ 100 mil para cada bebê nascido no país a partir de 1º de janeiro de 2025.
A iniciativa, prevista no Orçamento de 2025, deve contemplar cerca de 17 mil nascimentos por ano e custar G$ 1,3 bilhão anuais.
O Palácio presidencial afirma ter montado um sistema para que a mãe receba o cheque em até uma semana e antes da alta.
Na cerimônia de lançamento, Ali disse que o benefício “não é um privilégio, é um direito” de toda criança guianense.
Auxílio a estudantes de escolas públicas e privadas
Além dos recém-nascidos, famílias com filhos matriculados em escolas públicas e privadas passaram a receber em 2025 o “Because We Care”, hoje fixado em G$ 50 mil por estudante mais G$ 5 mil para uniforme e material.
O valor equivale a cerca de R$ 1,3 mil por criança. A distribuição começou em maio, com meta de alcançar 205 mil alunos ao longo do ano, conforme o Ministério da Educação.
Redução de impostos em bens e serviços essenciais
O pacote social veio acompanhado de isenções e reduções tributárias.
Desde 2020, água e eletricidade passaram a ter alíquota zero de IVA, e a lista de bens essenciais com tratamento favorecido foi ampliada em medidas subsequentes.
As mudanças incluem também alívios a materiais de construção, insumos agrícolas e outros itens básicos.
Crescimento recorde do PIB com o petróleo
A virada fiscal e social ocorre em meio a uma expansão sem precedentes.
Dados do Banco Mundial mostram que o PIB da Guiana saltou de cerca de US$ 4,28 bilhões em 2015 para US$ 24,84 bilhões em 2024 (valores correntes).
Em termos reais, o país cresceu 63,4% em 2022, 33,8% em 2023 e 43,4% em 2024, impulsionado pelo petróleo e pelo avanço do setor não petrolífero.
Salário mínimo e impacto na renda das famílias
No mercado de trabalho, o salário mínimo nacional do setor privado está fixado em G$ 60.147 por mês, valor em vigor desde 1º de julho de 2022.
O governo também anunciou metas para elevar o piso do serviço público e tem aplicado reajustes salariais anuais aos servidores.
As transferências em dinheiro, somadas à revisão tributária, aumentam a renda disponível, mas a oposição e sindicatos cobram convergência entre salários e custo de vida.
Contexto eleitoral e novas promessas
A intensificação dos pagamentos coincide com o calendário eleitoral.
A Guiana realiza eleições gerais em 1º de setembro de 2025, e Irfaan Ali busca um novo mandato.
Na reta final da campanha, ele sinalizou a possibilidade de um novo pagamento de G$ 100 mil ainda no Natal, repetindo a frase “vamos ter um Natal lindo” em comício recente.
Partidos de oposição prometem manter ou ampliar benefícios, ao mesmo tempo em que criticam a gestão do contrato de petróleo e o ritmo de queda do custo de vida.
Projeções otimistas do FMI
A avaliação mais recente do Fundo Monetário Internacional, publicada em maio de 2025, projeta que a economia da Guiana deve crescer em média 14% ao ano nos próximos cinco anos.
O PIB não petrolífero deve manter trajetória robusta graças a investimentos em infraestrutura, diversificação produtiva e políticas de bem-estar.
Para o FMI, as perspectivas seguem “altamente favoráveis”, ainda que a sustentabilidade exija transparência fiscal e disciplina no uso da renda do petróleo.
Desafios para o futuro da Guiana
Enquanto a produção offshore escala, o governo alinha políticas para levar benefícios ao interior e aos bairros de menor renda.
Ainda assim, organizações civis e analistas apontam desafios de execução, riscos inflacionários e gargalos de mão de obra qualificada.
O desenho de transferências via cheques e a ampliação de isenções buscam contornar parte dessas fricções, mas a medição de impacto continuará no centro do debate público conforme novas rodadas de benefícios forem anunciadas.
Diante desse cenário, a estratégia de distribuir dinheiro do petróleo por meio de cheques e reduzir impostos está cumprindo o objetivo de “compartilhar a riqueza” com rapidez ou exigirá ajustes para chegar de forma mais eficiente a quem mais precisa?