Com duplicações, pedágios inteligentes e estações para carros elétricos, a modernização da BR-101 no Espírito Santo promete transformar a logística nacional, atrair investimentos e gerar milhares de empregos, redesenhando o mapa do transporte rodoviário e portuário do Brasil.
A retomada das obras na BR‑101, no Espírito Santo, pode significar um investimento bilionário de R$ 10 bilhões e gerar mais de 3 mil empregos por ano nos próximos cinco anos.
O projeto, aprovado em renegociação de contrato pelo Tribunal de Contas da União (TCU), inclui duplicações, contornos, passarelas e modernização de pedágios — mas ainda depende de leilão na B3, em São Paulo, marcado para 26 de junho.
Durante o painel “Espírito Santo: o novo hub logístico do Brasil”, na Modal Expo, em Carapina (Serra), o presidente da Ecovias 101, Roberto Amorim Junior, detalhou as etapas previstas.
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Para ele, a retomada das obras representa um ciclo virtuoso de empregos diretos e indiretos, com impactos consistentes na economia regional.
O novo contrato também traz mudanças significativas nas tarifas: serão diferenciadas para pista simples, pista dupla e usuários do pedágio eletrônico.
Motociclistas terão isenção, conforme Amorim explicou. Outro destaque é a expansão dos carregadores para veículos elétricos. Hoje, apenas seis das doze bases operacionais possuem pontos de recarga.
A meta é que, até o fim de 2025, todas contem com essa infraestrutura.
Modernização da BR-101 e mobilidade sustentável
Ao incorporar pedágios eletrônicos, o novo modelo facilita o tráfego e reduz filas nas praças.
Com isso, além de melhorar a fluidez nas rodovias, diminui-se o tempo de espera e os custos logísticos para motoristas e transportadoras.
A isenção para motociclistas busca ampliar o acesso sem comprometer o equilíbrio financeiro do sistema.
No campo ambiental, a instalação de mais carregadores de veículos elétricos acompanha a transição para uma mobilidade menos poluente.
Essa tendência reforça o protagonismo do Espírito Santo no avanço de soluções sustentáveis no setor viário.
Investimentos no corredor ferroviário e logística nacional
Já no segmento ferroviário, Fábio Marchiori, presidente da VLI Logística, destacou que o corredor que passa pelo Espírito Santo tem recebido cerca de R$ 900 milhões anuais.
Desse total, R$ 500 milhões são aplicados na Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e outros R$ 300 milhões seguem para a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), operada pela Vale.
Somam-se ainda R$ 400 milhões previstos em novos equipamentos como locomotivas e vagões.
Essa estrutura tem sido essencial para o transporte de celulose solúvel do Mato Grosso até o litoral capixaba, cuja demanda cresceu nos últimos 18 meses.
Com o aumento da produção nacional, a tendência é que esse fluxo continue em expansão.
Marchiori adiantou ainda que novas rotas estão sendo avaliadas, com foco em ampliar a atuação para além do Porto de Tubarão.
Projetos de conexão com o futuro porto da Imetame e instalações da Vports estão entre os caminhos em estudo.
Espírito Santo como novo hub logístico
De acordo com Gustavo Serrão, CEO da Vports, o Espírito Santo está posicionado estrategicamente para se tornar uma alternativa logística viável frente aos tradicionais eixos Santos e Rio de Janeiro.
Para ele, o crescimento da demanda exige novas rotas e centros operacionais, e o Estado tem infraestrutura e localização para absorver essa expansão.
Três projetos se destacam no Norte capixaba: Portocel, o Porto da Imetame — com inauguração iminente — e a unidade de Barra do Riacho, que aguarda licenciamento previsto para 2026.
Na capital e em Vila Velha, a mudança para o modelo de gestão privada atraiu 14 parcerias.
Essas colaborações viabilizaram investimentos de R$ 600 milhões, divididos entre Vports e seus parceiros comerciais.
Impacto econômico e social das obras
A geração anual de mais de 3 mil empregos terá reflexos positivos em diversos setores, incluindo comércio, serviços e construção civil.
No campo da infraestrutura, a duplicação de pistas e construção de contornos contribuirão para reduzir engarrafamentos e acidentes.
Com relação à sustentabilidade, as melhorias tecnológicas e o incentivo à eletrificação da frota se alinham às metas de descarbonização.
Sob uma ótica nacional, o Espírito Santo pode surgir como novo eixo logístico, redistribuindo o fluxo de mercadorias e aliviando a sobrecarga dos portos do Sudeste.
Desafios pendentes para a BR-101 no Espírito Santo
Apesar do aval do TCU, o andamento do projeto ainda depende da conclusão do leilão na B3, em 26 de junho de 2025.
Esse processo vai definir a concessionária responsável, os prazos de execução e os detalhes operacionais do contrato.
A capacidade de atrair investidores e a eficiência nas obras serão cruciais para cumprir o cronograma e entregar os benefícios esperados.
O Espírito Santo está diante de uma rara oportunidade de se reposicionar como referência nacional em infraestrutura.
No contexto brasileiro, onde há um déficit notável de rodovias duplicadas — atualmente cerca de 10 mil km em todo o território — a rodovia BR‑101 reformulada pode ser uma peça central na integração logística.
Você acredita que esse pacote de investimentos será suficiente para transformar o Espírito Santo em novo polo logístico do Brasil?
De que forma essas mudanças podem interferir na sua rotina — seja no trânsito, no emprego ou no meio ambiente?