Famílias brasileiras já destinam 10% da renda só para pagamento de juros. Dados do Banco Central revelam recorde histórico: lares no Brasil comprometem mais de um terço da renda com dívidas, sendo 10% da renda só para pagamento de juros.
As famílias brasileiras enfrentam um cenário preocupante: quase 10% da renda é consumida apenas pelo pagamento de juros, segundo levantamento do Banco Central divulgado pela Folha de S. Paulo. O número, que chegou a 9,86% em maio de 2025, é o maior da série histórica iniciada em 2005 e expõe a fragilidade da estrutura de crédito no país.
No total, 27,79% da renda das famílias é usada para quitar dívidas e juros, mostrando que os encargos financeiros representam mais de um terço desse peso. O dado coloca o Brasil em desvantagem frente a economias desenvolvidas, onde esse percentual é muito menor nos Estados Unidos, por exemplo, a média é de 8%, e no Japão, 7,8%.
Por que 10% da renda só para pagamento de juros?
O grande diferencial do Brasil em relação a outros países está na natureza do endividamento. Enquanto em nações desenvolvidas a maior parte das dívidas está ligada ao crédito imobiliário, que possui juros menores, aqui predominam cartões de crédito e empréstimos pessoais, com taxas altíssimas.
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O BC mostra que apenas 2,13% da renda familiar vai para financiamentos imobiliários. O restante, equivalente a 25,66%, está exposto a juros elevados, o que explica o custo excessivo para os lares brasileiros.
Juros altos e crédito em expansão
O problema se agravou nos últimos meses. Em junho de 2025, a taxa média do crédito pessoal atingiu 58,3% ao ano, o maior patamar desde maio de 2023. Ao mesmo tempo, o saldo de crédito com recursos livres cresceu 23,4% em dois anos, mostrando que mais pessoas estão recorrendo a empréstimos caros.
Especialistas alertam para o “sinal amarelo” no orçamento das famílias. Apesar de o emprego e a renda terem melhorado, o endividamento em curto prazo pressiona as finanças domésticas e aumenta o risco de inadimplência. O calote de mais de 90 dias já voltou a subir para 6,3% neste ano.
O impacto real no bolso das famílias
Segundo estudo da FecomercioSP, os gastos com juros cresceram 20,5% em 2024, enquanto a massa de renda avançou apenas 3,2%. Ou seja, o custo das dívidas cresce em ritmo muito superior ao ganho de renda.
Para o economista Estêvão Kopschitz, do Ipea, a solução não está apenas em mais educação financeira, mas em mudança de hábitos de consumo e na oferta de crédito menos abusivo. Ele lembra que operações como o consignado podem trazer alívio imediato, mas acabam reduzindo o consumo de longo prazo devido ao endividamento contínuo.
Brasil frente ao desafio do superendividamento
O cenário brasileiro contrasta com países ricos, onde o peso do crédito imobiliário é o dominante, trazendo estabilidade ao endividamento. Aqui, o uso de modalidades mais caras gera um ciclo de renda comprometida e crescimento limitado do consumo.
Apesar de iniciativas como o programa Desenrola, lançado em 2023 para renegociar dívidas, o alívio foi apenas temporário. A combinação de juros altos com crédito fácil mantém a pressão sobre os orçamentos familiares.
Os números mostram que 10% da renda só para pagamento de juros não é apenas estatística: é um reflexo direto do modelo de crédito caro e de curto prazo que aprisiona milhões de brasileiros. O desafio está em reequilibrar a estrutura de financiamento, incentivando modalidades mais sustentáveis e promovendo mudanças de comportamento financeiro.
E você, já sentiu no bolso o peso dos juros? Acha que o governo deve intervir mais para reduzir esse impacto ou cabe às famílias repensarem seus hábitos de consumo? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.
#dívidas
Mas isso não tem problema: de tempos em tempos o PAPAI faz feirão de perdão de dúvidas empurrando o spreed para cima da classe média (,essa sim a mártir que carrega o Brasil nas costas e não ganha perdão de nada).