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O fim do ouro negro? Avanços na perfuração não impedem queda de 62% nas descobertas de petróleo entre 2020 e 2024, revela estudo global

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 13/06/2025 às 11:04
O fim do ouro negro? Avanços na perfuração não impedem queda de 62% nas descobertas de petróleo entre 2020 e 2024, revela estudo global
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Apesar de avanços na perfuração, descobertas de novas reservas petrolíferas caem 62% em uma década e colocam o setor de petróleo e gás diante de um alerta estratégico global.

Um levantamento recente da Westwood Energy revela que, embora a eficiência na perfuração tenha aumentado nos últimos anos, o setor de petróleo e gás enfrenta um cenário de queda nas descobertas de grandes volumes de hidrocarbonetos. De 2020 a 2024, o volume de recursos encontrados em novas reservas petrolíferas caiu 62% em relação ao período de 2010 a 2014, mesmo com avanços tecnológicos e taxas de sucesso comercial mais elevadas.

Setor de petróleo e gás conta com menos poços perfurados, mais eficiência — porém menor volume descoberto

Segundo a pesquisa, a atividade de perfuração de alto impacto manteve média de 77 poços por ano entre 2020 e 2024, com variação inferior a 15%, apesar da instabilidade nos preços do petróleo e das incertezas relacionadas à demanda global. Em 2024, foram perfurados 75 poços de alto impacto, com 19 descobertas potencialmente comerciais somando 5,2 bilhões de barris de óleo equivalente — uma taxa de sucesso de 25%.

A performance é considerada eficiente, mas o tamanho médio das reservas descobertas encolheu. Entre 2010 e 2014, a média era de 545 milhões de barris por descoberta; entre 2020 e 2024, caiu para 320 milhões. Descobertas acima de 1 bilhão de barris tornaram-se raras, evidenciando a escassez de grandes oportunidades exploratórias.

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Participação das estatais cresce em meio à retração das supermajors

A Westwood aponta mudanças no perfil das empresas envolvidas. Em 2024, empresas estatais representaram 51% da participação nos poços de alto impacto e responderam por 67% dos recursos descobertos. Enquanto isso, as chamadas supermajors — grandes multinacionais do setor — registraram um desempenho modesto, com taxa líquida de sucesso de apenas 5%, alcançando uma única descoberta comercial entre 29 poços explorados.

Desde 2015, o número total de empresas engajadas nesse tipo de exploração caiu pela metade, indicando uma consolidação do setor em torno de grandes players públicos e privados com maior capacidade de investimento e apetite ao risco.

Perfuração avança para águas mais profundas com resultados limitados

Outro destaque do relatório é a expansão das atividades para águas ultraprofundas. De 2020 a 2024, 9% dos poços foram perfurados em lâminas d’água acima de 2.500 metros, contra 6% no período anterior. No entanto, a taxa de sucesso nesses locais foi de apenas 3%, com apenas um êxito entre 35 poços perfurados.

Os dados indicam possíveis falhas nos modelos geológicos utilizados e levantam dúvidas sobre a viabilidade da perfuração em ambientes tão desafiadores, mesmo com tecnologias avançadas. A queda em descobertas nesses contextos pressiona o setor a revisar suas abordagens exploratórias.

Queda na reposição da produção global de hidrocarbonetos preocupa setor de petróleo e gás

Apesar da estabilidade na quantidade de poços de alto impacto perfurados, a contribuição dessas novas reservas petrolíferas para repor a produção de petróleo e gás convencional caiu de 33% para apenas 11% em nível global. Isso significa que o ritmo de descobertas está muito aquém da expansão da produção, gerando um possível descompasso entre oferta e demanda futura, caso novas reservas petrolíferas de grande escala não sejam identificadas.

Essa tendência reforça a preocupação de que as oportunidades exploratórias de grande porte estão se tornando mais raras e menos acessíveis, ao mesmo tempo em que as empresas adotam uma estratégia de qualidade em vez de quantidade.

Expectativa para 2025 é de estabilidade nas atividades

A projeção para 2025 indica a conclusão de aproximadamente 75 poços de alto impacto, número compatível com a média dos últimos anos. A Westwood aponta que o setor está operando com metade da escala observada na década anterior, mas com maior foco, eficiência e dependência das grandes petrolíferas e estatais.

Jamie Collard, gerente de pesquisa de exploração da Westwood Energy, ressalta que a reversão na tendência de baixa nas descobertas exigirá ousadia: “Será necessário explorar novas bacias e conceitos geológicos, o que exigirá criatividade, novas tecnologias e disposição para correr riscos”, afirmou.

Setor deve equilibrar inovação e cautela diante das incertezas

O relatório sugere que o equilíbrio entre inovação tecnológica, estratégia empresarial e gestão de risco será fundamental nos próximos anos. A crescente demanda por segurança energética precisa ser compatibilizada com os desafios ambientais e econômicos, além das mudanças no comportamento do mercado global.

A queda em descobertas de grande volume levanta alertas sobre o futuro do setor, mesmo em um momento de maior eficiência na perfuração. O caminho para manter a viabilidade da produção de petróleo e gás pode passar por novos modelos de exploração, colaboração internacional e maior integração entre pesquisa geológica e investimentos em infraestrutura.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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