1. Início
  2. / Mineração
  3. / Quer trabalhar no setor de Mineração? Governo autoriza concurso com 220 vagas para reforçar Agência de Mineração e combater sonegação bilionária de impostos
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Quer trabalhar no setor de Mineração? Governo autoriza concurso com 220 vagas para reforçar Agência de Mineração e combater sonegação bilionária de impostos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/10/2024 às 12:42
Mineração, concurso
Foto: Reprodução

Quer uma carreira no setor de mineração? O governo abriu concurso com 220 vagas para reforçar a Agência de Mineração e combater a sonegação de impostos

O Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Gestão e Inovação estão em processo de negociação para a criação de mais de 100 novos cargos comissionados e um novo concurso. Essa medida planeja fortalecer a estrutura da Agência Nacional de Mineração, que enfrenta grandes desafios no combate à sonegação de impostos no setor mineral, estimada em bilhões de reais.

O Tribunal de Contas da União foi quem apontou essa defasagem, sugerindo que a fiscalização da ANM é falha e precisa de melhorias urgentes.

Concurso público e reforço estrutural na mineração

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Além da criação dos novos cargos, o MME também anunciou a realização de um concurso público para o preenchimento de 220 vagas na ANM. A Portaria 4.596 do MGI estabelece que o edital do concurso deve ser publicado até 16 de janeiro de 2025.

Essa ação busca ampliar a equipe técnica da agência, essencial para fiscalizar de forma eficaz o setor de mineração, um dos mais estratégicos para a economia brasileira.

Perdas bilionárias e falhas de fiscalização

Entre 2017 e 2022, o Estado brasileiro deixou de arrecadar cerca de R$ 16,4 bilhões devido à sonegação de impostos pelas empresas de mineração.

A principal falha apontada pelo TCU está no recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), tributo pago pelas mineradoras ao governo.

O relatório do tribunal destaca que quase 70% dos mais de 30 mil processos ativos de mineração não efetuaram o pagamento do Cfem de forma voluntária durante esse período. Além disso, dos 134 processos fiscalizados pela ANM, apenas 40% pagaram o imposto corretamente.

O MME reconheceu que a fiscalização do TCU foi “pertinente e adequada”, afirmando que a criação da ANM, em 2017, prometia uma estrutura robusta, o que, na prática, não aconteceu. A agência tem enfrentado um déficit de servidores e falta de orçamento suficiente para cumprir seu papel regulador.

A fim de corrigir esses problemas, o governo adotou algumas medidas em 2023, como a reformulação do Plano de Cargos da ANM, para equiparar os salários dos seus servidores aos das demais agências reguladoras.

Segundo o ministério, os vencimentos dos servidores da ANM eram entre 40% e 60% inferiores aos pagos em outras agências reguladoras do país. Além disso, foi autorizada a nomeação de 64 novos especialistas em recursos minerais, que atuarão diretamente na fiscalização de barragens, reforçando o quadro da agência.

A investigação do TCU revelou que a ANM vem enfrentando um processo de desmonte, com uma drástica redução no número de servidores e na quantidade de fiscalizações realizadas. Entre 2010 e 2023, o quadro de pessoal da agência foi reduzido em quase 42%, passando de 1.196 para 695 servidores.

Paralelamente, a Controladoria-Geral da União (CGU) constatou uma queda alarmante de 92% nas fiscalizações da Cfem realizadas pela ANM. Enquanto em 2014 foram realizadas 2.184 fiscalizações, em 2019 esse número caiu para apenas 173.

Sonegação e dependência da boa-fé

O TCU concluiu que a arrecadação de impostos no setor de mineração depende quase exclusivamente da boa-fé das empresas, já que a estrutura de fiscalização da ANM é insuficiente para gerar uma expectativa de controle no setor.

O ministro relator do processo no TCU, Benjamin Zymler, ressaltou que, mesmo quando ocorrem fiscalizações, a efetividade na cobrança dos tributos é baixa. “Porém, não existem instrumentos para persuadi-los”, destacou o ministro, referindo-se às empresas do setor.

O governo federal, por meio do MME, garantiu que está comprometido em fortalecer a ANM para assegurar uma fiscalização mais rigorosa e eficiente. A promessa inclui a produção de estudos para definir prioridades e adequar o orçamento da agência, visando solucionar ou, pelo menos, minimizar as dificuldades enfrentadas pela entidade nos últimos anos.

Essas ações são vistas como essenciais para garantir que o setor mineral contribua de forma justa para a economia do país, gerando empregos, renda e benefícios para as comunidades onde as atividades mineradoras ocorrem. Além disso, o foco está em garantir a sustentabilidade e a segurança das operações, fatores indispensáveis para o desenvolvimento econômico a longo prazo.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x