PIB deve recuar entre -0,2% e -0,5% no trimestre, devido ao ajuste sazonal e perda de dinamismo. Economistas realizam calibragem das projeções.
Nesta terça-feira (5), o IBGE vai divulgar os dados das Contas Nacionais, que devem confirmar a estagnação da atividade econômica no terceiro trimestre de 2023 em comparação ao segundo trimestre. A expectativa dos economistas e dos departamentos de análises de grandes bancos é de uma retração entre -0,2% e -0,5 para o **PIB** do 3º trimestre, na margem. O enfraquecimento da atividade agrícola e os serviços cambaleantes no período são responsáveis pelo comportamento.
Apesar disso, as projeções indicam que a **economia** ainda deve crescer entre 1,7% e 1,9% em relação ao mesmo período de 2022. Os números das Contas Nacionais são fundamentais para compreender o desempenho do **Produto Interno Bruto** e sua contribuição para o crescimento econômico do país.
Previsões para o PIB do 3º trimestre
A previsão de Andrea Damico, economista chefe da Armor Capital, é similar. Ela tem uma expectativa de -0,3% no trimestre contra trimestre, mas uma alta de 1,7 na comparação interanual. Ela lembra que essa estimativa foi piorando com o passar dos meses, uma vez que a Armor trabalhava com queda trimestral de -0,1%, mas os dados de atividade de varejo, serviços e indústria surpreenderam majoritariamente para baixo no período.
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A economista projeta que uma desaceleração de serviços devem mostrar estabilidade, enquanto a indústria terá um
respiro
, crescendo 0,5%.
O que mais vai contribuir para a queda (do PIB) é exatamente a agropecuária, que deve devolver uma parte da alta do primeiro trimestre
, disse.
Novas projeções para o PIB
Andrea também projeta que os investimentos devem vir praticamente estáveis e que o consumo do governo deve ter acelerado no trimestre, além de uma contribuição positiva do setor externo.
A Armor Capital também está esperando que a revisão dos dados anteriores do PIB, que também serão divulgadas nesta terça-feira, devem levar a algum tipo de calibragem das projeções para o ano, por enquanto mantidas em 3,1% em 2023 e 1,9 em 2024
Para a XP, a estimativa é de queda de 0,2% no PIB do 3º trimestre,
refletindo principalmente a dissipação do choque positivo da agricultura e a desaceleração da demanda doméstica do período
. Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, a estimativa é de um crescimento de 1,8%.
Impactos da economia no último trimestre
Em relatório, foi comentado que, após forte expansão na primeira metade do ano, o PIB parece ter perdido fôlego nos últimos meses.
Prevemos crescimento de 2,8% em 2023 e 1,5% em 2024.
Para a Genial Investimentos, o cenário é de perda de dinamismo da economia brasileira a partir do segundo semestre do ano, em função da política monetária ainda restritiva e do cenário de elevada incerteza em torno do desempenho da economia nos próximos meses, sobretudo devido ao levado risco fiscal
Projeções para a indústria e setor de serviços
A projeção do Itaú BBA é que o PIB do 3º tri tenha recuado 0,2% na margem, com ajuste sazonal. Na comparação anual, a expectativa é de um avanço de 1,9%. O banco diz que um dos destaques será a confirmação da desaceleração do setor de serviços, que via mostrar uma alta anual de 1,3%, bem abaixo dos 2,3% divulgados no 2º trimestre.
O PIB agropecuário também deve desacelerar, passando para um crescimento anual de 9,4%, ante uma alta que alcançou 17,0% no trimestre anterior.
Por fim, esperamos avanço interanual de 1,8% na indústria, ante 1,5% entre os meses de abril a junho
, segundo a análise do banco.
Aspectos diversos da economia e do PIB
Segundo no setor de serviços, a categoria de
outros serviços
, que inclui os serviços prestados às famílias, deve mostrar avanço de 1,5% na comparação anualizada, ante uma alta de 2,4% no 2º trimestre,
mostrando ainda alguma resiliência, diante do mercado de trabalho que continuou aquecido
.
Já para o comércio, a projeção é de quase estabilidade (-0,1% na métrica anual), resultado bem similar ao verificado nos meses de abril a junho.
Vale destacar o componente ‘serviços de transportes’, que registrou forte alta no primeiro trimestre, beneficiado pelo desempenho forte do agronegócio, mas que deve perder força ao longo dos últimos meses do ano
, diz o relatório do Itaú.
A perda de força do PIB da agropecuária será fruto, principalmente, da menor importância da safra de soja na contabilização do resultado do setor no segundo semestre do ano.
Projeções para a indústria e a demanda agregada
Para o PIB industrial, a estimativa é de alta de 1,8% na comparação anual, ante um crescimento de 1,5% no segundo trimestre, puxado pelo setor extrativo, que tem uma projeção de alta de 7,8%.
O destaque negativo será a indústria de transformação,
que deve recuar 0,7%, diante da demanda fraca e dos altos níveis de estoques, e para a construção, em meio à queda da produção dos insumos típicos e a desaceleração da massa salarial no setor
.
Do lado da demanda agregada, o Itaú ainda vêm dados fortes no consumo das famílias e nas exportações.
Quanto ao primeiro, estimamos alta de 2,6% em comparação ao mesmo período do ano passado. A resiliência do mercado de trabalho tem sustentado principalmente o gasto das famílias em serviços
, explicou o banco.
Previsões para o PIB e análise de mercado
Para a parte das exportações, a estimativa de crescimento anual de 10% feita pelo Itaú sofreu influência das safras do período, como também do forte desempenho da indústria extrativa de petróleo. A formação bruta de capital fixo, por outro lado, deve continuar registrando queda anual, diante do recuo tanto da produção interna de bens de capital quanto das importações.
Para o Santander Brasil, a contração esperada é de 0,4% no PIB do terceiro trimestre, uma revisão para baixo dos 0,3% de queda previstos antes.
Se nossa projeção estiver correta, isso implicaria no primeiro resultado negativo nas variações trimestrais desde o 2º trimestre de 2021
.
Recentemente, o FGV/Ibre antecipou em seu Monitor do PIB que o consumo das famílias deve apresentar sua nona variação positiva consecutiva no terceiro trimestre (a projeção é de 2,5%, embora em menor ritmo ante os trimestre anteriores. O relatório diz que isso demonstra a grande resiliência deste componente, apesar do ambiente de juros elevados e do alto grau de endividamento das famílias.
Para André Nunes de Nunes, economista chefe da Sicredi, é esperada uma leve retração no PIB do trimestre, de -0,1%.
Pelo lado da oferta, vai pesar uma retração da Agropecuária (-1,7%) depois de um primeiro semestre muito forte. Já pelo lado da demanda, esperamos uma queda dos investimentos de (-2,0%), muito em função dos efeitos do ciclo restritivo de taxa de juros.
Fonte: Info Money