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R$ 1,25 bilhão, 19 obras e pás de 116 metros: como o maior projeto portuário do Brasil está se tornando um modelo internacional

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/08/2025 às 14:35
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Complexo do Pecém reúne obras em andamento, licitações e projetos estratégicos que somam mais de R$ 1,25 bilhão e transformam o terminal em referência internacional em eficiência, automação, energia limpa e capacidade para operações de grande porte.

O Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza, executa o maior pacote de intervenções portuárias do país.

Até 2026, o terminal prevê R$ 1,25 bilhão em obras e serviços de manutenção, somando 19 frentes entre iniciativas em andamento, licitações e projetos em elaboração.

O plano reforça a operação diária, amplia a capacidade de atracação e prepara o acesso para movimentar pás eólicas de até 116 metros, com ganhos diretos de eficiência e competitividade.

Obras em curso priorizam automação e fluidez operacional

Atualmente, o Pecém informa 11 obras em execução e outras cinco em licitação, que juntas representam R$ 719 milhões. Além disso, há três projetos em elaboração que totalizam R$ 537 milhões.

No grupo em execução, o destaque é a modernização e expansão do Sistema de Controle e Aquisição de Dados (SCADA), voltado à automação de utilidades no terminal.

Lançada no fim de 2024, a iniciativa tem investimento de R$ 8,5 milhões e previsão de conclusão em dezembro deste ano, com impacto direto no controle de processos críticos e na redução de paradas.

A malha de circulação interna também passa por ajustes. A revitalização da sinalização horizontal e vertical em todo o terminal mobiliza R$ 5,85 milhões, medida que reorganiza fluxos, melhora a segurança e diminui tempos de espera.

Para cargas com requisitos específicos, a construção de uma nova plataforma para produtos perigosos, orçada em R$ 1,14 milhão, cria um ponto dedicado de recepção e manuseio, de acordo com padrões técnicos de contenção e resposta.

Outro pilar é a gestão ambiental. O Centro de Emergência Ambiental recebe R$ 3,69 milhões para abrigar monitoramento, capacitação e governança ambiental do Complexo.

A medida formaliza protocolos e amplia a capacidade de resposta a incidentes, com integração às rotinas operacionais.

Ainda na frente de circulação e atendimento a trabalhadores e prestadores, o Pecém executa novas áreas de aguardo no TMUT e no Píer 1, investimento de R$ 1,052 milhão, criando espaços de apoio dimensionados ao fluxo de operações.

Em paralelo, a implantação de novas balanças, com R$ 1,3 milhão, moderniza a pesagem e aumenta a capacidade, liberando gargalos no gate e reduzindo reconferências.

Os acessos também ganham reforço com a requalificação e ampliação dos prédios do Gate 01, orçada em R$ 2,7 milhões, o que melhora triagem, segurança e o atendimento a transportadores.

Na retaguarda, a segunda etapa da reforma do Bloco de Utilidade e Serviços (BUS) avança com R$ 3 milhões, atualizando instalações que suportam utilidades essenciais e manutenção.

Complexo do Pecém recebe R$ 1,25 bilhão em obras até 2026, ampliando capacidade, automação e energia limpa no maior projeto portuário do Brasil. (Foto: Thiago Gadelha)
Complexo do Pecém recebe R$ 1,25 bilhão em obras até 2026, ampliando capacidade, automação e energia limpa no maior projeto portuário do Brasil. (Foto: Thiago Gadelha)

Manutenção offshore e energia em terra aceleram a transição elétrica

Duas novas intervenções têm início previsto até 1º de setembro, com foco no ciclo contínuo de manutenção e na transição energética das operações.

A primeira é o contrato anual de manutenção offshore do terminal — abrangendo pontes de acesso, Píeres 1 e 2 e o Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT) — com duração de cinco anos e valor anual estimado em R$ 27,3 milhões.

A agenda inclui rotinas estruturais e inspeções em ambiente marítimo, prevenindo falhas e prolongando a vida útil de ativos.

Na mesma linha de modernização, o Complexo executará a infraestrutura de conexão elétrica para navios (shore power) e a instalação de guindastes MHC elétricos no TMUT, investimento de R$ 13,2 milhões.

A previsão é concluir essa etapa em 31 de agosto de 2026.

A energia em terra reduz o uso de geradores a bordo durante a atracação, corta emissões e ruído e melhora a qualidade do ar nos píeres, com reflexos operacionais em áreas vizinhas.

Para suporte à frota de apoio, a construção do Píer de Rebocadores avança para a fase final de licenciamento e contratação, com valor de cerca de R$ 10,3 milhões.

A estrutura dedicada agiliza manobras, libera berços principais e melhora a prontidão para atendimento a navios de maior porte.

Licitações somam R$ 640,8 milhões e destravam capacidade no TMUT

Na carteira em licitação, cinco projetos totalizam R$ 640,8 milhões.

O principal é a ampliação do TMUT, com orçamento estimado em R$ 578,6 milhões.

O escopo prevê novo berço de 350 metros, retroárea de 42 mil m², expansão do quebra-mar e infraestrutura dimensionada para receber navios de grande porte.

Essa expansão redistribui filas, aumenta janelas de atracação e diminui conflitos entre cargas de perfis distintos.

A logística terrestre também entra no pacote.

Para permitir o transporte e a manobra de pás eólicas de até 116 metros, está prevista uma nova via de acesso ao Gate 2, acompanhada da requalificação da Rotatória da Estrada de Placas, com investimento de R$ 13,3 milhões.

A obra ajusta raios de curvatura, perfis de superelevação e faixas de segurança adequadas ao dimensionamento de componentes eólicos de última geração.

No Píer 1, a instalação de uma nova rede de incêndio, de R$ 1,55 milhão, atualiza hidrantes, linhas e bombas, elevando o padrão de resposta a emergências.

Completam o grupo duas contratações de caráter continuado:

Serviços de manutenção dos sistemas de proteção catódica, incluindo aquisição de materiais, no valor de R$ 2.475.469,27.

Serviço contínuo de requalificação de pavimentos e manutenção de infraestrutura civil do terminal, orçado em R$ 44.856.521,20.

Essas frentes preservam a integridade de estruturas submersas e do pavimento, reduzindo riscos e custos de intervenção corretiva.

Complexo do Pecém recebe R$ 1,25 bilhão em obras até 2026, ampliando capacidade, automação e energia limpa no maior projeto portuário do Brasil.
Complexo do Pecém recebe R$ 1,25 bilhão em obras até 2026, ampliando capacidade, automação e energia limpa no maior projeto portuário do Brasil.

Projetos em elaboração: novos píeres e corredor de utilidades

Três iniciativas seguem em fase de elaboração de projeto, com montante combinado de R$ 538,3 milhões.

A ampliação do Píer 2 expande berços e rearranja áreas de acostagem para acomodar mais operações simultâneas.

O Corredor de Utilidades integra redes de energia, água, ar comprimido e comunicação, reduzindo interferências e facilitando o acesso para manutenção.

Já o Píer 0 abre nova frente de atracação e amplia a flexibilidade do complexo para escalas especiais, com possibilidade de segregação de fluxos conforme o perfil de carga.

Competitividade e posicionamento como hub de classe mundial

Segundo o presidente do Complexo do Pecém, Max Quintino, os investimentos extrapolam a dimensão física e impactam diretamente a produtividade.

Em suas palavras, “estamos vivendo um momento histórico no Complexo do Pecém”, e cada aplicação “é um passo firme para consolidar o Pecém como um hub portuário de classe mundial, capaz de atrair negócios, gerar empregos e impulsionar a economia do Estado”.

A administração sustenta que o pacote integrado — do SCADA ao shore power, passando por acessos, sinalização e manutenção offshore — cria um padrão operacional comparável ao de terminais líderes no exterior, com ganhos medidos em tempo de ciclo, regularidade de janela e previsibilidade de atendimento.

Enquanto as obras físicas avançam, o desenho institucional de manutenção e o reforço às utilidades dão sustentação ao crescimento.

Ao reduzir paradas não programadas, modernizar sistemas e qualificar a resposta a emergências, o Pecém constrói uma base para ampliar cargas, diversificar clientes e integrar cadeias industriais, em especial a eólica.

A preparação para pás de 116 metros sintetiza essa ambição: adequar acessos e raios de manobra para componentes superdimensionados não só atende ao mercado atual, como antecipa requisitos técnicos de projetos futuros.

Com esse conjunto de medidas, o Complexo busca acelerar a curva de aprendizado e capturar escala sem perder eficiência, ao mesmo tempo em que padroniza processos, reforça a segurança e adota soluções elétricas em linha com metas ambientais.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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